A guerra é uma coisa horrível. Call of Duty: Black Ops 4 marca a estreia da popular modalidade battle royale na longeva série de tiro em primeira pessoa. Pois, herói corajoso que sou, resolvi pegar minha wingsuit e pular de um helicóptero. Minha missão: matar 99 caboclos em um mapa que vai encolhendo.
CALL OF DUTY: BLACK OPS 4
O Blackout, como foi batizado o modo battle royale de Black Ops 4, permite jogar em grupos de até quatro pessoas. Felizmente, para aqueles entre nós que não têm amigos, ele arranja amigos de dose única para a partida. Após um tempo no hub onde todo mundo parecia pronto para sair na porrada, nossos helicópteros alçaram voo. A guerra é uma coisa horrível.
Eu podia pular do helicóptero a hora que desejasse. Como sou muito corajoso, esperei um bom tempo na esperança que meus agora inimigos se matassem lá embaixo. Quando cansei de esperar, depois de uns cinco segundos, pulei.O voo de wingsuit foi bem agradável. Senti-me a baleia de O Guia do Mochileiro das Galáxias. “Olha aquilo lá embaixo! Merece um nome forte, tipo ão. Uão. Chão! Isso! Chão! Oi, chão!”. PLOFT.Só que não rolou o ploft. Ao chegar no chão, eu estava sozinho, ao relento, no meio do nada. À minha esquerda, uma convidativa praia. À direita, resquícios de civilização. Atrás de mim, podia ver três nomes coloridos. Usando minhas sherlockianas capacidades de dedução, deduzi que eram meus colegas de time. O jeito era correr na direção deles.
RUN, FORREST, RUN!
Corri, corri, corri, e então corri mais um pouco. Os nomes nunca pareciam se aproximar. Eu estava completamente isolado e desarmado. Qualquer caboclo que desse as caras seria capaz de ceifar minha vida com pouca ou nenhuma dificuldade. Foi aí que avistei um posto de gasolina.
Resolvi explorá-lo. Não tardou para que encontrasse armas que, para minha surpresa, foram equipadas automaticamente. Horray para a simplicidade! Também encontrei uns curativos, itens e anexos para as armas. Porém, não achei a tela de inventário simples o suficiente para que descobrisse como equipar e usar tudo enquanto caboclos podem aparecer, me estuprar e me matar, não necessariamente nessa ordem.Agora armado até os dentes, já me senti pintudo o suficiente para encarar qualquer perigo que aparecesse. Desde que, é claro, ele aparecesse sozinho e jogasse pior do que eu. Bora correr para meus amigos. Mas cadê eles? O poderoso time de três pessoas no qual eu depositava minha potencial segurança agora tinha apenas um sujeito, chamado Imontep.
Depois de muito caminhar, finalmente encontrei Imontep, que me recebeu a tiros. Ele logo percebeu que eu vinha em paz e parou de me atacar. Estávamos em uma enorme construção à beira do mar, mas não havia nenhum outro soldado por perto. Explorei o local e encontrei várias outras armas, porém todas elas pareciam ser variações de metralhadoras, sem nenhum indicativo de qual era mais forte. Resolvi manter equipada aquela para a qual tinha mais munição.Quando me dei conta, o Imontep tinha sumido.
IMONTEP, CADÊ VOCÊ?
Novamente sozinho, abandonado pelos meus pares, que sequer tiveram a decência de se manterem vivos para me proteger. Desesperado, passei a rumar pelo paradisíaco cenário em busca de algo para fazer. Já estava nesta partida há mais de 10 minutos e ainda não tinha encontrado nenhum soldado hostil.Minha solidão estava para acabar, no entanto. Percebo um veículo se aproximando. Ele para próximo de mim e buzina. Era Imontep, como se falasse “Ei, habib, sobe aí!” (imagino que alguém com este nome fale árabe). Sentei atrás de Imontep. Segurei em sua cintura e apoiei minha cabeça em seu ombro. Agora estava protegido.
Saímos para um passeio. Imontep dirigia enquanto eu, atrás dele, acariciava sua cabeça semi-raspada com o cano da minha metralhadora. Ah, as delícias de uma nova amizade.Enquanto admirava os cenários e acariciava meu novo amigo, o veículo parou. “Que houve?” perguntei de forma muda para Imontep. Meu agora melhor amigo saiu do quadriciclo e saiu correndo. Ao longe, eu ouvia barulhos de tiros. Estava na hora do pau!
A HORA DO PAU
Bem de longe, eu vi alguns outros jogadores. De longe mesmo, eles eram pouco mais do que pixels na minha visão. Eles estavam atirando em mim, com a precisão de um deficiente visual. Minha arma, felizmente, estava equipada com uma lente. Ao olhar através dela, os inimigos que ameaçavam nosso modo de vida já se tornavam dois, talvez até três pixels.
Com a ajuda da minha lente, e do carinho indiferente de Imontep, eu matei um deles. Foi aí que percebi que a área segura do mapa estava diminuindo rapidamente. No minimapa da imagem acima, você vê uma marca azul e uma branca. A azul é a que diminuía. Estar fora dela significaria morte instantânea. Era hora de recuar, para dentro da faixa branca.”Imontep, abortar!”, gritei telepaticamente para o meu irmão de outra mãe. Dei meia volta e saí correndo. Atrás de mim, ouvi gritos. Imontep caiu. NÃÃÃÃO!
A SALVO…?
Eu estava dentro da marca branca. Estava a salvo. Precisava de um tempo para ficar de luto pela morte do melhor amigo que um ser humano poderia ter. Mas estava ouvindo passos. Seriam os meus próprios passos? Ou será que os impiedosos assassinos de Imontep conseguiram sobreviver ao recuo mortal do mapa?Resolvi investigar. E correndo em minha direção, tinha não apenas um, mas três bandidos. Era hora de vingar a morte do padrinho do meu casamento e dos meus futuros filhos, que sempre me protegeu. Apontei minha arma na direção deles, soltei um grito e apertei o gatilho.
Era o fim. Para minha surpresa, fiquei em sétimo colocado na partida. Uma excelente colocação, considerando que o jogo começa com 100 jogadores. Imagino que o time que me matou acabaria sendo coroado vencedor. Afinal, se eles estavam em três, apenas quatro outros caboclos estavam espalhados pelo mapa.Mas eu? Eu estava morto. Imontep estava morto e, portanto, eu não tinha mais razões para viver, de qualquer forma. A Guerra é uma coisa horrível. Mas pode ser divertida se você a gamificar.Conte suas histórias relacionadas a battle royale nos comentários.