Hollywood e os Estados Unidos são o centro do mundo cinematográfico. Ou pelo menos eles querem que você pense assim. É só ver como um monte de gente com carreira consolidada no Brasil, como o Rodrigo Santoro, vai para os EUA para ser figurante. Porém, em alguns casos, os atores estadunidenses também participam de produções estrangeiras. Bem-vindo à nossa crítica Labirinto. E não estou falando daquele famoso Sessão da Tarde antigo estrelado por Jennifer Connelly e David Bowie, nem do de 2017 que leva o mesmo nome.
CRÍTICA LABIRINTO
O Labirinto de hoje é um filme italiano que importou o Dustin Hoffman para chamar mais atenção internacional. Ele se vende como um terror, mas na verdade é praticamente um filme de detetive.
Na história, alguém rapta meninas e as prende em um labirinto por anos. Porém, o longa não é focado no que acontece lá dentro, mas na investigação para pegar o sequestrador.
A narrativa vem em duas frontes. Na maior parte acompanhamos o detetive particular interpretado por Toni Servillo. Ele foi contratado pela família de uma das vítimas e fará de tudo para solucionar o mistério.
Na segunda história, esta falada em inglês, acompanhamos um investigador (Dustin Hoffman) conversando com uma vítima recém libertada (Valentina Bellè). E aí eu entro em algo que me incomoda: não tem absolutamente nenhum motivo narrativo para essa parte ser toda falada em inglês. É óbvio que gravaram nesse idioma só para acomodar o seu Hoffman. E se é assim, era melhor ter pego um ator italiano para o papel de uma vez.
ATUAÇÕES
Especialmente porque as atuações nessa parte em inglês são sofríveis. O Dustin, que normalmente é um ator decente, parece não estar nem aí para o papel. Já a Valentina talvez esteja tão ruim por ter que gravar em um idioma que não é o seu. Ou talvez ela simplesmente não tenha capacidade de atuar. Seja como for, a dupla Dustin/Valentina empurra o filme para baixo com força, mesmo sendo, discutivelmente, a parte mais interessante da história.
A corrente italiana da coisa funciona bem melhor, com atores decentes e uma direção estilosa. Embora, para ser sincero, eu achei o filme como um todo bem chatinho. Entediante mesmo, sabe?
Ele fica o tempo todo construindo uma viradinha que, quando finalmente acontece, consegue ser ao mesmo tempo óbvia e confusa.
BASEADO NO BEST SELLER INTERNACIONAL
Também gostaria de destacar a péssima primeira impressão. Labirinto é baseado em um livro escrito pelo diretor Donato Carrisi. E isso é legal. Um escritor dirigir um filme baseado na sua obra garante que a história seja tratada com respeito. Porém, acredita que a primeira coisa que o seu Donato colocou no filme, depois dos logotipos das produtoras, é a frase “Baseado no best seller internacional de Donato Carrisi“. Isso já não seria legal com outro diretor, mas o fato de o próprio ter resolvido abrir o filme com essa frase mostra um excesso de confiança que simplesmente não é lastreado na qualidade do longa.
Há um monte de coisas questionáveis aqui. Um bom exemplo é que o rapto que abre o filme mostra uma força sobrenatural, que não aparece mais em todo o resto. Outro é a tal presença do cara vestido de coelho, cujo design deixa impossível não lembrar de Donnie Darko. Mas Labirinto não é Donnie Darko. É muito mais formulaico, simples e, convenhamos, menos interessante.
Eu esperava bastante de Labirinto. A sinopse oficial é intrigante, e a Itália é um país com grande pedigree no terror. O problema é que, apesar de ser divulgado como tal, Labirinto é um filme de investigação. E, cá entre nós, não é muito bom nisso também.