DVD: Salve-se Quem Puder

0

O Uwe Boll é um cara que caminha a passos largos para ser o pior cineasta da história. Na verdade, a fama do cara é tão ruim que não duvido nada que ele logo se torne cult, naquela linha Ed Wood, manja? Tipo, é tão ruim que se torna bom.

Porém, quantas pessoas aqui no Brasil realmente assistiram aos filmes dele? Admito que eu mesmo nunca tinha assistido nada e apenas conhecia a fama do cara. O Cyrino, por outro lado, uma vez comentou que House of the Dead ou Alone in the Dark, não lembro exatamente qual, era o pior filme a que ele já assistiu, seguido de perto pelo outro.

Assim, o prognóstico para Postal, dolorosamente batizado aqui no Brasil como Salve-se Quem Puder, decididamente não era bom. Porém, muni-me de bolas de aço, mantive a cabeça o mais aberta possível e decidi encarar a hercúlea tarefa de resenhar o mais recente lançamento do cineasta mais odiado entre os gamers. Infelizmente, terei que me abster de fazer comparações entre o game e o filme, pois não tive oportunidade de jogar Postal. Segundo o Homero, no jogo você controla um caboclo pê da vida com o mundo que decide dar o troco na sociedade, então a história aqui ficou um pouco diferente.

No filme, conhecemos um carinha frustrado com os rumos da sua vida. Ele tem um tio que fez fortuna inventando uma religião, mas esse tio está devendo dinheiro para o governo. Para salvá-lo, nosso herói desenvolve um plano infalível que envolve roubar e vender alguns bonequinhos deveras valiosos. O que eles não sabem é que Osama Bin Laden e toda a sua patota de terroristas estão atrás do mesmo bonequinho, com o plano de usá-los para livrar o mundo do Grande Satã.

Se parece que o roteiro atira para todos os lados é porque é bem por aí mesmo. E a história realmente tem falhas, tanto na criação quanto na própria narrativa. Porém, estaria mentindo se dissesse que não existem boas piadas aqui. A abertura, que mostra dois terroristas discutindo a quantas virgens terão direito quando se tornarem mártires, é impagável. Para você ver que eu não estou mentindo, confira a dita-cuja no final da resenha.

No pôster aí do lado diz que Postal é um South Park filmado. Essa é uma boa definição. Ok, não temos aqui a qualidade presente no desenho de Trey Parker e Matt Stone, mas é o mesmo tipo de humor, ou seja, aquele nonsense bem bobo, às vezes escatológico e grosseiro, porém intercalado com críticas sócio-religiosas e uma mensagem até bem legal.

Para completar, ainda temos uma saudável dose de metalinguagem, que inclui uma briga entre o criador do game Postal e o próprio Uwe Boll, com direito ao primeiro gritando: “Boll, o que você fez com meu jogo?”. Além do humor, temos também uma boa pitada de violência, com direito a muitas explosões, crianças levando tiros (com sangue espirrando e tudo) e até um nenê sendo atropelado. Hell, yeah!

O elenco não conta com nenhum nome do primeiro escalão, mas você com certeza vai reconhecer vários dos rostos de papéis secundários que fizeram anteriormente. Temos, por exemplo, Verne Troyer, o Mini Me de Austin Powers; Dave Foley, de Newsradio, Kids in the Hall e Celebrity Poker Showdown e até uma ponta de J. K. Simmons, o J. Jonah Jameson. Além deles, ainda tem uma infinidade de caras conhecidas, eternos coadjuvantes cujos nomes ninguém sabe. Mas se você já viu O Albergue, Samantha Who ou Titus, há de reconhecer mais alguns rostos.

O DVD lançado no Brasil vem em widescreen, com som Dolby Digital 5.1 (em inglês) ou Dolby Digital 2.0 (em inglês e português) e traz alguns extras humildes, como propagandas de TV, trailer e um “por trás das câmeras”.

Postal é um filme razoável, que excedeu minhas baixíssimas expectativas. Poderia ser excelente caso tivesse menos escatologia e uma história mais redondinha, mas devo dizer que meu primeiro contato com o Uwe Bolinha se deu sem grandes traumas. Você já teve o seu?

Curiosidade:

– Confira abaixo a cena que abre o filme, sobre as virgens reservadas para os mártires:


Galeria