Jorn – Live In America

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Alfredo, Alfredo de la Mancha, Delfos, Mascote, Alfred%23U00e3o, Delfianos

O excelente vocalista Jorn Lande, conhecido por muitos como um dos grandes rouxinóis da música pauleira, tem uma prolífica carreira, mas em boa parte dela, ele não passa de um ilustre cantor contratado. Ok, ele tem a sua carreira solo, mas ela fica em segundo plano, pelo menos neste duplo ao vivo, que conta com a maior quantidade de covers que eu já vi em um álbum que não seja exclusivamente de versões.

Além da carreira solo e das covers, temos também músicas das bandas pelas quais o sujeito passou, com destaque para Soulburn, do Masterplan. E, como não poderia deixar de ser, temos também os desnecessários solos de guitarra e bateria.

Mas falemos do que interessa: os covers. Ou pelo menos dos mais legais. Comecemos por Cold Sweat, na minha opinião a melhor música do excelente Thin Lizzy, e que já foi também coverizada pelo Helloween. Curiosamente – e para os protestos dos paga-paus de Jorn – a música ficou bem mais forte na voz do odiado Andi Deris. E, sim, isso também me surpreendeu.

Quando o CD chega em Straight Through The Heart, clássico do Dio, contudo, o troço chega a ser um pouco assustador. Isso porque a voz de Jorn está tão absurdamente parecida com a do baixinho que é impossível diferenciar os dois. Se ouvisse essa versão em qualquer lugar, discutiria com qualquer um de que é uma gravação ao vivo do próprio Dio. Se isso é bom ou ruim, você decide, mas é claro que ser comparado a alguém desse calibre não é uma ofensa para ninguém.

Outra cover que é difícil de diferenciar das originais é um medley do Whitesnake, o que não chega a ser muita novidade, já que Jorn sempre foi comparado ao Mr. Coverdale. O medley conta com Come On, Sweet Talker, Crying in the Rain, Here I Go Again e Give Me All Your Love.

A cover mais surpreendente, contudo, é Perfect Strangers, talvez a melhor música do Deep Purple (esse “talvez” é porque não consigo me decidir se gosto mais dela ou da Burn). A surpresa fica no fato de que a interpretação vocal do nosso amigo deixou a dever. O mais estranho é que o cara consegue mandar ver em coisas muito mais complicadas, gravadas por pessoas como o próprio Ronnie James Dio ou David Coverdale, mas não consegue mostrar serviço em algo originalmente cantado pelo Ian Gillan? Provavelmente isso se deve ao fato de que o timbre de Jorn é naturalmente sujo, assim como os de Ronnie e David, e diferente da voz mais natural do Ian.

O setlist ainda conta com faixas como We Brought The Angels Down, Blacksong e Duke of Love, mas admito que essas músicas do próprio Jorn não me apetecem muito. Falta a alegria e empolgação características de um bom Rock nelas. Se você gosta bastante de Black Sabbath, talvez goste mais delas do que eu.

Completam o segundo disco três faixas extras de estúdio: Out to Every Nation (também presente em versão ao vivo), um medley do Black Sabbath, juntando duas músicas da fase da banda com o Dio (Lonely is the Word e Letters From Earth) e, finalmente, uma música secreta chamada Sacrificial Feelings.

Mas cuma? Pois é, caro delfonauta, essa faixa não está creditada em nenhum lugar do disco, mas ela existe, e foi esse o nome que o meu iTunes deu para ela quando eu fui ripar o CD. Como o programa nunca mentiu para mim, resolvi acreditar nele. A faixa em questão, contudo, é meio estranhuda, sobretudo na sua gravação. Apesar disso, ela lembra bastante os momentos mais pesados do Whitesnake, e isso é bom.

A nota final deste review seria 3,5, mas me senti obrigado a tirar meio ponto dele por causa do título. Ora pois, se já não gosto quando vejo os estadunidenses se referindo ao seu país como América, é pior ainda quando alguém de fora faz isso. E o Jorn é norueguês, cacilda! Ele tem a obrigação de saber da existência das três Américas e de diferenciá-las (ok, os EUA também têm essa obrigação, mas eles provavelmente são burros demais para perceber isso). E está claro que ele não se referiu ao continente inteiro, já que a capa traz a bandeira dos States. Como nosso amigo rouxinol não só não é estadunidense, como ainda trabalha com comunicação, é mais do que justo tirar nota dele por causa disso. Aliás, deveria ter tirado bem mais, mas hoje estou me sentindo bonzinho.