Destiny: The Taken King

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Em seu primeiro ano, Destiny conseguiu desenvolver uma relação de amor e ódio com aqueles que o jogaram. Com visuais lindos (até hoje um dos mais bonitos da nova geração) e um gameplay simplesmente delicioso, além de músicas muito bem compostas e uma mecânica nada menos que sensacional, não é difícil perceber as muitas qualidades da menina dos olhos da Bungie (criadora de Halo).

Porém, apenas algumas horas com o jogo também o colocaria em contato com muitas decisões de design no mínimo questionáveis. Raríssimos engramas roxos que viravam itens azuis (a cor determina a qualidade e azul é pior do que roxo no mundo de Destiny). A necessidade de upar novamente todas as armas exóticas quando o primeiro DLC, The Dark Below, foi lançado. A pouca quantidade de atividades e o fato de que a maior parte delas culminava em uma arena onde o jogador tinha que sobreviver por vários minutos enquanto o sidekick Fantasma operava algum mecanismo.

Eu contei em detalhes minha relação com os primeiros meses de Destiny em um texto que escrevi para o Kotaku, no qual detalhei toda minha jornada durante os meses que o joguei diariamente até finalmente desanimar e largá-lo por bastante tempo.

THE TAKEN KING E DESTINY

Agora, um ano depois de seu lançamento original, Destiny ganha uma nova versão ou um DLC, dependendo de como você encarar. Isso porque The Taken King, ou O Rei dos Possuídos no Brasil, pode ser comprado à parte na PSN por 40 dólares ou então você pode comprar o jogo completo, incluindo as duas DLCs anteriores e a nova expansão pelo preço total de um novo lançamento.

Basicamente, se você já tinha o jogo com as duas DLCs lançadas antes e quer continuar jogando Destiny, a compra de TTK não é opcional. Isso porque a Bungie lacrou boa parte dos conteúdos antigos que os jogadores mais faziam atrás da paywall do novo DLC. Ou seja, não dá mais para fazer as missões diárias, os assaltos heroicos e anoitecer, além de boa parte dos seus equipamentos do ano um, incluindo as armas exóticas preferidas dos fãs (em especial a Quebra-gelo e a Gjallarhorn), terem se tornado quase inúteis no ano dois.

Ou seja, nos primeiros minutos com o “novo Destiny”, prepare-se para substituir todos os equipamentos roxos e dourados (as cores de maior “qualidade”) que você penou para conseguir por coisas verdes e azuis (as mais “comuns”).

Isso tudo torna a postura da Bungie um pouco agressiva para os jogadores antigos, que são obrigados a comprar uma expansão que, sozinha, custa quase o preço de um jogo novo, para continuar fazendo coisas que faziam antes. Mais uma das muitas decisões questionáveis que a desenvolvedora tomou em relação ao jogo.

Por outro lado, se você não jogou Destiny até agora e está considerando ver qual é que é, temos aqui não apenas uma versão mais completa, mas também mais balanceada, mais divertida e cheia de coisas para fazer.

DESTINY É NOVO DE NOVO

Quando coloquei o meu Taken King para rodar, eu estava muito empolgado. Não dá para negar, eu adoro Destiny, e a possibilidade de ter uma nova campanha e um novo planeta para explorar muito me animavam.

Logo que desci na primeira missão, ainda em Marte, planeta já conhecido do ano um, vi que tínhamos novos cenários e que, ao contrário dos dois DLCs anteriores, a expansão nova realmente nos levaria a lugares inéditos, mesmo nos planetas “velhos”.

É inegável que a Bungie aprendeu muito no seu primeiro ano com Destiny. Este sempre foi um jogo que era “muito legal, apesar de…”. Agora a gente pode tirar esse “apesar”. O Destiny do ano dois é simplesmente muito legal, com missões divertidas e diferentes entre si. Tem até um momento stealth na nova campanha e várias horas que você vai pulando de plataforma em plataforma como se fosse um encanador bigodudo.

E tudo que ele já tinha de bom, é claro, continua lá. Os ambientes são lindamente detalhados. O gameplay é provavelmente o melhor do gênero FPS. As músicas são empolgantes e combinam com cada situação. Só que, ao contrário de antes, agora Destiny realmente parece um jogo grande, com muitas atividades, missões e coisas legais para fazer.

A campanha principal tem oito missões e mais algumas aparecem depois que você a conclui. Além disso, existem quatro novos assaltos (um deles exclusivo de Playstation). Porém se você joga em um Xbox, não tema, pois os três assaltos anteriormente disponíveis apenas nos consoles da Sony agora também chegam ao lado verde da força.

Os chefes dos assaltos, que antes eram batalhas longas e entediantes, agora são mais dinâmicos, com mudanças de cenários e mesmo novas mecânicas, como um chefe que você enfrenta no escuro. É a Bungie mostrando que ouviu as críticas dos jogadores e está disposta a deixar seu jogo cada vez melhor.

Também há oito novos mapas competitivos (contando com um exclusivo de Playstation) e três novos modos de jogo. Um deles envolve recarga rápida de habilidades, o que significa que você pode usar seu super com frequência, deixando as partidas bem caóticas e divertidas.

Digo mais, se você ainda não jogou e resolver pegar esta versão nova, provavelmente terá alguns dos melhores momentos que os jogos da nova geração são capazes de proporcionar.

NOVAS SUBCLASSES E NÍVEIS

Além das novas missões e do novo planeta, cada uma das três classes de Destiny ganhou uma nova subclasse. Minha personagem é uma arcana e a nova subclasse envolve um supergolpe deveras apelão no qual ela sai voando e atirando raios pelas mãos, no melhor esquema lorde sith. É poderoso pra caramba, mas é mais útil para dizimar uma horda de inimigos fracos do que um único fortão.

Já a nova classe dos caçadores aparentemente não é tão legal, e envolve um único tiro com um arco e flecha. Os titãs ganharam a possibilidade de causar várias explosões, o que é bem frustrante quando você está encarando um no Crisol.

Uma coisa que eu estava empolgado é que agora subir de nível dependeria apenas da experiência, não mais dos equipamentos. Pois não é bem assim. Você sobe até o nível 40 fazendo quaisquer atividades, como antes acontecia até o vigésimo.

A partir daí, você precisa usar equipamentos com valores mais altos para subir o seu “nível de luz”, o que é basicamente a mesma coisa de antes. Agora, pelo menos, o sistema é muito mais flexível e menos punitivo. Você não precisa mais de equipamentos específicos que só caem em atividades muito difíceis para subir de nível. Agora não interessa o que você faça, sempre acaba ganhando equipamentos um pouco melhores, upando lentamente o seu nível de luz. Melhorou bastante.

DUBLAGEM

Destiny é totalmente dublado em português, mas eu prefiro jogar no idioma original. O fantasma, anteriormente dublado por Peter Dinklage, de Game of Thrones, foi duramente criticado por jogadores e pela mídia especializada de todo o mundo. Porém, o negócio era tão ruim que chegava a ser divertido, e o personagem foi até apelidado pelos fãs de Dinklebot.

Pois agora a Bungie regravou todas as falas do Dinklebot com a voz de Nolan North (famoso por Uncharted, mas provavelmente o ator de games mais prolífico da atualidade) e a mudança é absurda. Simplesmente parece um outro personagem, a ponto de que eu demorei para perceber quem estava falando da primeira vez que o ouvi.

Porém, o Dinklebot deixará saudades. Seria legal se fosse possível ativar a voz antiga nas opções, mas agora o Fantasma só tem uma voz, e é a de Nolan North (se você jogar em inglês, claro).

Um ator que merece destaque é o Nathan Fillion, mais conhecido como Castle. Ele dubla o líder da vanguarda dos caçadores. Eu tive muito pouco contato com ele antes, já que minha personagem era uma arcana, mas na história nova ele é bastante importante, e tanto o roteiro quanto sua performance são muito legais, arrancando várias risadas ao longo da campanha.

REQUENTADO

Uma coisa que me decepcionou em The Taken King é que os novos inimigos, chamados de “possuídos”, são basicamente versões dos inimigos antigos, só que pintados de preto. Seria legal se tivéssemos uma nova raça de personagens para enfrentar.

Além disso, poderia ter mais planetas novos. Apenas Saturno é pouca coisa considerando que o original tinha quatro planetas, além de que os quatro anteriores são visualmente bem mais legais do que Saturno.

Outra coisa que realmente afetou a nota final é que depois de fazer todas as missões novas, você recebe alguns quests daquele tipo “abra 25 baús em Saturno” ou “faça três patrulhas em cada planeta”. É o tipo de coisa que sempre foi chato em Destiny e só existia para encher de conteúdo um jogo que trazia muito pouca coisa para fazer.

Agora que não é mais o caso, e realmente há bastante conteúdo por aqui, não tem mais porque isso existir. Mas ainda está lá, e se você quiser algumas das recompensas mais legais (como uma espada, arma nova e bastante poderosa), vai ter que fazer. Pena.

O REI DOS FPS

Destiny: The Taken King ainda tem algumas decisões de design questionáveis, mas seus acertos estão muito mais valorizados do que antes. Temos agora um jogo que é tão divertido quanto antes, mas é muito mais acolhedor para novos e velhos jogadores. É o melhor momento para entrar no jogo que vem dando o que falar durante o último ano, e mesmo que você já tenha enjoado dele, a nova campanha é legal o suficiente para valer a compra.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
destiny-the-taken-kingAno: 2014 (Destiny) e 2015 (The Taken King)<br> Gênero: FPS/RPG<br> Preco: R$250,00 (jogo + três expansões)<br> Plataforma: PS4, Xbox One, PS4 e Xbox 360<br> Fabricante: Bungie<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Activision<br>