Ghostbusters, o game de 2016

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O novo filme dos Caça-Fantasmas estreou semana passada e agradou com seu jeitão descontraído e bem-humorado.

Também na semana passada, saiu o fatídico jogo licenciado, um twin-stick shooter com visão isométrica e planejado para ser jogado em quatro pessoas. Eu joguei, e isso é o que achei (para melhores resultados, imagine que eu falei isso como se estivesse cantando rap).

QUEM VOCÊ VAI CHAMAR?

A história do game acontece depois da do filme. As moças que conhecemos estão em uma missão, e uma nova equipe de Caça-Fantasmas está de plantão para resolver os problemas fantasmagóricos da cidade.

Estes quatro novos caçadores de assombrações se diferenciam pelas suas armas de escolha. Um deles, o que mais gostei, usa um rifle automático. As duas moças utilizam uma escopeta e dois revólveres respectivamente (a da escopeta tem um excelente dano, enquanto a do revólver é a piorzinha), e o grandão usa uma minigun, que é muito menos poderosa do que você deve imaginar. Eles também se diferenciam pelas granadas, mas na prática todas elas fazem algo como deixar os inimigos mais lentos ou imobilizados por alguns segundos.

Tirando isso, e o visual, é claro, são iguaizinhos, inclusive com as mesmas árvores de upgrades. É até curioso o fato de que a Activision está divulgando Ghostbusters como um RPG de ação, quando ele é um jogo de ação bastante simples. Nível franquia Lego de simples.

Você até destrava algumas skins ao longo do jogo, mas elas não afetam as estatísticas dos personagens, são apenas visual. Além da arma padrão de cada personagem, não há outras armas, nem power-ups nem nada que coloque qualquer nível de profundidade.

Veja, não digo isso de forma negativa. Nem todo jogo precisa ser um RPG, e o gênero twin-stick shooter é um que particularmente me agrada muito.

PORÉM…

A questão aqui é que Ghostbusters simplesmente não empolga. Seu andamento é lento e metódico, o que também não é um problema, mas considerando quão longas são as fases, você sem dúvida vai ficar de saco cheio daquele chefe que demora 10 minutos para perder toda a energia.

O que é um problema é a falta de variação de cenários e de inimigos. Não só eles te colocam em lugares padrões de videogames (cemitérios e esgotos, por exemplo), há poucos deles e duas fases em cada um, sendo que cada uma dura de 40 a 50 minutos.

O visual é até bacana, com um jeitão cartoon simpático e músicas que poderiam estar no desenho dos anos 80, porém o level design é bem pouco inspirado. Você anda constantemente pelos mesmos corredores, parece até que está andando em círculos. Se o jogo não tivesse um “guia” que te mostrasse o caminho, seria muito fácil ficar sem saber para onde ir após uma batalha mais pesada.

O climão de Caça-Fantasmas vem quando você encontra alguns fantasmas mais poderosos que são capturáveis. Depois de esvaziar toda a energia deles, você deve trocar para a arma de próton tradicional e cumprir um minigame que vai terminar com você jogando a armadilha e prendendo o fantasminha.

Na primeira fase, parece que isso será algo que vai aparecer apenas nos chefes, e eu até pensei que eles poderiam ser mais frequentes, uma vez que são o momento de ação mais próximo dos filmes. Porém, eles de fato se tornam tão frequentes, com dezenas de fantasmas capturáveis por fases, que você começa a valorizar quando o inimigo tem a decência de morrer apenas com tiros, sem precisar da armadilha.

UM POR TODOS…

Temos aqui um jogo pensado para ser jogado em cooperativo. E APENAS em cooperativo. Manja aquele Ratchet & Clank: All 4 One de alguns anos atrás? É por aí. Infelizmente, ele não possibilita que você jogue com genéricos online, e são poucas as pessoas que têm quatro controles em casa.

Eu cheguei a jogar com dois jogadores (só tenho dois controles) e o jogo realmente melhorou muito. O minigame da armadilha, por exemplo, fica bem mais dinâmico com mais gente, além de que o fato de você poder conversar com alguém enquanto joga o torna menos entediante.

Pois é, talvez seja esta a palavra que melhor define este jogo. Ele não é exatamente ruim. Ele é entediante. Você até se diverte por alguns minutos quando roda o jogo, mas logo a falta de variação de cenários e de inimigos começa a cansar e você fica se perguntando quanto falta para a fase acabar, o que nunca é um bom sinal.

Em outras palavras, o que temos aqui é um joguinho sem nada de especial, mas que para aqueles que tenham familiares e amigos sempre disponíveis para caçar uns fantasmas, pode render uma boa diversão enquanto você bebem algo e trocam ideias.

Seu principal problema, neste aspecto, é o preço. Ele está sendo vendido por 50 dólares estadunidenses (mais de 200 reais no Brasil), o que é praticamente o preço cheio de um jogo AAA. Só que este não é um jogo AAA. Ele tem o escopo e o jeitão de um jogo indie de 10 dólares, e fica realmente difícil recomendar a compra por qualquer valor acima disso – mesmo que você tenha quatro controles.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
ghostbusters-o-game-de-2016Ano: 12 de julho de 2016<br> Gênero: Twin-stick shooter<br> Plataforma: PS4, Xbox One e PC<br> Fabricante: FireForge<br> Versao: Xbox One<br> Distribuidor: Activision<br>