Destruction – Inventor of Evil

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O Destruction é uma banda curiosa. Os caras começaram nos anos 80 e formaram a tríplice aliança alemã do Thrash Metal, juntamente com o Sodom e o Kreator. Mas enquanto essas duas bandas explodiram e se tornaram verdadeiras lendas da música pesada, nosso grupo em questão lançou o clássico Eternal Devastation em 1985 (um dos discos que mais inspirou o começo do Sepultura, só para citar uma de suas inúmeras importâncias), mas passou por um período turbulento depois, em 1989, quando o baixista e vocalista Marcel Schirmer (mais conhecido como Schmier ou o clone de Dee Snider sem maquiagem) resolveu abandonar a banda por diferenças criativas e fundou o Headhunter, banda de Power Metal que lembrava mais o Rage do que propriamente o Thrash do Destruction.

Sem um de seus principais idealizadores, a banda afundou durante todos os anos 90 com trabalhos inconsistentes, sem o brilho de outrora, e só foi reencontrar o caminho da glória quando o mesmo Schmier voltou em 1999 (com um show inesquecível no Wacken Open Air daquele ano). Em seguida, os caras lançaram o bom All Hell Breaks Loose. Mas aí sim eles surpreenderam o mundo metálico e despejaram uma dobradinha de álbuns fenomenais (o ótimo The Antichrist e o excepcional Metal Discharge) que recolocaria o Destruction no patamar de ícone do Thrash e, ainda melhor, influenciaria toda uma nova geração de bangers.

Honestamente (e não me chame de herege) considero esses últimos trabalhos bem melhores do que tudo que os caras lançaram nos anos 80 e aí incluo o Eternal Devastation também. Esse fenômeno da banda soar ainda melhor em sua “volta” parece típico dos alemães, afinal, na minha opinião, o mesmo ocorreu com o Grave Digger, que lançou bons trabalhos nos anos 80, mas se destacou mesmo depois da volta nos 90.

Seguindo a boa seqüência, Schmier (baixo e vocal), Mike Sifringer (guitarra) e Marc Reign (bateria) lançam mais um bom disco de Thrash Metal, embora não mantenha o pique dos trabalhos anteriores. Não me entenda mal, Inventor of Evil é um álbum acima da média, competente e criativo, mas dá uma freada na qualidade em comparação com o anterior, Metal Discharge.

A impressão clara é que o disco alterna bons e maus momentos. Ele começa devagar com a faixa Soul Collector, engrena com a ótima The Defiance Will Remain (que riff matador, meu Deus!) e pisa no freio de novo em The Alliance Of Hellhoundz.

Sim, infelizmente tenho que incluir a Hellhoundz na lista das fraquinhas, pois apesar da baita expectativa que essa música gerou, ela é bem bobinha e não condiz com o objetivo do Destruction, ao tentar criar um hino do Heavy. Para quem ainda está perdido, há cerca de um ano, Schmier anunciou que a banda gravaria uma faixa para o novo álbum que reunisse uma verdadeira constelação da música pesada, os escolhidos foram: Biff Bifford (Saxon), Doro Pesch (ex-Warlock e atual Doro), Shagrath (Dimmu Borgir), Speed (Soilwork), Paul Di´Anno (ex-Iron Maiden/Killers), Messiah (Candlemass), Mark Osegueda (Death Angel), Peavy (Rage) e Peter Tägtgren (Hypocrisy/Pain). O time é bom e a idéia foi boa, mas a execução deixa a desejar com uma música chatinha e sem punch.

Mais três faixas legais vêm em seguida, com a pesadona, porém genérica, No Man´s Land, a diferente The Calm Before The Storm, com um começo lento e dedilhado para se transformar em uma das mais porradas do CD, lembrando os ótimos momentos dos trabalhos anteriores, e The Chosen Ones que nos remete bastante aos últimos trabalhos do Exodus com um refrão bem marcante.

Daí para frente, o álbum perde um pouco o fôlego. Dealer Of Hostility é uma faixa boa, mas nada que você nunca tenha ouvido antes, inclusive neste mesmo álbum. Ela é seguida por uma música mais legal, Under Surveillance, com outro riff matador, mas também sem muita originalidade.

Agora sim, Seeds Of Hate, traz todo o Destruction clássico de volta, com alguns elementos modernos e considero a faixa mais “experimental” e legal de Inventor of Evil. Essa mostra todo o potencial dos alemães com suas diversas viradas (algumas bem psicodélicas e diferentes de tudo o que os caras já fizeram antes) e um solo bem marcante. Quer saber? Essa música sozinha vale o CD!

Infelizmente, as últimas faixas não seguram a ponta e a qualidade cai de novo com mais duas músicas pesadas, mas bobinhas: Twist Of Fate e Killing Machine. O álbum fecha com a viajante instrumental Memories of Nothingness.

O que não posso deixar de destacar também (e isso já é uma constante nos CDs da banda) é o ótimo trabalho gráfico com o nosso querido mascote Mad Butcher se olhando no espelho em uma perspectiva que lembra um jogo FPS de computador, em especial um antigão chamado Redneck Rampage, do qual provavelmente só o Corrales e eu nos lembramos.

Enfim, o Destruction lança mais um álbum legal, mesmo que Inventor Of Evil não tenha tanta criatividade e inspiração quanto os anteriores. Mas se você gosta de um bom Thrash e não criou tantas expectativas, pode levar.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
destruction-inventor-of-evilAno: 2005<br> Gênero: Thrash Metal<br> Artista: Destruction<br> Gravadora: Nuclear Blast<br>