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Nessa coisa maravilhosa chamada cultura pop, existem poucas unanimidades. Poucos personagens que agradem tanta gente, desde o sujeito que apenas gosta de assistir televisão, até o nerd mais cheio de referências.
Assim de cabeça me lembro de dois adorados por praticamente todo mundo. Um é o Seu Madruga, o qual também merece um dia agraciar nossa sessão Tremendões com sua presença. O outro é o tema da matéria de hoje. Trata-se do patriarca da família mais famosa dos desenhos animados: Homer Simpson, o mito, a lenda e um dos meus heróis pessoais!
Nascido Homer J. Simpson (o J. significa Jay, jota em português) na cidadezinha de Springfield (que ninguém sabe exatamente onde fica, pois existem várias nos EUA), Homer foi criado sozinho pelo pai, Abraham “Vovô” Simpson, depois que sua mãe, uma militante política, teve de fugir da cidade para não ser presa.
Já na adolescência, Homer conheceu seu melhor amigo, Barney Gumble, e juntos tomaram sua primeira cerveja Duff, uma das paixões de sua vida. Outra de suas paixões ele veio a conhecer no colegial. Marge Bouvier. Eles namoraram, casaram e tiveram três filhos, Bart, Lisa e Maggie (ou “aquela menorzinha” como ele gosta de se referir a ela).
E foi com a chegada dos filhos que o imaturo Homer teve de assumir mais responsabilidades, algo que convenhamos, com seu intelecto desfavorável, não é muito recomendável. Para sustentar a família, Homer teve de arranjar um emprego na Usina Nuclear de Springfield, comandada pelo malvadão C. Montgomery Burns. Com o tempo, nosso herói foi promovido a chefe de segurança nuclear, algo muito estranho, considerando que a maioria dos acidentes no local foram causados por ele.
Mas aí você pensa: certo, ele casou, teve filhos, comprou uma casa no bairro Terraço Sempre Verde e arranjou um emprego bacana. Agora é só levar uma vidinha tranqüila, correto?
Não exatamente. A princípio, Homer tentava ser um pai de família responsável, mas na medida em que novas temporadas de Os Simpsons iam surgindo, o personagem ia ficando cada vez mais burro. E mais burrice invariavelmente gera novas confusões.
Aliás, um dos episódios mostra que sua burrice na verdade era causada por um giz de cera alojado no seu cérebro. Depois de removido, ele vira um gênio, mas não agüenta a pressão da sociedade em cima dos inteligentes e volta a inserir o objeto pelo nariz até o cérebro, recuperando sua abençoada burrice.
E foi assim, cada vez mais tapado, que Homer atacou de astronauta, jogador de futebol americano, guarda-costas do Mark Hammil (o Luke Skywalker em pessoa!) e até produziu um filme com o Mel Gibson, entre outros grandes momentos. Tudo isso culminando no meu momento favorito: Homer, um entusiasta de donuts (as populares rosquinhas), na fissura por um de seus adorados confeitos, vende sua alma ao diabo por uma rosquinha, sendo sentenciado a passar um dia no inferno, antes que Marge consiga salvar sua alma.
Ah, e ele também ataca na música. Ele já teve uma banda, os Bem Afinados (Be Sharps em inglês), numa paródia hilária aos Beatles, já participou de um festival itinerante ao estilo Lollapalooza, ao lado de nomes como Smashing Pumpkins, Sonic Youth, Peter Frampton e Cypress Hill e até já teve aulas de Rock com Mick Jagger, Lenny Kravitz, Elvis Costello e Tom Petty.
Vale um destaque também para suas viagens, em geral para o exterior. Em seu passaporte, há carimbos da Austrália, Japão, China, Canadá, Inglaterra e até mesmo do Brasil, onde no Rio de Janeiro, nosso herói passou pela experiência de sofrer um seqüestro-relâmpago.
Empregos e situações bizarras à parte, o fato é que o Sr. Simpson é um simplório. Tendo uma latinha de cerveja Duff numa mão e uma rosquinha na outra ele já está contente. Também se dedica muito aos seus hobbies, ver televisão e freqüentar a Taverna do Moe, onde, com o perdão do trocadilho, costuma tomar porres homéricos.
No quesito “criação dos filhos” não é lá um pai muito interessado, deixando a educação dos pequenos com a esposa. O máximo que ele faz é esganar Bart quando este lhe sacaneia e berrar para a Lisa parar de tocar o maldito saxofone. E tem a Maggie, cujo nome ele vive esquecendo.
Inimigos? Sim, até mesmo um tremendão como Homer tem seus desafetos. Entre eles o vizinho certinho Ned Flanders (que considera Homer um grande amigo) e suas cunhadas Patty e Selma, que vivem lhe criticando.
Vale lembrar, Homer também tem um longo histórico de ferimentos, tendo caído de skate na Garganta de Springfield e usado sua cabeça constantemente como amortecedor. E saído vivo de todas essas situações. O cara é simplesmente mais indestrutível que o Superman!
E as suas principais expressões já são clássicas. Quando está feliz, costuma soltar um gritinho de “uh-huh”. Quando se dá mal, manda um sonoro e engraçadíssimo “d’oh!”. Agora que os principais fatos da vida do grande Homero foram apresentados, convêm um pouco de explicação fora do âmbito fictício.
Homer Simpson é adorado e icônico na cultura pop porque ele é a representação perfeita do homem de classe média nos tempos modernos. E não apenas dos homens estadunidenses. Com a globalização, é possível encontrar alguns Homers bem perto de você.
Através do humor, o personagem é na verdade uma grande crítica ao sujeito comum que deixa a educação dos filhos com a esposa e prefere ficar no bar a com a família. É o cara que mata todo seu tempo livre assistindo porcarias na TV ao invés de procurar se desenvolver mais intelectualmente. E é o cara que, mesmo sem saber na maioria das vezes o que está fazendo, eventualmente acaba se dando bem. Vai dizer que você não conhece ao menos uma pessoa com algum desses traços?
Não à toa, Homer e sua família geraram até um livro intitulado Os Simpsons e a Filosofia. E o personagem gerou até polêmica aqui no Brasil. E não foi pelo episódio onde ele visita o Rio. Numa palestra, o jornalista William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, explicou como os profissionais da rede Globo tratam a apresentação das notícias para os telespectadores. Basicamente, ele disse que é preciso passar as notícias para eles (os espectadores) como se fossem um bando de Homers Simpsons. Ou seja, é preciso explicar tudo no nível básico, diluído, para não desviar a atenção.
Essa declaração gerou muitas críticas indignadas, afinal, ser tratado como um Homer Simpson é ser tratado como um semi-retardado, onde você precisa lhe explicar que dois mais dois é quatro. Bonner teve que responder às críticas, dizendo que foi mal interpretado e que não foi exatamente isso que quis dizer na ocasião.
Temos então um personagem de ficção que pode ser visto apenas nesse nível, onde é um dos melhores já criados pela televisão, e garantia de boas gargalhadas, mas também capaz de propiciar discussões mais sérias, unindo entretenimento com boas mensagens, como todo bom Humor Nonsense, capaz de gerar debates muito produtivos. Isso sim é ser tremendão. Por isso, nós do DELFOS saudamos Homer Simpson como a mais nova personalidade a figurar dentre nossa seleção da nata da cultura pop. Longa vida a Homer, mais que um tremendão, um exemplo a ser seguido!
Momento mais tremendão: O episódio de Dia das Bruxas onde ele vende sua alma por uma rosquinha é a síntese de tudo que o personagem tem de bacana. Outro episódio, onde ele explica porque não tem fotos de Maggie em casa (todas elas estão penduradas em sua sala na Usina Nuclear, para motivá-lo a continuar no trabalho do qual ele não gosta. Junto delas, há a frase: “Faça isso por ela”), mostra um lado mais sensível. Esse episódio sempre me emociona.
Momento menos tremendão: Nas primeiras temporadas ele era responsável e bem mais inteligente. Só quando o personagem começou a fazer bem mais sucesso que o Bart (a princípio o astro da série) é que os roteiristas foram deixando-o mais burro e sem noção, do jeito que gostamos hoje em dia.