Uma coisa que escapa à minha compreensão é porque todo desenho de bichinho vem em duplas. Tivemos Vida de Inseto e Formiguinhaz representando os invertebrados, depois Madagascar e Selvagem protagonizados por leões e seus amigos e finalmente Happy Feet e este Tá Dando Onda estrelados por pingüins. Em todos esses casos, o primeiro é sempre melhor do que a cópia e este não é exceção, até porque Happy Feet é um desenho deveras tremendão.
O FILME
Assisti a Tá Dando Onda sem grandes expectativas. Tinha tudo para ser só mais uma animação genérica que segue à risca todas as fórmulas de desenhos hollywoodianos. Tipo, carinha diferente dos outros sonha alto, encara um desafio, se torna um tremendão e finalmente descobre que o mais valioso na vida são os amigos. Eu estava certo. Esse é exatamente o roteiro.
As piadas também são fraquinhas, muitas delas requentadas de Happy Feet. Acredito que em nenhum momento cheguei a rir alto. No máximo, algumas cenas me fizeram sorrir ou exclamar algo tipo “óoow” por causa de alguma cena mais bonitinha.
Contudo, a partir da segunda metade, o negócio fica realmente interessante. Eu nunca surfei na vida, nem havia tido algum interesse em fazê-lo. E isso não aconteceu nem mesmo quando assisti a isso aqui. Mas Tá Dando Onda, por algum motivo, me emocionou justamente nesse aspecto.
Por exemplo, chega uma hora em que o protagonista Cody vai fazer sua prancha. Seu mentor pega um pedaço de madeira e fala: “A sua prancha já está aí dentro. Você só precisa achá-la”. Um pouco depois, ambos estão conversando e o mentor fala como é gostoso pegar o tubo, como estar dentro de uma onda é o melhor lugar para se estar. E isso me fez pensar que realmente deve ser uma sensação mágica, tão boa quanto pular de pára-quedas ou asa-delta. É uma pena que é uma sensação que eu provavelmente nunca vou experimentar, já que necessita de habilidades que eu não tenho e que já estou meio velho para adquirir.
De qualquer forma, é por cenas e diálogos como esses que acabei gostando do filme. E se ele causou essa sensação em mim, que nunca manifestei interesse pelo esporte, imagino como surfistas devem reagir a ele. Ah, e o elenco também conta com versões pingüins de profissionais do surfe, como o Kelly Slater, dublados pelos próprios.
Aliás, vale falar também da trilha sonora, que é simplesmente uma das mais legais do cinema recente. A única coisa que eu não gostei é da presença da clássica Wipeout. Tudo bem, a música é legal, mas ela já foi tão freqüentemente usada em qualquer coisa relacionada a surfe que dá a impressão que os caras nem sequer tentaram sair do lugar comum (o que também fica claro pelo roteiro). É mais ou menos como colocar aquela “everybody was kung-fu fighting…” para filmes de comédia com luta, manja?
A IMAGEM
Perfeita. Como já é tradição em desenhos em CGI, provavelmente foi copiado direto da fonte digital e não detectei nenhum problema com ela. Ah, o formato é widescreen anamórfico.
SOM
Dolby Digital 5.1 em inglês e português. Assisti em inglês e também não achei nenhum problema. Boa mixagem e boa qualidade. As legendas e menus também estão disponíveis em português e inglês.
EXTRAS
Tem bastante coisa, mais até do que eu esperava. Temos algumas cenas excluídas (com imagens de storyboards), alguns pequenos documentários, comentários em áudio com os cineastas e um videoclipe da Lauryn Hill. Tem também dois curtas dos Chubb Chubbs. O original, ganhador do Oscar, que você já deve ter visto e um novo que eu não conhecia, mas que é bem inferior ao original.
O extra mais legal, contudo, é um curta de uns três minutos onde um pingüinzinho ensina você a falar como um surfista. É simplesmente hilariante e nos seus cerca de três minutos, concentra mais (e melhores) piadas do que no filme inteiro. Por exemplo, se você é um surfista, você tem que chamar seus amigos de “dude”. Se você quiser soar extra-legal, estenda a palavra, dizendo “duuuuuuuude”. Já suas amigas não podem ser chamadas de “dudes”, pois elas não são caras. Então as chame de “dudettes”. Enfim, isso é só um pequeno exemplo, mas eu diria que só esse extra já vale o aluguel do DVD.
Completam a coleção alguns jogos, como sempre bem simples e não muito divertidos. Afinal, jogar com o controle do DVD definitivamente não é apropriado.
CONCLUSÃO
Tá Dando Onda é um desenho bonitinho, com uma história clichê. Contudo, se você gosta de surfe, provavelmente vai tirar lágrimas dos seus olhos e, se você nunca manifestou interesse pelo esporte, ele pode ser justamente o que faltava para despertá-lo. Compre aqui.