Guns N’ Roses – Chinese Democracy

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Desde o álbum The Spaghetti Incident?, de 1993, o futuro dos “pistolas e rosas” seguiu totalmente incerto. Muito se especulava durante as turnês que Axl Rose faria um line-up totalmente diferente dos bons tempos de Appetite For Destruction e Use Your Illusion. Finalmente, após 15 anos, o GN’R lança um novo trabalho de estúdio: Chinese Democracy, com possui algumas músicas boas, mas que não valeu pela espera.

O álbum começa com a faixa-título, que possui um pouco de reverb e efeitinhos na voz de Axl. É uma música boa, com boa letra. Tem um bom solo de guitarra de Bumblefoot, mas sem “aquela identidade” com os trabalhos antigos, apesar do line-up de Axl ser muito competente. Shackler’s Revenge é horrível e bem esquisita; por isso está nas rádios. Tem muitos toques de Industrial” no meio do Hard Rock, que são imiscíveis. Quem ouvir percebe que há uma voz irritante após o refrão que acaba com o (resto) que prestava.

Então vem Better, que é bem moderna e muito boa. É nessa que percebemos o quanto Axl força sua voz, que ainda persiste contra a ação do tempo. Não possui nenhum efeito no instrumental, tem ótimo refrão, guitarras bem trabalhadas e já está nas rádios (só podia). Street Of Dreams é uma balada que, totalmente diferente de The Blues, segue com bons teclados e guitarras bem afinadas para a ocasião. Preenche a falta de algo semelhante aos trabalhos antigos (mas passa longe de petardos como November Rain). Termina com um toque de teclado forte junto à voz de Axl, encerrando muito bem a música.

If The World tem um instrumental confuso, com violões e baixo. Tem ótimos teclados (bons mesmo!) e a letra não é nada mal, mas aparenta ser um pouco “insossa” pela falta de dinâmica entre Axl e o instrumental. Em seguida, vem There Was A Time, que conta com uma orquestra sintetizada. Tem uma boa dinâmica entre a guitarra e a bateria, apesar da “orquestrinha” ter bastante destaque. O refrão não me agradou, mas o resto da letra se encaixa perfeitamente. Tem algumas distorções e solos de guitarras que dão algo a mais. É uma das melhores do álbum.

Catcher In The Rye é uma semi-balada, com uma pegada muito fraca, mas que revela um bom (mas lento) instrumental com presença eminente dos pianinhos. Scraped é boa pelo refrão e por ter uma pegada mais pesada do que em Catcher. Axl canta mais normalmente nessa, sem forçar a voz demais, mas até que se sai bem. Riad N’ The Bedouins começa com uns sintetizadores e passa imediatamente para a voz de Axl, com umas boas sacadas de baixo e bateria elétrica. Possui uma letra um tanto esquisita, mas passa despercebida pelos solos de guitarra e pela boa bateria, que resolvem tudo. Algo que danifica um pouco a música é a presença dos benditos sintetizadores, que fazem “tzim-zim-uzz” e não têm nada a acrescentar.

Logo vem This I Love, é uma ótima balada e um destaque do álbum. Sua letra é ótima e tem um solo de guitarra com bastante feeling para quebrar o calmo piano. Foi totalmente escrita por Axl, que destacou o piano e o teclado. Os vocais de Sorry são divididos por Rose e Sebastian Bach, que executaram muito bem o dueto. Bach havia até dito que “os backing vocals limpos de Axl lembram Doom Metal”. Apesar de monótona, lenta e maçante, Sorry tem um ótimo instrumental. I.R.S. chega com Axl e uns efeitos de mixagem. Tem um pouco a ver com Scraped, mas com mais potência na voz. A partir desse ponto, o disco se torna um tanto cansativo.

Madagascar começa alguns pontos de orquestra comandada por Paul Buckmaster. Nessa, os vocais não estão bons, mas o instrumental está, com as guitarras baixas e presença ativa da bateria. Há samplers de Martin Luther King Jr. e dos filmes “Mississippi Burning” e “Cool Hand Luke”, que dão algo interessante à música. O álbum termina com Prostitute, que possui o melhor trabalho de guitarras do álbum, mas alterna muito, com picos de pegada mais pesadas e outros bem leves. Foi uma péssima escolha para encerrar o álbum.

Resenhar Chinese Democracy é um desafio. Está longe do “tempo áureo” da banda. A espera não valeu a pena pela baixa qualidade das músicas e uma incessante vontade de Axl de esquecer suas raízes em músicas insossas. Chinese Democracy está mais para um álbum solo de Rose e, quem conhecer GN’R aqui não saberá que a banda já dominou o mundo com a performance e talento que só Adler e Slash têm, por exemplo. Não que o line-up atual seja incompetente, só não apresenta o mesmo carisma. Chinese Democracy não é “venenoso” nem o “Rock and Roll do ano”, como dizem os jornalistas. É confuso e, pelo tempo e dinheiro gastos, poderia ser bem melhor.

Leia amanhã uma resenha positiva deste álbum.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
guns-n-roses-chinese-democracyAno: 2008<br> Duração: 71:25<br> Número de Faixas: 14<br> Produtor: Caram Costanzo e Axl Rose<br> Gravadora: Geffen<br>