Darksiders 2: Deathinitive Edition

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Darksiders foi lançado em 2010 e foi muito bem recebido. Seu design caprichado com grandes influências de quadrinhos e sua temática centrada nos quatro cavaleiros do Apocalipse fizeram a cabeça dos nerds gamers mundo afora.

Dois anos depois, sua continuação chegou às lojas para a geração passada de consoles, com uma proposta inovadora: ao invés de contar uma história que se passasse antes ou depois do jogo original, teríamos uma que acontece ao mesmo tempo. Se no primeiro, o jogador controlava o cavaleiro Guerra, agora assumiria o papel do seu irmão, Morte, em uma jornada que visa provar a inocência do seu brother e se redimir de pecados do passado.

Fast-forward para 2015, quando, semanas atrás, Darksiders 2: Deathinitive Edition chega aos consoles da geração atual em uma versão remasterizada e com todos os DLCs.

DARKSIDERS 2

Eu joguei o primeiro Darksiders um tanto atrasado, mas gostei muito dele (o que rendeu em parte este texto). Gostei tanto, aliás, que logo fui atrás da sequência.

Para minha surpresa, no entanto, o jogo foi muito alterado em sua continuação. O que era um Metroidvania simples, com poucas armas e upgrades, se tornou um RPG, trazendo mundo aberto, sidemissions, e roupinhas e armas com estatísticas que afetam diretamente o personagem. Essa profundidade nova me pareceu desnecessária, tirando do jogo o apelo plug and play que ele tinha anteriormente.

2015 veio e eu comecei a jogar um monte de RPGs. The Witcher 3, Fallout 4 e outros foram não apenas jogados por mim, mas também resenhados.

Para esse novo Corrales RPGista, Darksiders 2 já não parece mais tão intimidador quanto pareceu anos atrás. Apesar das customizações, estatísticas e afins, ele não tem a profundidade de escolha ou os diálogos pesados de suas contrapartes de gente grande. O que temos aqui tem muito de RPG, mas está mais para um Bloodborne do que para um Witcher em complexidade.

Uma coisa que me chamou a atenção jogando Darksiders 2 novamente é o quanto ele é focado na locomoção. Lembro de o jogo ser originalmente muito comparado a God of War, mas ao analisá-lo agora, de cabeça fria, vejo que ele está muito mais para um Prince of Persia.

Isso porque boa parte do seu tempo você vai passar correndo em paredes, pulando de um lado para o outro e resolvendo puzzles muito bem planejados e envolventes. O level design de Darksiders 2 é nada menos do que fantástico, tornando até mais prazeroso simplesmente explorar seus locais do que sair na porrada com monstrinhos.

Não que a porrada seja ruim. Muito pelo contrário. Temos um combate simples e eficiente. O botão X ataca com suas foices, que são rápidas e têm ataque médio, enquanto o Y usa armas secundárias, que podem ser martelos e machados gigantes (lentos e fortes) ou garras e luvas (rápidas e fracas). Como as foices já são bem rápidas, eu gostava mais de combinar com uma arma pesada para ter a opção de fazer altos danos nos bichinhos quando tivesse abertura.

Ainda assim, este não é o foco do jogo. Você não vai passar a maior parte do tempo lutando, mas explorando e pensando em soluções para chegar ao seu objetivo. E solucionar os dungeons realmente exige muito do jogador. Um dos últimos, The Ivory Citadel, me deixou literalmente esgotado quando o terminei. Parecia que passei as últimas horas não jogando um game divertido, mas tendo feito uma complicada prova. Isso demonstra o cuidado que a Vigil Games teve com o level design.

DEATHINITIVE EDITION

Como já é padrão em remasters, admito que eu não vi diferenças específicas nos gráficos. Porém, ao contrário de The Nathan Drake Collection, aqui o visual não parece ser datado. Talvez isso aconteça porque, ao contrário de Uncharted, a beleza de Darksiders é mais estilizada e menos realista. O jogo tinha cara de uma bela HQ quando saiu para a geração passada e continua com essa mesma cara, o que é ótimo.

Decepcionante no visual é apenas a repetição de cenários, já que quase todos os dungeons são feitos de pedra e têm basicamente a mesma cara. Apenas os dois últimos da campanha têm um visual diferente e mais criativo.

O som, por outro lado, achei muito bom. Os efeitos sonoros são altos e claros, dando muita vontade de jogar com o volume no máximo. As músicas não são tão boas quanto as do original, mas ajudam a criar o clima épico e místico que o jogo se propõe a ter.

Porém, devo falar de um problema bastante comum e bem chatinho que aconteceu: chiados. O jogo chiava a todo momento, dando a impressão de minhas caixas de som estarem mal conectadas, o que não era o caso. Enquanto testava, rolou um update que aparentemente resolveu esse problema, então não deixe de atualizar o jogo caso o adquira.

Outro problema técnico que não foi resolvido até o fechamento deste texto são, curiosamente, quedas de framerates. O delfonauta nunca me viu reclamando disso por aqui. 60 fps, 30 fps, admito que eu não sei dizer a quantos fps o jogo está rodando. No entanto, aqui é relativamente comum (do tipo uma vez a cada cinco ou 10 minutos), de o jogo não chegar a ficar em câmera lenta, mas pular quadros de animação, como se fosse um DVD riscado (o que não era o caso, já que a versão analisada é digital).

Achei um problema curioso isso acontecer no remaster de um jogo que rodava suave no PS3, mas chega a rolar com tanta frequência que atrapalha e pode até causar algumas mortes quando isso acontece no meio de uma escalada vertiginosa.

DLCs

Uma outra coisa que me chamou a atenção é que o jogo não começa com os DLCs destravados. Caso você tenha o disco na geração passada e queira começar sua aventura pelos DLCs, não poderá fazê-lo. É preciso jogar muito – MUITO – para desbloquear cada um dos três grandes DLCs. O primeiro deles abriu para mim depois de 20 horas de jogo, e os outros dois foram liberados lá no finalzinho da campanha, quando estava batendo na casa das 30 horas.

Na campanha normal, os DLCs trazem algumas novidades, como uma nova sidemission (Bloodless, bem chatinha) e alguns itens novos à venda. Os três pacotes de DLC principais, depois de desbloqueados, são escolhidos na tela título e utilizam o personagem com as habilidades, nível e itens da campanha. No entanto, cada um deles guarda um save separado, possibilitando que você alterne entre os três ou até com a campanha a seu bel prazer. Falemos um pouco de cada um deles.

The Abyssal Forge: Este é o primeiro a ser destravado. Para mim ele durou três horas e trouxe dois novos dungeons e dois novos chefes. Os dungeons têm o mesmo capricho dos mais avançados da campanha principal e são bem legais. Ele traz também algumas armas lendárias novas, mas como joguei após terminar a campanha, não veio nada com estatísticas melhores do que as que já tinha (o que se repetiu nos três DLCs).

Argul’s Tomb: Este durou duas horas e vem com três novos dungeons menores do que os do DLC anterior, mas igualmente caprichados. Traz dois novos chefes, um deles uma versão mais forte de um inimigo presente na campanha principal e outro um dragão que rende uma luta bem legal.

The Demon Lord Belial: Este DLC durou 10 minutos para mim. Acontece que eu cheguei a um ponto onde você deve perseguir um sniper, e para isso eu deveria simplesmente passar por uma porta. Porém, todas as portas do local estão trancadas e eu não posso nem voltar para as salas anteriores. Estou literalmente preso e o jogo salvou lá, sem a possibilidade de reiniciar o DLC do zero. Como este DLC é o último a ser liberado, apenas quando você chega no chefe final, caso começasse um novo save, teria que jogar a campanha inteira para poder reiniciar este.

Sabe o que é pior? Este bug já estava no jogo na geração passada, e não só não foi resolvido lá como foi transportado para o remaster. É um final amargo para as 35 horas que passei com Darksiders II: Deathinitive Edition. De qualquer forma, pelo que está divulgado por aí, este DLC deveria ter dois novos chefes (não encontrei nenhum deles) em um novo dungeon, que se passa na Terra, dando a ele um jeitão do primeiro Darksiders.

Devo admitir que depois do dungeon The Ivory Citadel, eu já estava um pouco cansado do jogo. Ainda assim, quando o terminei, deu aquele gostinho de quero mais, o que deixou bem legal ter um bis nos três DLCs, que concluí com todo o prazer. Só é uma pena que este problema técnico tenha me impedido de terminar o terceiro.

GUERRA, MORTE

Se você não jogou Darksiders 2 na geração passada, o que temos aqui é um jogão (literalmente, pois é bem longo), muito divertido e que merece ser jogado. Se já jogou, aqui há a possibilidade de jogar os DLCs, que talvez você não tenha jogado (eu não tinha), mas fora isso não há grandes diferenças que justifiquem a compra, a não ser que você queira tê-lo novamente nos consoles atuais.

Embora já tenhamos aqui muitas horas de jogo, fica aquela sensação de que o primeiro Darksiders poderia ter sido incluído no pacote. Eu gostaria muito de jogá-lo de novo, até porque o considero melhor do que esta continuação que, cá entre nós, também é bem legal.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
darksiders-2-deathinitive-editionAno: 2015<br> Gênero: RPG / Hack 'n' Slash / Plataforma<br> Plataforma: PC, Xbox One e PS4<br> Fabricante: Vigil Games / Gunfire Games (remaster)<br> Versao: Xbox One<br> Distribuidor: Nordic Games<br>