Dupla Implacável

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Cara, a Playarte é complicada. Eles têm vários cinemas em São Paulo, mas mesmo assim 95% das suas cabines são feitas no próprio escritório, que fica num dos lugares mais inacessíveis da cidade. Para completar, as poucas que eles fazem nos cinemas de verdade são extremamente mal organizadas. Normalmente não tem ninguém responsável no horário marcado e os funcionários sequer sabem o que é cabine. Assim, o normal nas sessões de imprensa da distribuidora são atrasos que passam de meia hora.

Hoje foi assim. Uns 40 minutos de atraso para entrarmos na sala e, quando entramos, tivemos que ver uma apresentação em Power Point preparada para os exibidores (que estavam dividindo a sessão com os jornalistas) mostrando como este filme atrairia mulheres por causa do sex appeal dos protagonistas. Sigh

Aí já foi quase uma hora de atraso, mas a querida distribuidora resolveu ainda colocar cinco trailers antes do filme começar. Resultado: o que deveria começar às 10:30 começou praticamente às 11:30. E ferrou completamente o meu dia. Para me manter na programação e cumprir minhas obrigações, tive que ficar sem almoçar. Maldita seja você, Playarte!

Esse é o tipo de coisa pela qual eu normalmente tiro uns Alfredos da nota, mas hoje estou de bom humor. Então vamos à resenha. Jonathan Rhys Meyers é um mariquinha que recebe o trabalho de ir buscar John Travolta em um aeroporto. A partir daí, eles se metem em altas confusões relacionadas a terroristas e tal…

Na real, o roteiro é o lixo do lixo. A pouca história presente não faz o menor sentido e, para ser sincero, não sei se conseguiria sinopsiar o filme sem apelar para a ferramenta das altas confusões. E o começo, em especial, é chato pra burro. Porém, quando o personagem do Travolta aparece, depois de uns 20 minutos, a diversão finalmente começa.

E a partir daí, até vale a pena. Temos cenas de ação divertidas, explosões, tiros de bazuca e piadas a rodo. Até o inexpressivo personagem do Jonathan chega a ficar mais simpático no decorrer do longa, quando ele começa a criar bolas.

Mas quem carrega o filme nas costas mesmo é o Travolta. O personagem dele é o cúmulo do cool, com bolas do tamanho do Everest e se auto-designou a missão de fazer o Jonathan deixar de ser emo e começar a agir como homem. Ou seja, sair por aí explodindo coisas enquanto arrota o alfabeto. Todo mundo junto agora: hell, yeah!

Infelizmente, mesmo as cenas de ação que tentam ser estilosas acabam sofrendo graças à terrível direção que acha que, para ter estilo, basta tremer a câmera. Assim, mesmo quando o bicho está pegando, você dificilmente consegue entender o que está acontecendo, diminuindo consideravelmente a quantidade de hell, yeahs e de Alfredos na nota ao lado.

Dupla Implacável, no final das contas, é um filme divertido, mas não se destaca no meio de um monte de filmes de ação melhores. Vale a pena ver na TV ou apenas se você estiver realmente entediado e já tiver visto tudo mais que está em cartaz.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
dupla-implacavelPaís: França<br> Ano: 2010<br> Gênero: Testosterona Total<br> Duração: 93 minutos<br> Roteiro: Adi Hasak e Luc Besson<br> Elenco: John Travolta e Jonathan Rhys Meyers.<br> Diretor: Pierre Morel<br> Distribuidor: Playarte<br>