Devo dizer que não estava nem um pouco ansioso para assistir a este filme. Apesar da tonelada de vídeos, fotos e outros materiais promocionais de John Carter: Entre Dois Mundos que inundaram os veículos nerds nos últimos meses, consegui passar incólume. Tudo que havia visto no período foi um trailer quando fui assistir 2 Coelhos. E, pra piorar, o achei bem sem graça.
Claro, é baseado na obra de Edgar Rice Burroughs, mais conhecido por ter criado o Tarzan, e dirigido por Andrew Stanton, responsável pelos tremendões Procurando Nemo e Wall-E, aqui em sua primeira incursão num longa live action. Mas eu sequer sabia desse último fato, tamanho meu desinteresse.
E não é que a ignorância às vezes compensa? Acabei tendo uma agradável surpresa ao me deparar com um filme bem divertido. Mas estou passando o carro na frente dos bois, afinal, já estamos no terceiro parágrafo e eu sequer dei a sinopse. Vamos corrigir isso.
John Carter é um veterano amargurado da Guerra Civil dos EUA. Tudo que ele quer é encontrar uma caverna cheia de ouro e ficar podre de rico. Ao invés disso, ele acha uma caverna com um sujeito estranho e um amuleto e acaba indo parar em Marte.
Logo descobre que seus ossos mais densos e a diferença de gravidade lhe dão superforça e a capacidade de dar longos e altos saltos. Legal, não? Aliás, isso me lembrou bastante o Superman em suas primeiras histórias do final da década de 1930, quando esses eram justamente os seus poderes.
Obviamente, ele vai se meter em altas confusões do barulho com os marcianos nativos e entrar de gaiato numa guerra entre duas tribos rivais, tudo isso enquanto tenta encontrar um meio de voltar para a Terra. E, claro, também vai dar uma de Capitão Kirk e tentar conhecer uma princesa marciana mais a fundo, se é que você me entende.
O filme, como disse, é bastante divertido, mesmo sem apresentar rigorosamente qualquer novidade. É a típica jornada do herói relutante, mas nesse caso funciona bem. Os cenários e os veículos são muito bem desenhados, há bastante ação e os efeitos especiais, especialmente na criação das criaturas exóticas de Marte, são de primeira. A película também conta com um bom elenco, embora muitos dos nomes famosos, como Willem Dafoe e Samantha Morton, apenas emprestem suas vozes para personagens digitais.
Ele também é engraçado em vários momentos, o que só contribui para o entretenimento. Claro, há defeitos. Um pouco menos de previsibilidade na história e na condução da narrativa seria bem-vindo. Além do mais, o protagonista Taylor Kitsch exagerou um pouco na interpretação estilo “sou um sujeito soturno”, especialmente no começo, quando ainda está na Terra. Nessas cenas ele soa como um Batman sem a fantasia de Homem-Morcego.
Para completar, ele se estende além da conta e, depois de uma gigantesca batalha que serviria muito bem como conclusão da história, ainda tem mais um pouco de filme. Isso acaba sendo um tanto anticlimático. Poderiam ter optado por encerrar num ponto mais alto, mas preferiram amarrar algumas pontas da história que, sinceramente, nem precisavam desse desfecho.
Ainda assim o resultado final é bastante positivo. Um filme divertido e despretensioso, que mira no público fã de ação e fantasia com toques de ficção científica. Se você se encaixa nessa descrição, vale a ida ao cinema.