Quando eu estou analisando os lançamentos vindouros de games para escolher quais vamos cobrir no DELFOS, eu costumo assistir vídeos e entrar nos sites oficiais. Poucos jogos foram do status “nunca ouvi falar dele” para “eu preciso jogar isso” tão rápido quanto Hob.

Descrito pela Runic Games como uma aventura não verbal, ele traz tamanho estímulo visual que, por si só, torna seu mundo e sua história intrigantes e altamente exploráveis. Quer dizer, olha só que coisa mais bonita!

Hob, Delfos

Admito, eu quis jogar Hob só pelo visual. Eu mal sabia como era o jogo ou exatamente o que esperar dele. Felizmente, você não precisa ir cego. Nesta resenha, eu te conto tudo, e digo: você precisa jogar isso.

DARKSIDERS + RIME + ICO = HOB

Se você tem um gosto para games semelhante ao meu, a fórmula acima deve ter colocado saliva na sua boca. E não é para menos. Estes são os jogos que me vieram à mente, e são todos ótimos.

De Darksiders, temos a exploração envolvida. Quando você termina um dungeon ou uma área, você sai dali satisfeito, realmente sentindo que “resolveu” o lugar. De Rime, temos o visual e o clima. Por fim, de Ico, a narrativa não verbal.

Digo mais, tem um pouquinho de Dark Souls aqui também, mas não se assuste, não me refiro à dificuldade, mas à exploração e ao layout caprichado do mundo. É comum, por exemplo, você encontrar uma porta fechada e muito tempo depois conseguir abri-la do outro lado, criando um muito bem-vindo atalho.

Hob, Delfos
Cada cenário é um desafio esperando para ser solucionado.

Inclusive, uma coisa que torna “resolver” Hob tão satisfatório é o fato que o mundo vai literalmente sendo montado conforme você avança. Placas tectônicas sobem e descem, criando novos caminhos e abrindo novos puzzles. É realmente impressionante.

COMBATE

Hob, Delfos
Vencendo sem lutar.

Pode parecer que Hob é um jogo pacífico, uma simples sequência de puzzles, mas não é o caso. Ele tem combate, e é um combate divertido, ainda que não seja o foco do jogo. Você tem uma espada e uma luva que dá socos poderosos e pode combinar os ataques para vencer os desafetos.

Como um bom metroidvania, há vários upgrades, mas eles são bem mais úteis na locomoção do que no combate. Você terá, por exemplo, um gancho, que até pode ser usado para arrancar escudos dos inimigos, mas que será muito mais útil para subir naquelas plataformas difíceis de alcançar.

Hob, Delfos
Tamanho não é documento. Diz o baixinho.

Basicamente, há inimigos com escudos e armaduras, que podem ser quebrados com um socão da sua luva ou com outras habilidades, e outros vulneráveis a ataques simples de espada. É um combate simples e eficiente. Ninguém vai empacar nas lutas de Hob, mas são uma boa quebra de ritmo. Nada como brigar um pouquinho para fazer uma pausa da exploração.

CONTRA A CORRUPÇÃO

Embora Hob seja totalmente não verbal (tirando o menu, não há nada escrito ou falado no jogo), boa parte dos seus objetivos envolve destruir uma gosma rosa, que é o que a maioria dos games costuma chamar de corrupção. Esta “corrupção” bloqueia caminhos e impede máquinas de funcionarem, então sempre vale explorar novamente os cenários após se livrar dela.

Hob, Delfos
Tudo que o olho alcança está corrompido.

Durante boa parte do jogo, você vai seguindo um caminho relativamente claro. Nem sempre seu objetivo está marcado no mapa, mas sempre há uma parte clara a ser explorada. E durante isso, que corresponde a boa parte da duração, eu não me conformava com o quanto estava gostando do jogo.

Infelizmente, este é um dos casos em que o game se estende mais do que deveria. Chega uma hora que seu objetivo é voltar para áreas já exploradas e inundá-las com água, abrindo assim novos caminhos. Estes caminhos, no entanto, não são novas áreas ou dungeons, mas apenas um pedacinho de terra novo, onde normalmente está seu objetivo.

Esta parte se estende durante um bom tempo. Basicamente, você vai passar de novo por quase todo o mundo, e é bem menos interessante explorar tudo pela segunda vez em busca de um pequeno e curto novo caminho.

Hob, Delfos
Uma pausa para morgar.

Este backtracking acabou sendo o principal responsável pela nota do jogo não ter sido tão alta. Para piorar, depois de inundar o mundo inteiro, seus objetivos simplesmente somem e você fica sem saber o que fazer. Uma dica se você estiver nessa parte é lembrar que seu objetivo é acabar com a “corrupção”, mas é sempre chato ficar empacado em um jogo, especialmente em um que tem um mundo deste tamanho.

Outro problema, desta vez técnico, é que há dois troféus que deveriam ser destravados dependendo de sua escolha no final do jogo. Eu tentei fazer ambos os finais e nenhum deles destravou. Provavelmente é algo que será patcheado no futuro, mas no momento em que escrevo isso, ainda está quebrado.

HOB

Apesar de perder um pouco do gás em sua reta final, Hob ainda é um jogo muito legal, que deve ser jogado por qualquer um que se interesse por metroidvanias e câmera isométrica.

Hob, Delfos

Trata-se de um jogo lindo e divertido, daqueles que dá vontade de explorar cada canto. Pena que ele obriga você a explorar tudo mais de uma vez. Assim, não é perfeito, mas ainda é impressionante.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
hob-lindeza-isometricaDisponível: PS4, PC<br> Analisada: PS4<br> Desenvolvedora: Runic Games<br> Editora: Runic Games<br> Lançamento: 26 de setembro de 2017<br> Gênero: Metroidvania isométrico coisinha linda<br>