O diretor James Wan, ao lado do roteirista e ator Leigh Whannell, são as mentes criadoras da espetacular série Jogos Mortais. E, como o delfonauta dedicado já sabe, eu sou um grande fã de todos os episódios, e considero apenas a segunda e a última parte como os elos fracos. Pois é, todos os outros que eu resenhei levaram Selo Delfiano Supremo. Surpreendente, não?
Este, no entanto, parece ser um daqueles casos em que alguém cria uma coisa muito boa e nunca mais consegue igualá-la em qualidade. Após Jogos Mortais, Wan e Whannell ainda fizeram juntos o desconhecido Gritos Mortais e o genérico Sobrenatural. Invocação do Mal não tem participação de Leigh, mas é dirigido por Wan, e é mais um filme de terror sobrenatural. E isso, amigo delfonauta, me leva a um adendo.
UM ADENDO
Caramba, fazia tempo que não saía um filme de terror, não? Curioso com esse dado, fiz uma busca aqui no DELFOS por terror e a última resenha do gênero que eu escrevi foi A Casa Silenciosa, e isso faz mais de um ano.
Depois disso, tivemos resenhas de Mama, A Morte do Demônio e O Último Exorcismo Parte 2, mas elas foram escritas pelo Cyrino ou pela Joanna e eu não assisti a nenhum dos três, então, para todos os efeitos, é como se eles não existissem. =)
Agora voltemos à nossa programação normal.
PROGRAMAÇÃO NORMAL
Aqui conhecemos o casal Warren, demonólogos, interpretados pelo Patrick Wilson (o Coruja) e pela Vera Farmiga (a mãe do Norman Bates). E o início do filme é bem bacana, ao mostrá-los entrevistando umas meninas que estão sendo assombradas pela boneca possuída que aparece em alguns dos pôsteres deste filme. Tudo indica que essa será a história que veremos, mas daí o foco muda para uma outra família, que começa a sofrer ocorrências estranhas em sua nova casa.
Você conhece a ladainha. Vultos, pernas sendo puxadas, batidas nas paredes. Tudo tirado do livro “Terror básico para iniciantes”. O filme fica uma hora nisso, e essa primeira hora é um suplício, pois além de óbvio, ele não economiza nos sustos do tipo “bu!”. Aliás, tem um “susto bu” que é, literalmente, um dos personagens falando “Bu!”. Inovação, delfonauta!
Quando finalmente os demonólogos voltam a aparecer e a segunda hora começa, o filme engrena. A partir daí, temos algumas explicações semi-científicas, ou pelo menos lógicas, para os acontecimentos místicos, e isso diferencia o longa da maior parte dos filmes de fantasmas que se limitam a fazer um gato atravessar a câmera ao som de violinos dissonantes.
Dentre essas explicações, tem uma que detalha o processo de possessão, e assim consegue lançar uma luz sobre a dúvida que assombra a nossa pequena Joanna desde que ela tem idade suficiente para assistir a filmes de terror: por que os demônios sempre possuem menininhas, e nunca um negão musculoso? Se você quer a resposta sem precisar pagar o ingresso, selecione o espaço em branco abaixo.
Antes da possessão em si, segundo o roteiro do filme, as entidades demoníacas precisam enfraquecer bastante o seu alvo através de sustos e outras atividades paranormais tradicionais. Para facilitar seu trabalho, eles costumam escolher o indivíduo psicologicamente mais fraco à disposição. O filme não explica com todas as letras, mas a partir daí, podemos deduzir que é por isso que os demônios costumam escolher garotinhas indefesas, e não o The Rock. Afinal, se um The Rock possuído realmente daria mais medo do que a irmã do Dexter, um demônio não precisa dos músculos físicos para ter força, então faz mais sentido escolher o alvo mais fraco mesmo.
Voltando ao que interessa, embora o filme se torne realmente legal durante a sua segunda hora, ele ainda se rende a alguns clichês do gênero. Notadamente o fato de que quem está em perigo são sempre as crianças. Como todos nós sabemos que ser criança é sinônimo de invulnerabilidade em Hollywood, é claro que nada de ruim acontecerá a elas, o que diminui sobremaneira o impacto de todas as cenas de medo. Sobra o casal Warren, suas explicações e suas interessantes formas de diagnóstico sobrenatural, e é justamente isso que vale o filme.
Caso toda a história fosse focada no casal Warren, a nota seria deveras superior. Inclusive, eu adoraria ver um spin-off do tipo “Casal Warren: Matadores de Demônios”. Este não é tão promissor, no entanto, e eu sofri tanto durante a primeira hora que fiquei em dúvida se um filme que quase causou meu suicídio merecia três Alfredos, mesmo melhorando bastante na segunda metade. Mas daí comecei a pensar que se eu me suicidasse no cinema, de acordo com a lógica do roteiro, provavelmente minha alma ficaria presa lá, assombrando o local, e isso daria um prejuízo considerável para o Cinemark. Este seria um final bem legal para a minha história, então baseado nisso, resolvi manter a nota. O Cinemark que se prepare, pois minha alma está chegando! Bwa-haha!
CURIOSIDADES:
– Invocação do Mal estreia no Brasil em 13 de setembro de 2013. No mesmo dia, estreia nos EUA o próximo filme dirigido por James Wan, Sobrenatural: Capítulo 2.
– Está curioso para saber quando Invocação do Mal estreou nos States? 19 de julho de 2013. Pois é, parece que o japinha anda bem prolífico, afinal, ele já está trabalhando em Velozes e Furiosos 7, que estreia em 2014.
LEIA TAMBÉM:
– Jogos Mortais – O Final: e daqui você pode ler todas as outras resenhas da série.
– Sobrenatural: o outro filme do James Wan e de Leigh Whannell.