Depois de várias furadas (sobre as quais você leu aqui e aqui), finalmente conseguimos entrevistar o Primal Fear. Como acompanho a banda desde o primeiro disco e fui em todos os shows que eles fizeram por aqui, tinha muitas coisas que queria perguntar para os caras, então fiz dezenas de perguntas, que seriam selecionadas na hora da conversa. Como acabou rolando por e-mail, cortei boa parte delas para tentar deixar o mais sucinto possível, pois entrevistas por e-mail têm suas limitações – o entrevistado pode não gostar de digitar, por exemplo, e assim falar menos do que faria em uma conversa ao vivo ou por telefone. Sem falar que não temos a possibilidade de acrescentar ou mudar perguntas de acordo com o desenrolar da conversa. Mesmo assim, na entrevista abaixo, o baixista Mat Sinner passa a limpo toda a trajetória da banda, desde sua formação até os dias atuais (infelizmente, em alguns momentos parece que entrevistar alguém da gravadora Nuclear Blast teria sido mais interessante, já que Mat respondeu muitas perguntas dizendo que era coisa dela). Infelizmente, a única pergunta que coloquei que ele não respondeu foi justamente sobre o que exatamente aconteceu no Live ‘n’ Louder, se eles foram chutados ou se quiseram encerrar o show por ali, etc. Então, essa é uma dúvida que vai continuar nos aporrinhando. Quem sabe em uma entrevista futura não conseguimos descobrir o que aconteceu? Enquanto isso, divirta-se com a conversa abaixo, que dividimos em tópicos representando capítulos na história da banda.
PRIMEIRO ÁLBUM
Como a banda foi formada?
Depois do Ralf ter cantado os backing vocals no disco Judgement Day do Sinner, ele convidou o Tom e eu para tocar um show com a banda Just Priest. Nós tocamos duas horas de músicas do Judas Priest. Depois nos divertimos muito, decidimos escrever algumas músicas juntos e o PF nasceu.
Por que o nome Primal Fear?
Nós tínhamos 10 nomes na mesa. A maioria votou nesse – fácil assim!
No início, era um projeto paralelo para você?
Não, nunca. Era uma banda desde a primeira nota que tocamos juntos, mas é sempre diferente o que sai escrito nas revistas. Algumas pessoas não entendem!
Como rolou o contrato com a Nuclear Blast?
Nós assinamos primeiro com a JVC para a Ásia e Japão. Depois procuramos por um parceiro para o resto do mundo e a Nuclear tinha a melhor motivação para tornar o álbum um sucesso para nós.
Vocês e o Hammerfall foram as primeiras bandas de Metal tradicional que assinaram com a Nuclear. Como você se sente sobre isso?
Sem sentimentos. Negócios são negócios e a Nuclear Blast não perdeu dinheiro com nenhuma das duas. 😉
Por que você acha que eles decidiram expandir os horizontes?
Dinheiro!
O primeiro album teve uma edição especial em uma caixa de metal. Quem teve essa idéia?
Foi idéia do time de produção da NB. Eles tiveram ótimas e inovadoras idéias durante todos esses anos.
Uma grande frustração dos fãs brasileiros é que nunca tiveram a chance de ouvir Formula One ao vivo. Alguma chance de você tocá-la um dia?
Talvez no próximo show no Brasil. Por que não? Nós já tocamos essa música antes (em outros países).
Por que vocês escolheram gravar Speedking?
Quisemos fazer essa música porque ela se encaixa nos vocais do Ralf. Nós ainda achamos que foi um grande acréscimo ao primeiro álbum pela forma que tocamos e produzimos a música.
Kai Hansen tocou alguns solos neste álbum. Por que você decidiu convidar ele?
Porque ele e Ralf não se falavam há algum tempo e era hora de colocá-los juntos. Ele é um ótimo músico também.
Como você vê esse primeiro álbum hoje?
Estou muito orgulhoso dele, porque foi onde gravamos o que queríamos sem nenhuma merda de negócios envolvida.
Como foi a primeira turnê?
Espetacular. Primeiro excursionamos com o Running Wild, depois com o Hammerfall. Foi muito divertido.
JAWS OF DEATH
Como vocês chegaram em Stefan Leibing?
Ele entrou na banda muito antes do Jaws of Death. Ele tocou com a gente desde o primeiro show ao vivo. Foi o baterista Klaus Sperling que nos apresentou ele.
Por que você decidiu colocar outro guitarrista na banda?
O som da guitarra é feito para dois guitarristas, principalmente ao vivo.
Jaws of Death também tinha uma embalagem especial. Como surgiu essa idéia?
Igual às outras – idéia do time de produção da NB.
Por que o nome Jaws of Death?
Por que é legal e é relacionado à águia.
Esse album tem outra cover do Ritchie Blackmore. Por que você decidiu gravar Kill the King?
Fomos convidados pela Century Media para participar de um tributo ao Dio. Nós achamos que essa versão ficou detonante, por isso se tornou uma bônus no álbum.
Vocês tiveram problemas com a formação nessa época. O que aconteceu?
Foram terríveis problemas de saúde do Tom. Mas isso não deve ser público.
Nessa época, vocês vieram ao Brasil pela primeira vez. O que você se lembra dessa primeira visita?
Um festival muito estranho com seguranças muito estranhos e fãs fantásticos.
Por que vocês decidiram trazer o Alex Beyrodt para tocar aqui?
Porque nós precisávamos de uma decisão rápida para que a turnê acontecesse e Alex é um ótimo guitarrista e aprendeu tudo muito rápido.
Você convidou ele para ser um membro permanente?
Não, nunca tivemos discussões sobre isso porque ele estava envolvido em muitos projetos.
Lembro que vocês tiveram problemas com o horário do show. Vocês até tocaram antes da banda Symbols. Por que isso aconteceu?
Porque nós estávamos sofrendo com o jetlag e a organização era terrível.
Você sabia que o vocalista daquela banda hoje está no Angra?
Sim, claro.
HORRORSCOPE
Por que vocês decidiram gravar Out in the Fields?
Porque é uma música de uma das melhores duplas do Rock: Gary e Phil. Música legal!
Quem teve a idéia do dueto entre o Ralf e o Mat?
Nós dois sempre temos idéias de cantar em duetos.
NUCLEAR FIRE
Por que vocês escolheram Henny Wolter para entrar na banda?
Foi minha escolha, porque eu conhecia ele da sua banda anterior, Thunderhead e Henny estava na minha banda, Sinner. Henny também é um bom amigo do Klaus.
Na época do Nuclear Fire, vocês gravaram o primeiro clipe, Angel in Black. Por que vocês escolheram essa música?
Porque ela representa a banda 100%.
Como foram as gravações do vídeo?
Ok. No geral, uma boa experiência para o futuro.
Qual foi a inspiração para Living for Metal?
Foi sobre as nossas vidas particulares e nas turnês.
BLACK SUN
Black Sun teve outro clipe: Armageddon. Por que vocês escolheram essa música?
Por que nós a amamos. Fácil assim. Riff detonante, refrão detonante e ótima letra na nossa opinião.
Em Mind Machine, existe outro dueto de vocal. O que você pode nos dizer sobre essa faixa?
Como eu disse, nós sempre vamos fazer esse tipo de colaboração entre o Ralf e eu. Nós gostamos de dividir os vocais em pelo menos uma das faixas do álbum.
HISTORY OF FEAR
No DVD History of Fear, por que vocês decidiram juntar vários shows ao invés de lançar um único, completo?
Por uma questão de orçamento.
Por que vocês decidiram trazer Tom de volta?
Porque ele é um membro da formação original. Se a saúde dele estiver ok, ele deve estar na banda.
Vocês expulsaram o Henny?
Não, ele queria passar mais tempo com a esposa e estava cansado de turnês.
DEVIL’S GROUND
Por que Klaus saiu da banda?
Ele não podia vir para os EUA e o Canadá e nós queríamos fazer a turnê.
Como vocês chegaram no Randy?
Nós o roubamos do Annihilator e demos as boas vindas.
Por que o nome Devil’s Ground?
Por que é o tema básico do disco.
O inferno é um tema recorrente no Primal Fear. Por quê?
É sempre legal escrever letras sobre o inferno e o céu. Você pode viajar nesses temas, pois tem um monte de visões e personagens legais.
Você segue alguma religião?
Não.
Pela primeira vez, vocês gravaram mais de um vídeo para um álbum. Por quê?
Nós gravamos três vídeos: Metal is Forever, The Healer e Suicide – nós tínhamos o orçamento para isso.
Existem canais que tocam clipes de Metal na Europa?
Nessa época sim, nós tínhamos alguns programas especiais de TV e de entrevistas.
Por que vocês escolheram essas músicas para os clipes?
Porque elas são as melhores na nossa opinião.
Por que encerrar o álbum com uma faixa que é apenas a sua voz?
Achamos legal contar a história de forma diferente e esperamos que as pessoas escutem.
SEVEN SEALS
Seven Seals é uma música bem diferente para o Primal Fear. Por que vocês decidiram fazer algo tão diferente?
Porque era hora de mudar o nosso estilo. Músicos precisam de alvos!
Por que vocês escolheram Seven Seals para o clipe e para ser a faixa título do álbum?
Porque queríamos mostrar para todo mundo o novo estilo do PF.
O clipe também é diferente dos outros e Ralf está usando um monte de maquiagem. Por quê?
Porque queríamos ser diferentes e provocativos.
Pela primeira vez, tem apenas uma águia na capa. Algum motivo especial para isso?
Não, nós só gostamos da escultura tribal. É diferente das outras capas, mas ainda tem a águia.
Qual você acha a melhor música deste álbum?
São muitas. Na nossa opinião, são as melhores composições que já fizemos. Diabolus é um monstro, Demons & Angels tem tudo que queremos apresentar, In Memory é a balada que queríamos escrever desde o início, Evil Spell é a faixa mais rápida e é muito boa e por aí vai.
A faixa bônus brasileira, Higher Power, é a mesma do Japão?
Não sei exatamente. Decisão da NB.
METAL IS FOREVER
Por que vocês decidiram lançar uma coletânea a essa altura?
Não foi idéia nossa, foi uma decisão da NB.
O que você achou do show no Live ‘n’ Louder?
Apesar dos problemas com o microfone do Ralf, foi ótimo voltar. Tocamos um pouco cedo demais na nossa opinião, mas talvez alguém tenha um motivo para isso.
O FUTURO
O Primal Fear sempre teve uma identidade muito forte. Como com Ramones ou AC/DC, você sabe o que vai ouvir em um disco de vocês. Isso é intencional ou acontece naturalmente?
Vamos seguir nosso caminho e o melhor é que nós tocamos a música que nós amamos tocar.
Vocês têm planos de lançar um álbum ao vivo ou um DVD com um show completo?
Antes vamos gravar um novo disco de estúdio e estamos empolgados em voltar para o estúdio.
Vocês já começaram a trabalhar no novo álbum?
Três músicas já estão prontas e estão boas pra cacete!