Foi apenas o Slayer deixar a capital paulista que a chuva deu uma trégua. Coincidência? Bom, No creo en brujas, pero que las hay, las hay!
Isso posto, São Paulo (com clima de Love is in the Air) recebeu para uma mini-tour a virtuosa guitarrista Kaki King. Kaki quem?
Se você não conhece a dita cuja, fique tranqüilo. Eu a conheci há menos de dois meses lendo a revistinha de atrações do Sesc. Quando li que ela participou da trilha sonora do tremendão filme Na Natureza Selvagem, deduzi que não tinha como ser ruim.
Kaki King lançou seu 1º álbum instrumental em 2003, aos 24 anos de idade. Aos 26 já tinha feito história, por ser a primeira e única guitarrista feminina a constar na lista The New Guitar Gods da revista Rolling Stone, além de ser a mais jovem da lista.
Pra arrematar, ela gravou uma música junto com o Foo Fighters, chamada The Ballad of Beaconsfield Miners, do álbum Echoes, Silence, Patience and Grace, de 2007.
Ainda não te convenci sobre os predicados da moçoila? Tire suas próprias conclusões então.
O SHOW
O Sesc Belenzinho conta com uma grande estrutura e, como era de se esperar, o concerto teve ingressos esgotados nos dois dias de apresentações. O show foi no teatro, com as pessoas sentadas e com lugar marcado, coisa rara.
No palco apenas um banquinho e quatro violões à espera dos dedos da Kaki. A estrela da noite adentra ao palco com alguns minutos de atraso. Fala apenas um Good Evening e o nome da música a ser tocada Bone Chaos in the Castle. Pronto! A certeza se confirma! Vimos que ela realmente é diferenciada! Com vários tipos de técnicas, os violões são estraçalhadas, no bom sentido.
Kaki King mostrou ser muito simpática e meiga, além de estar surpresa com a recepção tão calorosa de nós, brasileiros. Conta diversos “causos” que lhe aconteceu em nossas terras e elogiando como nós gostamos de abraçar as pessoas.
Disse também que gostaria de ter nascido aqui no Brasil, e acredite, não soou nem um pouco falsa essa afirmação, tão banalizada pelos artistas do mainstream nas visitas em nosso país tropical.
Voltando ao show, os quatro violões devidamente descritos por Kaki, sendo um de sete cordas, feito especialmente para ela, e outro menor de 12 cordas. As músicas seguem, com as já clássicas Doing the Wrong Thing (do filmaço Na Natureza Selvagem), Ingots e Playing with Pink Noise.
Em um pouco mais de papo com a plateia, Kaki explica que sempre fazem a pergunta: “Como é para você, que é mulher, tocar violão?” e ela nunca soube responder, pois nunca tinha sido homem (entendeu?). E a única vez que sentiu dificuldade em tocar violão foi no casamento de sua irmã, porque teve que tocar com uma roupa de festa deveras desconfortável.
São executadas outras músicas, como Life Being What it is, Carmine Street, Brazilian, Jessica, Magazine e Andecy (cover de um artista chamado Andrew York). Para completar, toca também uma música nova, ainda sem título.
O final do show estava chegando e é anunciada a última música. O público faz o famoso “Aaahhh” do Jô Soares e Kaki faz um barulho para ficarem quietos e com os dedos sinaliza umas aspas, dizendo “Last Song”, deixando claro que ainda teríamos mais músicas e que era apenas o famoso “charminho” que os músicos fazem antes de voltarem para o bis.
No bis, Kaki tocou Zeitgeist acompanhada de outro músico, tocando trompete. E para fechar o show, Sunnyside, uma das poucas músicas cantadas do set.
Ela se diz muito agradecida pela recepção, que com certeza vai voltar ao nosso país e termina o excelente concerto. O público quer isso: reciprocidade do artista com a platéia. Um artista que mostra ter prazer de estar lá. Isso torna o show único.
Agradeço ao Sesc pela iniciativa e espero que aprontem, novamente, essas belíssimas surpresas.