Ultimamente alguns filmes de terror têm sido bastante elogiados pela crítica especializada. Tivemos The Babadook, Corrente do Mal e Boa Noite, Mamãe. Nos três casos fui assisti-los com a maior expectativa e minha reação ao final foi “é bom, mas não é essa Coca-Cola toda”.
Garota Sombria Caminha pela Noite é mais um exemplar dessa categoria. Muito bem falado, mas que não me conquistou. A diferença para os outros exemplares que citei no primeiro parágrafo é que este é muito mais estiloso, sendo ao menos bem marcante visualmente.
Ele é rodado em preto-e-branco, falado em persa e situado numa desolada cidade iraniana no meio do nada (contudo, a produção é estadunidense). A diretora e roteirista Ana Lily Amirpour é descendente de iranianos e todas essas escolhas estéticas ajudam mesmo a dar um destaque para a produção.
Contudo, sua condução também lembra muito os filmes iranianos, com longas tomadas de pessoas andando, nem sempre com algum destino definido, outros planos contemplativos dos personagens e por aí vai. Em suma, é outro ritmo e com menos diálogos do que estamos acostumados.
Basicamente é a história de uma garota vampira que fica vagando pela cidade à noite atrás de vítimas para saciar sua fome, até o dia em que ela conhece o jovem rebelde Arash e rola um romance entre eles. Claro, ela chupar sangue é só mero detalhe, o que importa mesmo é que ela é totalmente indie!
Como atesta a decoração do quarto dela, a vampira iraniana gosta de um rock alternativo e a boa trilha sonora dá um charme à produção. Tem até uma cena onde rola uma música praticamente inteira do White Lies que resume bem o que é o estilão do negócio. A saber, é essa aqui que toca:
Claro, se você não gosta ou não conhece a banda, acaba sendo um momento sem graça e arrastado. Mas para mim foi uma das poucas cenas bacanas de uma produção que visualmente é bem bonitona (eu sempre gostei de filmes p/b), mas que no fim das contas não tem tanto conteúdo assim.
Para os fãs de How I Met Your Mother, há a curiosidade de ver o ator Marshall Manesh, o Ranjit, o simpático motorista que conduzia o grupo de amigos em ocasiões especiais, aqui num papel dramático como o pai viciado de Arash. E basicamente é só, de resto é aquele tipo de cinema independente, com personagens esquisitões, situações meio desconexas e um andamento lento, sendo no fim das contas mais um drama com uma personagem sobrenatural do que um terror roots propriamente dito.
Gostei de ter assistido pelo visual, mas no final sobrou apenas uma estética interessante para uma produção um tanto vazia. Pode se juntar aos três filmes que citei no primeiro parágrafo, ainda que eu até o considere um patamar abaixo deles. Contudo, se você gostou de todos eles e também curte uma produção com estilo diferente, vale dar uma chance a Garota Sombria Caminha pela Noite. Vai que você acaba gostando mais do que eu.