Dívida de Honra

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O delfonauta desavisado pode olhar para o pôster ao lado e falar “olha, um faroeste! Legal”. Pois um dos muitos motivos que faz os delfonautas desavisados acessarem o DELFOS é que entrando aqui uma metamorfose acontece, e ele passa a ser um delfonauta avisado. Pois é. Mágica e tal.

Aqui conhecemos uma pequena cidade do Velho Oeste estadunidense. Algumas mulheres de repente ficam com a macaca e, dessa forma, devem ser levadas para uma igreja em um povoado que fica a cinco semanas de distância. Não procure sentido nisso, mas essa é o tema que leva o filme.

A missão de escoltar as doidas recai sobre a Hilary Swank, afinal, quem melhor para a missão do que uma Karate Kid? Ela logo conhece o Tommy Lee Jones e, ao lembrar que ele foi o Duas Caras no filme do Batman preferido de todo mundo, chama o cara para ajudar na difícil missão.

Pronto, a sinopse está formada, e também temos aí um resumo de basicamente tudo que acontece no filme. Não espere a diversão comum aos Faroestes. Do gênero, Dívida de Honra traz apenas a ambientação. Na verdade, ele é bem entediante. Não chega a ser ruim, mas a ausência de coisas interessantes acontecendo o torna um tanto enfadonho demais até para ser um filme nada.

Em alguns momentos, até parece que algo vai acontecer, mas o roteiro nunca elabora esses ganchos. Por exemplo, a cena dos índios tem um setup bem emocionante e parece que ali o negócio vai engrenar, mas a coisa é solucionada de forma rápida e apressada, sem tirar todo o leite que a cena tinha para dar.

O mesmo pode ser dito da única outra cena que tinha potencial para dar em algo: a do hotel. Essa até rende o melhor momento do filme, mas também nos apresenta a um desfecho apressado e sem muito desenvolvimento.

A direção do filme é do ator Tommy Lee Jones, mas trata-se de um trabalho bastante padrão. Digamos, bom o suficiente, mas sem nada digno de nota. Se tanto, ele poderia ter melhorado a narrativa na tentativa de fazer esta história em que nada acontece ser mais interessante.

Outra coisa que merece ser comentada são os pedidos de casamento da personagem da Hilary Swank, que chegam a arrancar risadas de tão racionais que são. E ela pede a mão de pelo menos dois caras no decorrer da projeção, o que dá a entender que para ela esta é a evolução natural de qualquer relacionamento entre um homem e uma mulher.

Então não se deixe enganar, delfonauta desavisado e agora avisado, Dívida de Honra não é um faroeste, mas um oscarizável, daqueles que não tenta divertir, mas arrancar lágrimas do espectador. Se te interessa ver um representante do gênero no Velho Oeste, pode ser uma boa pedida, mas eu certamente não o recomendaria para nenhum delfonauta digno desta alcunha.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
divida-de-honraPaís: França / EUA<br> Ano: 2014<br> Duração: 122 minutos<br> Roteiro: Tommy Lee Jones, Kieran Fitzgerald, Wesley A. Oliver<br> Elenco: Tommy Lee Jones, Hilary Swank, Grace Gummer e Miranda Otto.<br> Diretor: Tommy Lee Jones<br> Distribuidor: Califórnia<br>