Ebony Ark – Decoder 2.0

0

Dessa vez não é culpa do Corrales, delfonauta. Ele não sabia, e o disco não veio com press-release. Bem, um disco de Gothic Metal caiu nas minhas odiosas mãos. Tendo em vista que meio mundo (ou metade dos delfonautas, o que parecer mais razoável) sabe o quanto eu odeio Nightwish e bandas góticas genéricas do gênero, acho que era esperado que esta fosse mais uma resenha matadora, né? Bem, acho que será.

Olha, se eu fosse imparcial, teria que elogiar pelo menos algumas coisas nisto aqui. É raro ver uma banda que consegue escrever um disco com 12 músicas e ainda colocar uma variação razoável entre elas. Bem, não sou tão legal assim. Já me disseram que eu nasci para destruir as coisas que as pessoas fizeram com carinho e, para piorar, não estou passando pelo melhor dos momentos da minha vida. Que tal se eu descontar minha frustração nesse pedaço de plástico estúpido, então? Sim, será muito pessoal. E, como esta porcaria aqui provavelmente tem só uns dois ou três fãs no Brasil, ninguém virá me encher o saco depois.

A primeira banda que me veio à cabeça foi After Forever. A desgraçada (parece que o nome dela é Beatriz Albert) que canta aqui tem a voz bem parecida com a da Floor Jansen. Timbre parecido, alcance parecido, etc e tal. Se alguém me dissesse que este aqui é o disco novo do After Forever, eu até acreditaria, visto que não ouço nada da banda desde, sei lá, 1968.

Ah, e parece que este disco aqui é uma regravação do disco anterior (o primeiro da banda), daí o nome Decoder 2.0. É realmente um começo e tanto para a carreira de uma banda quando o segundo disco é uma regravação do primeiro. Pensei em pegar alguma resenha velha minha, tipo a do Edguy, e reaproveitá-la também para um review 2.0, mas, como falei, tava precisando escrever algo raivoso.

Vamos falar desta bagaça faixa a faixa. O pior é que eu terei que parar de ouvir o disco que estou ouvindo (Dehumanizer, do Black Sabbath), para fazer isso.

In Our Memories: Bonitinha, mas, como tooooooda introdução, é pulável. Um piano genérico, terminando com aquela coisa inevitável de “Oh, lá vem uma música de Gothic Metal ou Melódico, ou os dois”. * bocejo *

Dead Men’s Lives: O nome me fez pensar em Piratas do Caribe 2, isso sim uma coisa divertida. A música tem toda a cara de After Forever, cheia de samples de orquestra, mas tenho que elogiar uma coisa. As guitarras são bem legais e a bateria me lembrou um pouco da boa época do Mercyful Fate.

Damned By The Past: Guitarras ainda legais, e isso até que predomina durante o disco. Um sujeito abre a boca no melhor estilo “carinha do Nightwish” e faz uns duetinhos durante a música. Acho que é Marco Hietala, mas não vou procurar o nome dele. Pena que os guitarristas Ruben Villanueva e Javier Jimenez não têm mais espaço, pois esse estilo gótico geralmente é mais focado na mulherzinha cantando.

Thorn Of Ice: Que tecladinho cretino é esse? Riff bobo, bateria genérica de Metal Melódico, e garota cantando com backing vocals. Ah, e eu juro que ouvi um certo toque de New Metal nessa coisa. Não quis ouvir de novo para confirmar.

Searching For An Answer: Pianinho chato, depois um tecladinho chato. A mocinha parece nervosa de vez em quando, pois força bastante a voz. Aí entra o vocalista macho, e, quando eu ia pensar em elogiar um pouquinho a banda, veio um refrão New Metal que fez meu almoço voltar à garganta.

Night’s Cold Symphony: Tem totalmente a cara do After Forever no começo, e uma cara bem Nightwish no refrão. Aí vem um solo meio forçadamente progressivo. Até que não é das piores do disco.

Dreaming Silence: Argh, eu não tenho saco para musiquinhas que começam com “Óóóóóóóóó”. Entra um tecladinho tentando imitar Dream Theater. Tenta ser um pouco progressiva, mas acaba sendo só tremendamente chata.

Farewell: O começo lembra Angra, mas com uma mulher cantando. Loooonga e muito repetitiva. Sério, a música tem 5 minutos e alguma coisa. Parece que alguém tocou 1:40, copiou essa parte em algum programa de edição de áudio e colou mais duas vezes. E convenhamos, quantas outras Farewells essas bandas precisam fazer até se tocarem que já existem Farewells suficientes? Daqui a pouco o número de Farewells no mundo do Metal Melódico vai alcançar o de Forevers.

Humans Or Beasts?: Essa é a pior, feita exclusivamente para fãs de Evanescence. Que droga de refrão é esse? Queria muito voltar a ouvir o disco do Black Sabbath que eu estava ouvindo antes disso. Também seria bem legal se a turnê do Heaven And Hell passasse por aqui.

Desire: Essa foi roubada de algum disco do After Forever, eu aposto! Tem bons riffs, estragados pelos gritinhos operísticos da diva Beatriz. É exatamente o tipo de música que eu odeio, feito por pessoas que tenho tudo para odiar. Preciso confessar que não ouvi essa música até o final (seis minutos é demais para mim), mas sei que não valeria a pena perder mais três minutos da minha vida mesmo.

Ball And Chain: Que diabos é isso? Cover da Celine Dion? Baladinha idiota carregada da interpretação vinda direto do coração da vocalista fêmea e, depois de um tempo, do vocalista macho. Quase destronquei o queixo de tanto bocejar.

A Merced De La Lluvia: Nossa, gótico com toques de New Metal cantado em espanhol/élfico/sei-lá? Tô fora. Graças ao bom Dio esta é a última.

Concluindo esta joça, o disco é indicado para fãs do After Forever. Eu não sou um deles, como o defonauta ligado pode ter percebido ao longo deste tormento. Agora sim, finalmente, vou voltar a ouvir Black Sabbath. E você?