Recentemente, eu dei uma relida naquele texto sobre a família Lee, onde nosso amigo Thiago Cardim falou isso sobre Ang Lee:
“Assim como Bruce e Brandon, outro egresso do braço oriental da família. Mas, assim como Spike, decidiu virar cineasta. Fez filmes sobre a tradicional família estadunidense, sobre um bando de chineses que trocavam sopapos enquanto voavam e até sobre aquele monstrão verde e bonzinho cujas histórias o Tio Stan contava. Mas, em busca de uma versão dourada daquele homem prateado do Tio Stan, embarcou num filme esquisito sobre dois caubóis gays. E aí o caldo entornou. Ninguém na família nunca mais olhou para ele da mesma forma.”
Isso tem muito a ver com a minha própria opinião sobre o cara. Eu realmente gosto da sua versão do Hulk, mas depois daquele terrível, clichezento e gratuito filme sobre os caubóis gays, eu viveria perfeitamente bem se nunca mais visse nada de sua autoria.
Infelizmente, minha profissão não é tão benevolente, portanto estou aqui, sentado em frente ao meu computador como uma fração do homem que eu era algumas horas atrás. Agora sou um ser que mal chega a ser uma pessoa, meu coração é negro e o sentimento mais bonito que passa por ele no momento é a vingança. Tudo isso por causa das quase três horas que gastei no mais novo (e, ainda assim, velho, pois é de 2007) filme de Ang Lee. Quantas coisas eu poderia ter feito nesse tempo? Poderia ter conhecido países exóticos e pessoas estranhas. Para isso, precisaria apenas ir a uma convenção de Star Trek. Mas não, pois o Ang Lee tinha que fazer outro filme, mesmo sem ter mais nada a dizer.
É até difícil fazer uma sinopse, pois o troço é cheio de diálogos e situações que não levam a lugar nenhum. Se eu quisesse alguma coisa longa, chata e sem emoções, bastaria minha vida. Porém, em nome do profissionalismo, tentarei sinopsiá-lo.
Em 1941, Shanghai está sendo ocupada por japoneses. Daí um grupinho de rebeldes decide punir um traidor. Para isso, mandam a mina mais bonita da turma e ordenam que ela faça miséria com ele. Ou algo parecido com isso. Vai entender a lógica dos orientais. Afinal, eles leem de trás pra frente…
Gratuidade é a palavra-chave aqui. São cento e cinqüenta e sete minutos de projeção para NADA acontecer. E esse cinquenta é com trema mesmo, só para você ter uma ideia do meu drama. Aliás, para você imaginar o que rola por aqui, o filme é composto de mais ou menos os seguintes itens:
– 666 cenas de diálogos vazios e gratuitos.
– Um assassinato ridículo e gratuito.
– Umas cinco ou seis cenas de sexo explícito ridículas e gratuitas.
Parece ruim? Pois fica pior! Você já viu alguma cena de sexo no cinema oriental? Eu sei que você já viu filmes pornôs da terra do sol nascente, então deve saber do que estou falando. É terrível. Sabe-se lá por qual motivo, eles parecem só achar sexy quando uma das duas partes fica completamente passiva, como se fosse estupro.
Parece ruim? Pois fica pior! Ainda mais! A mina em questão, Wei Tang, é linda, mas sabe-se lá por qual motivo, ela não depila o sovaco. É mole? Ela sabe que vai ficar pelada e mesmo assim não faz isso? Se o jeitão de estupro já não era suficientemente brochante, isso foi o golpe fatal.
Para completar a gratuidade, nosso diretor preferido ainda optou por uma não-linearidade gratuita que serve só para confundir. Como se a semelhança física dos atores e seus nomes parecidos já não cumprissem esse papel. Duvida que os nomes são semelhantes? Então saca só alguns, copiados do release: Kuang Yu Min, Huang Lei, Lai Shu Jin, Liang Jun Cheng, Ma Tai Tai, Hsiao Tai Tai, Leung Tai Tai, Liao Tai Tai, Mai Tai Tai… Chega? Vai decorar quem é quem!
Pontos positivos? A beleza das mulheres. E só. Considerando que elas têm pêlo no sovaco, aliás, isso não significa muita coisa. O troço era tão ruim e tão entediante que eu vi umas quatro ou cinco pessoas saírem no meio da sessão, o que nunca tinha visto antes em uma cabine. Se nem os jornalistas aguentam, que podemos dizer do público médio, que já acha Watchmen chato?
O troço é tão absurdamente ruim que o único motivo que consigo pensar para isso ter sido feito é alguma tentativa de fazer o pornô mais longo da história. Provavelmente conseguiram, mas eu já vi pornôs bem melhores. Sabe, aqueles com atrizes que depilam o sovaco e tal…
Se você faz parte daquele grupo de pessoas que, ao assistir ao excelente Herói, ficou se perguntando como diabos são as bolas do Tony Leung, talvez saia satisfeito de Desejo e Perigo, feliz pela sua dúvida ter sido finalmente esclarecida. Como esse pensamento numa me passou pela cabeça, contudo, não teve absolutamente nada aqui que compensasse a manhã perdida.
Curiosidades:
– A não ser que Odin realmente me odeie muito, temos aqui o pior filme de 2009. E consegue ser pior que Otto. Pelo menos o pornô dos zumbis emos gays durou umas duas horas a menos. E é melhor não ter mulheres peladas do que ter mulheres com o sovaco peludo, por Satã!
– Alguém me explica: por que os filmes pornôs honestos orientais precisam, por exigência legal, ter as partes pudentas censuradas e no cinema pornográfico “de arte” do Angry Lee, pode mostrar tudo?