Talvez você não se lembre do diretor David Leitch por nome, mas com certeza já assistiu a filmes dele. Ele é o diretor de Deadpool 2 e do igualmente engraçado Hobbs & Shaw. E definitivamente vou me lembrar dele agora. Afinal, como você vai descobrir nesta crítica Trem-Bala, este também é muito divertido.

CRÍTICA TREM-BALA

Trem-Bala tem muito de uma obra de Quentin Tarantino, embora ostente um orçamento maior do que o nosso amigo quentinho costuma ter. Lembra especialmente Cães de Aluguel, pelo fato de todos os personagens importantes serem criminosos carismáticos e terem apelidos engraçadinhos, como Joaninha e Tangerina.

Tudo acontece a bordo de um Trem-Bala (não diga!). Por desígnios de algum deus – ou do roteirista, o que é quase a mesma coisa – um monte de criminosos está a bordo do transporte em questão. Eles não sabem da presença dos outros e cada um está em uma missão.

O problema é que as missões estão todas cruzadas. O sucesso de um deles significa o fracasso dos outros. Tá sentindo esse cheiro? É o cheiro de altas confusões do barulho!

ALTAS CONFUSÕES DO BARULHO

Trem-Bala é uma comédia de ação focada em criminosos carismáticos e altas confusões. E manda muito bem nisso. O humor é na mosca, e as atuações de todos os atores acrescentam muito a seus personagens. O destaque é Brian Tyree Henry como Limão, que rouba a cena sempre que aparece, mas todos estão muito bem.

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Limão e Tangerina.

O trabalho dos atores é acima da média, mas Trem-Bala é um filme de diretor, e exatamente por isso sinto que vou lembrar do Daví Milk no futuro.

CRÍTICA TREM-BALA E A DIREÇÃO

Trem-Bala é extremamente estiloso. Cada plano, cada movimento de câmera, parece ter sido friamente calculado para ficar cool. O filme é cheio de gente bonita, como todo longa de Hollywood, mas a maior parte dessa galera nunca pareceu tão tremendona, com um monte de cenas de caminhadas em câmera lenta e lutas interrompidas por velhinhas que desejam silêncio.

Se tenho uma crítica – e tenho – é ao roteiro. Com duas horas e meia, Trem-Bala é muito longo, e senti que sua história é enrolada demais. É viradinha atrás de reviravolta, o tempo todo. Muitas reviravoltas seguidas fazem qualquer história parecer “zoada” e, como este é uma comédia, a princípio tudo bem que ele faça rir.

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Limão e Joaninha.

Porém, a coisa chega a tal nível de complicação que, mesmo agora, pouco depois de assistir, tenho dificuldade de dizer quem trabalhava para quem e de montar todo o quebra-cabeça. Não é que não faça sentido, mas ele te leva a caminhos errados muitas vezes antes de apresentar o certo, e daí você acaba desencanando de entender e assistindo apenas pelas piadas.

Trem-Bala poderia ser mais curto e simplificar suas reviravoltas, o que sem dúvida faria muito para torná-lo um longa melhor. Mas a boa notícia é que, da forma que está, ele já é excelente. Trem-Bala é o tipo de filme ao mesmo tempo descompromissado e estiloso, que dá gosto ver na tela grande.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-trem-bala-snakes-on-a-trainTítulo original: Bullet Train<br> País: Japão / EUA<br> Ano: 2022<br> Distribuidora: Sony<br> Diretor: David Leitch<br> Roteiro: Zak Olkewicz<br> Elenco: Joey King, Karen Fukuhara, Brad Pitt, Zazie Beetz, Aaron Taylor-Johnson, Sandra Bullock, Michael Shannon.