O que eu fiz para merecer isso? Responda-me, amigo delfonauta! Será possível que eu seja uma pessoa assim tão má para ficar sendo constantemente submetido a porcaria atrás de porcaria? Se existe algum tipo de justiça no mundo, isso só pode acontecer comigo por causa de alguma maldade extrema que fiz nesta ou em outra vida. Será meu trabalho subversivo com o DELFOS? Será o fato de eu ter criado um dragão vermelho fofinho, traindo, assim, o movimento nerd que dizia que todo dragão vermelho deve ser grande e malvado? Não pode ser por causa dos meus saudáveis hábitos de sacrifícios de bodes ou de misturar mulheres com alimentos, pode? Não, não há nada de errado com isso…
Então por que diabos eu continuo sofrendo tanto ao assistir a esses lixos que sonham em ser terror? O mundo ainda não está cansado de moleques que vêem dead people? E essas dead people não estão cansadas de ficarem se exibindo para os moleques? Cacilda, você está morto, livre dos limites da matéria e, mesmo assim, os fantasmas decidem usar seu tempo para ficar desfilando na frente de um moleque? Ah, vai ouvir Pagode! Pois Evocando Espíritos traz exatamente isso. Com direito ao velhinho mentor que aparece na metade do filme e aquela mesma trilha sonora cheia de violinos dissonantes que aparecem apenas durante dois segundos quando um vulto passa em frente à câmera.
Assusta? Não, nem um pouco. Afinal, assim como o humor, um bom susto só funciona se houver surpresa. E a trilha sonora de Evocando Espíritos é daquelas que avisa que algum vulto vai aparecer logo vários segundos antes do dito-cujo gritar “alô, mamãe!”. Assim, quando ele faz “pop”, a única reação que arranca é de risos. E, definitivamente, esse não é um daqueles filmes de “terror” intencionalmente engraçados. Ele tenta assustar, mas é tudo tão óbvio e tão imbecil que você acaba rindo.
Se eu não tivesse uma obrigação profissional, sem dúvida teria saído antes da sua projeção se encerrar. Caramba, seus longos 103 minutos pareceram durar mais do que toda minha infância. E olha que eu fiz um monte de coisa na primavera da minha vida.
Preciso dizer se eu recomendo? Acredito que não, então termino este texto com uma pergunta: algum delfonauta tem interesse nesse tipo de filme? Pois se ninguém assiste, não vejo porque continuar me submetendo a tamanha tortura psicológica semana após semana. A não ser que o amigo delfonauta seja especialmente sádico. E, nesse caso, não é assim tão amigo. =P