Prometi aqui no DELFOS que, se nenhum evil monkey cruzasse meu caminho, eu faria uma resenha do show do Eluveitie em Curitiba. Bem, como você, amigo delfonauta, já deve imaginar, alguns evil monkeys tentaram me impedir, mas nenhum deles foi páreo para o Chapolin Colorado a minha força de vontade. Afinal, uma promessa feita nas páginas sagradas do Oráculo deve ser cumprida a todo custo (delfonautas mulheres do sexo feminino, não se desesperem, estou fazendo aquele calendário).
EM BUSCA DO LOCAL SAGRADO
Éramos um grupo de quatro gurias saindo de Porto Alegre rumo a Curitiba. Desembarcamos em São José dos Pinhais, com uma neblina espessa cobrindo tudo. Quando nos olhamos, notamos assustadas que nossas roupas estavam diferentes. Estavam parecendo roupas de batalha e espadas surgiram em nossas costas.
De repente uma voz de mulher vinda de todos os lados falou algo sobre um lugar sagrado, e que nos guiaria até lá. Então nos disse que logo encontraríamos aliadas. Quando a voz sumiu, vimos que duas gurias nos aguardavam, também assustadas e vestidas da mesma forma.
Elas traziam pergaminhos com mapas e vimos que uma marcação indicava uma estalagem. Conseguimos cavalos descansados ao custo de R$ 8,00, e seguimos nosso caminho rumo ao local indicado no pergaminho. Chegando à terra do Pixáiti, nos instalamos e concluímos a primeira missão com sucesso. Restava agora comer algo, tratar os cavalos e partir para a segunda missão.
Não demorou muito e um sinal surgiu no mapa como se alguém invisível o tivesse pintado diante de nossos olhos. Era o Shopping Estação. Segundo a tal voz, que apareceu sem aviso novamente, deveríamos seguir até lá, pois a chave para o final da jornada se encontrava lá. Ainda acrescentou: “P.S.: Sem descanso”.
Passado o susto, nos equipamos e seguimos rumo ao centro comercial. Lá encontramos mais viajantes que nos disseram onde comprar 1 Kg de alimento para oferecer aos Deuses quando chegássemos ao local sagrado. Quando finalmente nos alimentamos, um bardo se separou do seu grupo e veio até nós com algo brilhando em suas mãos. Era a chave. Entregou-a e se retirou após algumas palavras cantadas.
A voz surgiu novamente, e mais um sinal no mapa apareceu em seguida. Era o local sagrado. Sem pensar duas vezes, corremos para os cavalos, e estávamos novamente na estrada.
O SHOW
Chegamos ao John Bull Music Hall, em torno das 18 horas. Então a neblina desapareceu e estávamos a pé, vestidas como antes. Assustadas, seguimos nosso caminho sem pensar muito no que havia acontecido. Eu ainda não sei se estava sonhando.
Durante todo o tempo que estivemos em torno da casa de shows, as portas estavam abertas. Pudemos ver os músicos transitando e ajustando os aparelhos. O baixista Kay Brem e o guitarrista Simeon Koch até saíram para fumar e conversar com os fãs.
O horário previsto para a abertura da casa era 20 horas. Já estávamos fartos de ficar na fila, quando finalmente abriram a casa às 21 horas. Pois é. Aparentemente a banda enfrentou vários problemas com equipamentos durante o dia, e isso acabou atrasando a abertura da casa.
Quando a banda de abertura, Thunder Kelt, começou a tocar, ainda havia pessoas entrando na pista. A apresentação foi claramente às pressas. Embora a banda seja muito boa, e tenha se apresentado bem, notamos que um clima de nervosismo estava no ar, poucos deles se moviam, e não falaram uma palavra sequer. Ok, a banda só tocou músicas instrumentais, mas você entendeu. 😛
Após a curtíssima apresentação da banda de abertura (acho que não chegou a 20 minutos), obviamente causada pelos problemas de infraestrutura, os técnicos correram para arrumar o palco para a atração principal da noite.
Em 10 minutos o Eluveitie estava no palco saudando o público e demonstrando muita satisfação com a casa cheia. O show correu bem, com algumas falhas técnicas. Em alguns momentos não dava para ouvir as guitarras, em outro o hurdy gurdy estava muito baixo e os vocais desapareciam e logo voltavam.
A banda executou muito bem todas as músicas, e se esforçou para se comunicar com o público e fazer a experiência ser realmente inesquecível. O vocalista principal Chrigel Glanzmann conversou bastante com a plateia e propôs bate-cabeça / roda punk em algumas músicas. Todos os integrantes estavam bastante impressionados com a participação do público, e também interagiam o tempo inteiro.
Quatro músicas do álbum novo, Helvetios, foram executadas, e duas delas levaram a platéia ao delírio. A Rose For Epona, faixa em homenagem ao cavalinho do Zelda, arrancou berros de satisfação da plateia. A música foi liberada gratuitamente e caiu nas graças da maioria dos fãs presentes, que decoraram a letra e cantaram com Anna Murphy. Meet The Enemy, também divulgada com antecedência, foi bem recebida pela plateia. Mas das duas surpresas da noite, Havoc e The Siege, nunca disponibilizadas pela banda e muito menos tocadas ao vivo, a segunda foi a mais aplaudida.
The Siege é um dueto de Chrigel e Anna Murphy, ambos cantando de forma gutural. Estávamos habituados com algumas participações guturais de Anna em algumas músicas, mas ela nunca havia gravado uma música inteira assim. E francamente, ficou fantástica! Anna Murphy foi a estrela da noite.
Inis Mona do álbum Slania de 2008, a música de mais sucesso da banda e responsável por recrutar muitos fãs, foi cantada a plenos pulmões pelo público, arrancando sorrisos da banda inteira.
CONCLUSÃO
Uma pena que o show foi curto. Várias pessoas sentiram falta de algumas músicas, principalmente Slania’s Song. E isso foi um dos motivos pelos quais eu tirei alguns alfredinhos da nota. Para piorar, a infraestrutura da casa deixou a desejar, a cerveja era caríssima, e a organização se atrapalhou consideravelmente (atrasos, lembra?).
A experiência foi realmente inesquecível. A banda se esforçou para dar atenção ao público, apesar do cansaço, e desceu para fotos e autógrafos após o show. Espero realmente que a banda retorne ao país, e que então dê tudo certo, e eles tenham a infraestrutura e o suporte que merecem. Até lá, fico na lembrança e nas fotos que tirei com Chrigel, Meri e Anna. =)
Setlist:
1. Everything Remains (As It Never Was)
2. Nil
3. Kingdom Come Undone
4. Callin The Rain
5. Thousandfold
6. Havoc
7. Tarvos
8. (Do)Minion
9. A Rose For Epona
10. Meet The Enemy
11. Quoth The Raven
12. The Siege
13. Inis Mona
Bis
14. Tagernakô