Não, caro delfonauta gamer, você não está sonhando: esta é de fato a aguardada primeira resenha delfiana para um game da série Final Fantasy!
I – DEMOROU, MAS SAIU!
Cacildis, olha só que responsabilidade eu tenho em mãos, meu camarada! Redigir a primeira resenha de uma das mais célebres e bem sucedidas franquias de RPG de todos os tempos!
Bom, como a nota fica aqui no começo do texto, você já percebeu que eu dei quatro Alfredos e meio para Final Fantasy XIII. Antes que você xingue até a décima teceira geração dos Pixáitis, eu lhe peço encarecidamente que me acompanhe ao longo deste texto, onde explicarei porque este revolucionário décimo terceiro Final Fantasy não foi agraciado com a nota máxima, tampouco com a glória inenarrável do Selo Delfiano Supremo.
Se depois de ler toda a resenha, você ainda não estiver contente com a nota ou com os meus motivos por dá-la, aí pode desfrutar dos comentários para xingar – educadamente – até a décima terceira geração da minha família. Ou então pode fazer pipi na foto do Allan. =]
Preparado? Então monte no seu chocobo e vamos lá!
II – CURRICULUM VITAE
Antes de você torcer o nariz para mim, a minha nota, ou a minha resenha, permita-me deixá-lo a par sobre o meu conhecimento da saga Final Fantasy. Não, eu não joguei todos os games da série.
Mas eu joguei e terminei todos os games do Final Fantasy VI em diante, com apenas duas exceções. A primeira foi Final Fantasy XI, que era estritamente online, e eu não gosto de RPGs online; e a segunda foi Final Fantasy XII, que tinha um sistema de combate horrível e eu acabei desistindo. Sei que o jogo é tremendão, todo mundo elogiou e tal, mas aquela jogabilidade nas batalhas, por Amaterasu, que horror!
Fora isso, eu encarei até os adendos questionáveis, tipo Dirge of Cerberus e Final Fantasy X-2. Ah, e só para constar, o FF VI que eu joguei foi o remake legalzudo de PS 1, não o original de Super Nintendo.
Não vou dizer que fui bitolado em fazer 100% em todos eles, até porque todo Final Fantasy tem alguma side quest que é um teste de paciência. Basicamente, eu gostava de evoluir meus personagens e armas para ir atrás dos inimigos opcionais mais tremendões, tipo o Omega Weapon (que no FF VIII é eroticamente difícil), ou os Dark Aeons (da versão International de FF X). O lance de ficar criando chocobinhos (FF VII) ou jogando cartinhas (FF VIII e IX) era muita frescura para o meu gosto. =D
Ah, e só para finalizar as minhas experiências relacionadas, eu terminei também os dois títulos canônicos da série Kingdom Hearts, dos quais gostei muito. Kingdom Hearts é muito fofo. E eu joguei Ehrgeiz, também, aquele jogo de luta tosco do Playstation 1 que tinha o Cloud, a Tifa, o Sephiroth, e tal. E, se esta resenha aqui tivesse sido redigida por mim, o filme levaria fácil uns quatro Alfredos, mas provavelmente não ficaria tão engraçada.
III – FAL’CIE, L’CIE, CIE’TH… WTF?
A trama de Final Fantasy XIII é muito bem elaborada, mas um pouco estranha no início. O jogo vai atirando na sua cara nomes de pessoas, lugares e entidades, como se você já estivesse familiarizado com tudo aquilo. Bom, eu não estava. Então siga minha dica, delfonauta, e visite constantemente o seu Datalog no menu principal, para ficar a par de todo conceito novo que o jogo te apresente. Ele é uma mão na roda para você não ficar boiando.
O que rola na história é basicamente (muito basicamente) o seguinte: os Fal’Cie são entidades tremendonas que criaram os mundos (do jogo, claro), e tudo o que neles vive.
Quando um humano entra em contato com um Fal’Cie – mesmo que por acidente – ele fica marcado, e passa a ser um L’Cie. Todo L’Cie recebe uma missão, o focus, e ele precisa cumprir esta demanda, por mais difícil que ela seja. Se ele conseguir, torna-se um cristal para toda a eternidade. Se não conseguir, vira um Cie’th, que nada mais é do que um monstro malvado que perdeu sua humanidade.
As pessoas estigmatizadas pelos Fal’Cie são temidas, pois as demais sabem que elas não terão um final muito feliz: ou viram cristal, ou viram um monstro malvado. Para evitar contato com os “infectados”, é realizada esporadicamente uma varredura em Cocoon (o principal mundo do jogo), na qual os L’Cie são deportados para Pulse (outro mundo do jogo).
E é durante esta purgação que conhecemos Lightning, a bela protagonista do jogo. Em uma improvável série de acontecimentos no melhor estilo Efeito Borboleta, o caminho dela acaba cruzando com o de vários outros personagens, que irão formar o eclético grupo de Final Fantasy XIII.
Posteriormente, todos eles se tornarão L’Cie com um focus em comum, cada um com seus respectivos motivos para chegar a tal objetivo. E é aí que a aventura começa pra valer, mas antes de falar disso, vamos entrar um pouquinho na parte técnica para falar de…
IV – GRÁFICOS & SOM
Final Fantasy XIII é absurdamente lindo. Os cenários são lindos, o design dos personagens (que ficou por conta do experiente Tetsuya Nomura) é lindo, até os monstros são lindos. Esta é a primeira vez que a Square se aventurou pelos caminhos da alta definição, e ela não teve medo de ousar.
Com a câmera totalmente livre, você pode vislumbrar pequenos detalhes dos cenários e dos personagens. Deixando seu personagem de cara para uma parede e rotacionando a câmera, é possível encontrar um ângulo onde até as sardas claras da pele da gatíssima Lightning podem ser vistas.
Os cabelos continuam meio artificiais quando vistos muito de perto (algum jogo já conseguiu fazer cabelos realmente convincentes?), mas só alguém muito chato reclamaria disso com tanta coisa linda para se ver ao redor. Há ainda quem reclame do estilo do Tetsuya Nomura, mas eu acho o trabalho do cara incrível, embora concorde que o Hope parece saído diretamente de Kingdom Hearts. =]
Os lugares pelos quais você vai passar no decorrer do jogo são variadíssimos. Desde cidades flutuantes ultramodernas até lindas matas paradisíacas com enormes cachoeiras, passando por desertos inóspitos e se perdendo em montanhas de lixo em imensos ferros-velho. Você nunca vai se cansar dos cenários de Final Fantasy XIII.
Há um cenário excepcionalmente belo que eu preciso te mostrar: clique no play aí embaixo e conheça Lake Bresha, um enorme lago que foi subitamente cristalizado. Aproveite e confira também as expressões faciais e as animações dos personagens, tudo de primeira linha:
Lindo, né? Aliás, se não ficou claro, isso aí não é CG, é uma cutscene in game “normal”, que utiliza a engine do jogo. Se neste playerzinho do Youtube o resultado já é de cair o queixo, visualize isso na pintudice de um televisor full HD!
Como você deve ter reparado, as dublagens também são excelentes, as vozes foram muito bem escolhidas e a maior parte do elenco consegue transmitir emoções em suas falas de maneira convincente. Em relação às músicas, o maior pecado do compositor Masashi Hamauzu foi querer inovar demais, e tirar a clássica musiquinha de vitória, que era essencialmente a mesma há muitos anos.
Com exceção da música tema – que na versão gringa é a melosa baladinha My Hands, da cantora Leona Lewis (a mesma da também melosa I See You, de Avatar) – não acho que haja alguma canção realmente marcante, mas no geral todas são boas, e lindamente compatíveis com um bom surround 5.1.
V – PERSONAGENS & DESTINOS
Conforme eu disse ali em cima, o elenco principal de personagens de Final Fantasy XIII é bem eclético e equilibrado. Aqueles clichês típicos do adolescente andrógino chorão ou do herói inconseqüente boa-pinta continuam valendo aqui, mas desta vez os personagens são muito mais humanos, e apresentam emoções intensas e verdadeiras.
É impossível gostar por igual de todos eles, mas o jogo te obriga a “conviver” muito com todos os personagens nas primeiras 20 e poucas horas. Em boa parte do jogo, você não vai poder formar um grupo tremendão com os seus três personagens favoritos e botar pra quebrar, pois o destino (leia-se o roteiro) obrigará o grupo a se desmembrar em duplas específicas que o jogador não pode definir.
No começo, você vai achar isso um saco. Eu achei. Mas conforme a narrativa progride, você percebe que aquela divisão contribuiu muito com a história. Cada personagem tem seus medos, suas motivações e seus fantasmas do passado, e você vai descobrindo um pouco mais sobre cada um deles enquanto joga.
Há vários momentos emotivos na caminhada pessoal de cada um, mas todas as histórias acabam convergindo para uma história maior, que entrelaça o passado (e o futuro) deles de maneiras inusitadas e surpreendentes. A frustração de Sazh, as crises choronas do Hope, a seriedade implacável de Lightning ou a irritante alegria otimista de Vanille, tudo contribui com a construção dos personagens e de seus relacionamentos. E isso, no final das contas, faz com que você talvez não goste, mas pelo menos se acostume com todos eles.
O melhor exemplo do meu jogo foi o Hope. No começo do jogo, eu não suportava aquele moleque chorão, e quando fui “obrigado” a ter apenas ele e Lightning por um tempo, quase taquei o controle no gato. Mas o arco da história dele é tão legal, e o seu amadurecimento e redenção deixaram uma impressão tão positiva, que mais tarde no jogo ele estava sempre no meu time. Como personagem secundário, claro, mas estava.
Isso é outro ponto positivo daquela divisão do grupo principal: você não “vicia” apenas alguns personagens, pois é obrigado a jogar com todos eles alternadamente. Desta forma, todos evoluem de maneira razoavelmente balanceada, e você vai estar sempre pronto para encarar um eventual desafio mesmo com os personagens mais ruinzinhos da equipe. Considerando a maneira diferenciada como os personagens evoluem, isso é muito importante, e criar grupos heterogêneos será a chave do sucesso para as batalhas.
VI – LINEARIDADE
Se você leu a minha lista de melhores games de 2010, certamente lembra que Final Fantasy XIII estava entre os meus preferidos. E lá, eu mencionei que não achei tão ruim a famigerada linearidade que foi massacrada pelos fãs hardcore.
De fato, eu não me importei tanto assim com isso. Pode fazer pipi na minha foto se quiser, mas eu não sou um fã trüe de RPGs. Já joguei alguns excelentes, como todos aqueles mencionados lá em cima, mais Xenogears, Chrono Trigger e Chrono Cross, The World Ends With You, Vagrant Story e boa parte da série Breath of Fire. É eu sei que a maioria é da Square Enix, mas confesso que isso não foi proposital.
O que eu busco quando jogo um RPG é uma boa história, preferencialmente aliada a uma boa jogabilidade. Jogar um RPG é como ler um livro, se você não consegue passar das primeiras “páginas”, definitivamente há algo errado na receita. Por exemplo, Final Fantasy XII: ele pode ter uma história fantástica, mas a jogabilidade medonha dos combates me fez perder a empolgação, e eu larguei o jogo após algumas horas de frustração.
Felizmente, Final Fantasy XIII não sofre desse mal. Ele alia uma história instigante a uma jogabilidade simples, mas dinâmica e extremamente funcional. A tal linearidade faz com que a história progrida muito rápido, e isso é bom, pois não deixa a trama esfriar, e te estimula a sempre querer prosseguir para saber o desenrolar da história.
De fato, este é o tipo de RPG no qual é impossível alguém se perder, simplesmente porque não há áreas abertas, nem grandes puzzles em 95% do jogo. Dado o lance meio fora-da-lei do grupo (eles são L’Cie, lembra?), você sequer vai passar por muitas cidades no decorrer do game. Até as tradicionais lojas foram substituídas por modernosas vending machines. Geralmente você terá de passar apenas uma vez por cada área, ou seja, faça tudo o que tiver de fazer ali na primeira vez, pois pode não haver uma próxima oportunidade.
Como o andamento do game é feito em capítulos, o jogador é praticamente impedido de vagar livremente ou revisitar cenários já vistos. E se ainda assim você conseguir se perder, fique tranquilo, pois o mapinha no canto superior direito sempre terá uma seta indicando a próxima localização relevante. Por mais criticada que seja, a linearidade de Final Fantasy XIII mantém o foco no desenvolvimento da narrativa, e eu achei isso uma coisa boa.
VII – EVOLUÇÃO
A drástica linearidade influenciou na mudança de outro fator importante em um RPG: a evolução dos personagens. Esqueça aquele lance de evoluir o personagem até o nível 100, isso não existe aqui. A evolução dos personagens não e algo quantitativo em Final Fantasy XIII, mas uma variação prática e simplificada do sphere grid de Final Fantasy X, e aqui se chama Crystarium.
Funciona assim: cada personagem possui inicialmente três roles. Os roles são tipo os jobs de outrora. A minha musa Lightning, por exemplo, começa o jogo com os roles Commando, Ravager e Medic. Commando indica que ela é uma personagem que utiliza ataques físicos. Ravager, mostra que ela também utiliza ataques mágicos, enquanto Medic permite que ela utilize magias de cura e ressurreição.
Com raras exceções, o jogo faz um bom trabalho em separar esses roles por personagem. Por exemplo, o Hope, que é um personagem fraco, não tem o role Commando de início, ou seja, ele não realiza ataques físicos. Porém, ele é um dos melhores Ravagers da equipe, além de ter o role Synergist, que lhe concede a habilidade de soltar magias de proteção e melhoramento de atributos nos personagens.
A evolução que é feita no Crystarium não é necessariamente no personagem, mas no roles que ele possui. Evoluindo a role Ravager de um personagem, ele ganha novas magias, ou versões mais pintudas das iniciais (tipo thunder, thundara, thundaga). Ainda assim, o Crystarium está repleto de slots que aumentam a energia, força, poder mágico e tudo o mais.
Na prática, cada batalha que você ganha rende CPs, aka Crystarium Points. Para evoluir no Crystarium, tudo o que você precisa fazer é escolher um personagem, o role que você quer evoluir, e então gastar esses CPs. Tipo assim, ó:
Parece simples, não é? Bom, de fato é bem simples, mas como cada personagem possui inicialmente três roles distintos, você deve combinar suas habilidades da melhor forma possível para as batalhas. A combinação de três roles diferentes gera um Paradigm.
Vale lembrar ainda que, depois de umas 40 horas de jogo, você pode “comprar” diferentes roles para seus personagens. Mas, o preço é ridiculamente alto, então eu sugiro que ao invés de querer fazer de Lightning uma Synergist, você evolua este role nos personagens que já o possuem desde o início, Hope e Sazh. Logicamente, há um troféu para quem evoluir ao máximo TODOS os roles para TODOS os personagens. E esse é um troféu que eu jamais terei. =P
VIII – ARMAS & DINHEIRO
Estes são dois pontos bem incomuns de Final Fantasy XIII. O dinheiro – que antigamente era ganho após qualquer batalha – desta vez é super escasso. Você deve se acostumar a ficar na pindaíba durante o jogo, pois só há duas maneiras do conseguir grana no jogo: encontrando baús ou vendendo coisas.
O problema é que quase todas as coisas que podem ser vendidas são deveras úteis. Os inimigos não deixam dinheiro, mas deixam Components. Components são tranqueiras das mais variadas, que se dividem em três grupos – orgânico, eletrônico e mineral – e podem ser usadas para evoluir armas e equipamentos.
Há toda uma “alquimia” envolvida no processo de evoluir armas, e não se espante se você chegar até o final do jogo tendo trocado de arma apenas uma ou duas vezes. Acontece que, subindo de level, a arma fica mais forte. Quando você encontra uma nova, ela geralmente está vários levels abaixo. Logo, vale mais a pena investir seu tempo (e seus Components) fazendo upgrade em uma arma antiga do que começar a evolução do zero com uma nova.
Com esse novo esquema, toda arma tem três níveis de evolução, e todas podem se tornar as lendárias Ultimate Weapons, as armas mais poderosas para cada personagem. É claro que elevar seu arsenal até este nível é algo que vai exigir muito, muito tempo, e alguns itens especiais muito, muito raros.
Uma das maneiras de se ganhar dinheiro no jogo é vendendo Components, mas isso é uma faca de dois gumes, pois como já dito, os Components são úteis para dar o upgrade nas armas. Você também pode vender armas e equipamentos, mas com isso há uma grande possibilidade de você perder o troféu Treasure Hunter, que exige que você tenha todas as armas e acessórios. Definitivamente a turminha da Square não quis facilitar a vida da gente. =P
Lá no final do jogo – mais especificamente no capítulo 11 – vai pintar uma missão secundária, onde você deve reparar Bahkti, um robozinho tosco, na casa da Vanille. Não deixe de cumprir essa missão bobinha, pois o robozinho vai te descolar um item que pode ser vendido por 500 mil Gil. É uma grana fácil que chega tarde (bem tarde), mas ajuda.
IX – PARADIGMS
Este meu caro, é o ponto alto do sistema de combate. Você monta um Paradigm com qualquer combinação de roles dos seus personagens. Por exemplo, você quer um grupo no qual um personagem use ataques físicos, outro ataques mágicos, e o terceiro fique curando o grupo. Para isso, basta criar um Paradigm onde um personagem seja um Commando, outro um Ravager e o terceiro um Medic. Simples assim.
Porém, as condições de batalha nem sempre pedem algo tão básico. Vez ou outra você enfrentará inimigos muito difíceis, como chefes que causam envenenamentos e alterações de status, ou oponentes imunes a magias elementais. Para adequar seu grupo ao estilo de combate do inimigo, você pode deixar até seis Paradigms montados, alternando entre eles quantas vezes quiser durante uma batalha.
Se um chefão usa inesperadamente um ataque que tira 90% da energia de todo o grupo, ficar em um Paradigm ofensivo não é uma boa ideia. Na hora do aperto, você pode mudar para um Paradigm que tenha dois Medics, e quem sabe um Synergist para lançar umas proteções sobre a equipe.
Quem sabe não é uma boa deixar alguém como Sentinel, role no qual um personagem vira “saco de pancadas” para aguentar as porradas enquanto o grupo se reorganiza. Os inimigos jamais se adequarão ao seu estilo de jogo, é você quem precisa ter jogo de cintura para montar uma estratégia de combate eficiente contra cada adversário.
X – AI
Conforme eu já deixei claro, sou fã do sistema de combate de Final Fantasy XIII. Embora a descrição dos Paradigms feita acima seja muito, muito básica, os combates, as mudanças de Paradigm e tudo o mais contribuem para que as batalhas deste Final Fantasy sejam épicas, frenéticas e estratégicas.
Como no último game da série, em Final Fantasy XIII você comanda apenas o líder do grupo, os demais ficam por conta da AI. Então, se a sua personagem principal é a Lightning no mapa, é ela quem você vai controlar em combate, salvo algumas raras batalhas contextuais que envolvem personagens específicos.
Felizmente, a AI de Final Fantasy XIII é realmente inteligente. Deixe um Ravager no grupo, e ele vai botar para quebrar, soltando magias de ataque nos inimigos. Deixe um Synergist, e ele vai voluntariamente proteger seu grupo com shield, shell, protect, e tantas outras magias úteis que ele tiver em seu arsenal. O mesmo vale para os inimigos, que irão se imunizar e/ou destruir as proteções do seu grupo.
Parece rudimentar, mas há muita coisa nas entrelinhas. É altamente recomendável que você solte uma Libra nos chefes, pois esta habilidade escaneia o adversário em busca de pontos fracos. Após fazer isso, instantaneamente seu grupo de apoio vai reorganizar seus ataques baseados no resultado do escaneamento. Se o inimigo for vulnerável ao elemento fogo, por exemplo, um Ravager controlado pela AI vai dar preferência para as magias da família Fire.
E tem mais: se você tiver um Synergist bem evoluído no grupo, ele poderá combinar magias elementais às armas dos Commandos! Assim, usando como exemplo um oponente vulnerável ao fogo, um Synergist poderia literalmente “tacar fogo” na espada da Lightning, fazendo com que o ataque físico dela adquira também propriedades elementais. E tudo isso instintivamente, sem você ter que dar ordem nenhuma!
O mesmo vale para os Medics. Eles sempre usarão do bom senso na hora de recuperar a energia do grupo. Em um caso de vida ou morte, a prioridade sempre será o personagem controlado pelo jogador (que se morrer, é Game Over na hora), mas no calor da batalha, o Medic se manterá ocupado curando todos os integrantes do grupo que carecerem de cuidados, inclusive a si mesmo.
Confira abaixo uma empolgante batalha contra um dos bosses malvados do game. Repare que sempre que a frase “Paradigm Shift” aparece na tela, o jogador realizou uma mudança de Paradigm, ou seja, alterou o sistema tático da equipe:
Pode parecer confuso para quem nunca jogou, mas acredite, o sistema de batalha é eficiente, denso e relativamente simples. Como o tutorial do game é enorme (sem exagero, você ainda vai estar aprendendo novos conceitos lá pelas 12 horas de jogo), há tempo mais do que suficiente para você se familiarizar com a jogabilidade.
Vale lembrar que isto é só um apanhado geral sobre o sistema de combate. Se o jogo vai passar mais de 12 horas te ensinando coisas, não tem cabimento eu querer resumir tudo em alguns poucos parágrafos. Mas, se você curte RPGs, acredite: o inovador sistema de batalhas de Final Fantasy XIII é simplesmente maravilhoso.
XI – DEFEITOS
“Pô, Pixáiti, mas se você está pagando tanto pau para o jogo, porque diabos ele não foi agraciado com o Selo Delfiano Supremo”?, você me pergunta. “Por três motivos, delfonauta impaciente”, eu lhe respondo. Dois deles eu já te contei quais são na minha lista dos melhores games de 2010, mas vamos fazer um remember.
1º Problema: a falta de um vilão decente. É um pecado que o 13º game de uma série que nos brindou com vilões lendários como Sephiroth e Kefka não tenha um antagonista à altura. O melhor aspirante a vilão que o jogo tem é o Barthandelus, mas ele não tem o carisma e a pintudice necessárias para ser um bom vilão. E por “bom vilão” eu me refiro aos que são perversos, mas também são estilosos, carismáticos e interessantes. Deixar o grand finale para uma criatura psaicodélica não cola.
2º Problema: os summons/eidolons. Sério, alguém da Square andou comendo fazendo amizade com alguém da Hasbro. Só isso explica os vergonhosos sumomons-transformers que o jogo apresenta. Criaturas lendárias da série, como Shiva, Bahamut e Odin viraram robôs-veículos medonhos, que contam com um velocímetro (?!) para controlar seus ataques.
Confira um apanhado dos eidolons no vídeo abaixo e sinta uma pontada de vergonha alheia, especialmente com as irmãs Shiva e com o “orgasmo” da Vanille:
Sério, WTF? a Square pensou na hora de criar essas coisas? o.O
3º Problema: Sandbox fail, e este aqui se subdivide em outros problemas. Atenção, pois abaixo pode haver eventuais SPOILERS malvados!
Como nos games sandbox, a Square decidiu deixar a gente continuar jogando após terminar o game. O problema é que este recurso foi extremamente mal executado. Primeiro, porque há apenas um lugar onde o mapa é realmente aberto no jogo. Segundo, porque além de cumprir as desinteressantes missões das Cie’th Stones e continuar lutando para evoluir os roles do seu grupo, não há absolutamente nada para se fazer lá.
Terceiro: ao fazer o load game depois de terminar o jogo, você vai aparecer no último save point do game, na frente da câmara onde o último chefe te espera. Se você for para trás, vai parar no único lugar de mundo aberto do jogo, onde não há muito que fazer. Se você for para sempre, vai encontrar as mesmas cutscenes e o mesmo último chefe de novo, pronto para a batalha, que se você vencer, vai te mostrar o final do jogo de novo.
O principal agravante deste sandbox malsucedido é que SPOILER mesmo personagens que você se emocionou ao ver se sacrificando em prol da vitória na derradeira batalha do game estarão de volta no seu grupo, como se nada tivesse acontecido. Isso tira todo o impacto do sacrifício, e acaba deixando este pós-jogo com cara de adendo preguiçoso e desnecessário.FIM DO SPOILER
Aí você me diz “tá, Pixáiti, mas só continua jogando quem quiser”. Isso pode até ser verdade, mas durante o jogo todo, há limitações no Crystarium. Você avança até certo ponto, aí o jogo te barra, e só libera o próximo nível de evolução após um chefe, ou algo do tipo.
Na última luta, acontece a mesma coisa: você pode chegar à batalha final com 95% do seu Crystarium preenchido, mas os últimos 5% só serão liberados depois que você terminar o jogo. Ou seja, quem quiser platinar o jogo e obter aquele troféu que eu mencionei lá em cima, será obrigado a continuar jogando este pós-jogo tosco! Simplesmente fail. =P
XII – CONCLUSÃO
Baseado em tudo o que eu disse aí em cima, meu veredicto para Final Fantasy XIII é o seguinte: ele é um excelente RPG, dinâmico e envolvente, mas que pode não agradar aos jogadores muito conservadores por “desrespeitar” algumas das regras mais fundamentais de um RPG tradicional.
Se você não se liga muito nisso e está em busca de um RPG que seja ótimo, acessível e dinâmico, que vai sugar mais de 60 horas da sua vida, e te deixar de queixo caído com a qualidade técnica e visual, definitivamente você precisa experimentar Final Fantasy XIII.
A SquareEnix adora nos surpreender, e Final Fantasy é uma franquia que se reinventa a cada novo capítulo. Se você se deixar levar pela excelente história e não se deixar intimidar pela linearidade e (aparente) facilidade do jogo, certamente vai curtir muito as dezenas de horas que o jogo vai lhe tomar.
Se, como eu, você achava que a Square tinha perdido um pouco a mão com o gameplay do capítulo anterior, Final Fantasy XIII mostra que a empresa não só consegue inovar, como consegue criar um dos melhores e mais eficazes sistemas de combate dos últimos tempos.
Por fim, se você curte RPGs, é fã da série e já jogou alguns – quiçá todos – os títulos anteriores da série, Final Fantasy XIII é imperdível simplesmente por ser Final Fantasy XIII.
XIII – FUTURO
Final Fantasy XIV já foi lançado, mas é um jogo totalmente online, então eu deixei passar. Agora, só me resta sentar e esperar por Final Fantasy XIII-2, a segunda sequência direta que a Square ousa fazer para um game da série. Isso para não mencionar os games derivados da tal Fabula Nova Crystallis Final Fantasy XIII.
O quê? Você não sabia que vai rolar uma continuação direta de Final Fantasy XIII? Então clique no play aí embaixo e se atualize (cuidado com eventuais spoilers):
Promissor, hein? E que mudança de estilo! A Lightning deixou suas roupinhas tradicionais para usar uma espécie de armadura emplumada. Com ou sem plumas, o importante é que ela continua muito gata!
E o melhor, meu caro, é que Final Fantasy XIII-2 deve ser lançado no Japão ainda em 2011, com versões para Playstation 3 e Xbox 360! Yay! Mal posso esperar para me encontrar com a Lightning novamente! o/
E com isso eu encerro esta enorme e atrasada resenha. Espero que os delfonautas fãs de Final Fantasy – como o SquallFF8, o Gilgamesh, o Tomaz_Luna, o Fabian Rodrigues e o Victor Kruger – não façam pipi na minha foto, seja pela demora, seja pela minha opinião sobre o jogo, seja porque fazer pipi na foto do Allan é bem mais divertido.
Aliás, você reparou que a resenha de Final Fantasy XIII tem exatamente 13 sub-capítulos? Fala sério, tem coisas, que só o DELFOS faz por você! =D