Rocky Balboa, o boxeador mais famoso do cinema, fez sua última luta e pendurou as luvas. No entanto, a série não pode parar. A solução é passar a tocha para a nova geração, com o veterano pugilista atuando dos bastidores. Assim, Creed: Nascido para Lutar, expande a mitologia da saga Rocky, levando-a para uma nova direção, sustentada por outro protagonista.
Adonis Johnson é o cara em questão, filho ilegítimo de Apollo Doutrinador (conforme a antiga dublagem em português, que traduziu de maneira genial o sobrenome do sujeito), que não conheceu o pai, pois este morreu no ringue durante a luta contra Ivan Drago antes de ele nascer. Contudo, ele herdou o talento do velho para a luta e decide se tornar profissional, procurando Rocky para treiná-lo e ajudá-lo a encontrar o olho de tigre que ele precisa para ser um grande do esporte.
Basicamente é a mesma estrutura de roteiro do primeiro Rocky, colocando Adonis no lugar do Garanhão Italiano, que agora assume o posto de Mickey ou do próprio Apollo em Rocky III. O que é legal é que há várias referências aos filmes anteriores da série e quem os assistiu certamente ficará satisfeito em pescá-las.
Outro ponto forte são as atuações. Michael B. Jordan é um poço de raiva, expressa a cada olhar, e sempre prestes a explodir. Já Sylvester Stallone, agora sem depender do físico, manda muito bem no novo papel de coadjuvante mentor e não é a toa que sua atuação anda sendo bastante elogiada. Seu Rocky neste filme já sabe que está próximo do fim e encara tudo com a lucidez que a idade traz.
As lutas são muito bem filmadas, e em maior quantidade, geralmente com a câmera bem próxima dos lutadores e circulando-os em vários momentos, quase como se estivesse no lugar do árbitro, mudando a estética da porradaria do resto da série e deixando-a mais na sua cara.
De resto, contudo, é o típico filme de superação com as mesmas características da série, especialmente do primeirão, como já havia dito antes. Quero dizer com isso que não há grandes novidades, o que acaba por tornar a experiência um tanto previsível. Principalmente quando Adonis ganha a chance de lutar contra o campeão mundial só pela publicidade de seu sobrenome famoso.
Aí você já sabe o que acontece: o treinamento, a luta dura e o final dignificante. Contudo, não é que no clipe do treinamento não toca a clássica música-tema da série? Que negócio é esse? Como assim? Com certas coisas não se mexe. Até entendo que talvez quisessem deixar a música exclusiva do Rocky ou mesmo optaram por não utilizá-la para deixar mais claro o novo direcionamento da franquia. Ainda assim, foi uma péssima opção, pois aquele momento do filme ganharia muito com uma das trilhas sonoras mais famosas do cinema.
No mais, Creed: Nascido para Lutar é bom e eficiente, mas bem longe de sensacional. É mais do mesmo com uma nova roupagem, mas com os velhos truques. Por isso mesmo, não há nada de novo por aqui. Fãs da cinessérie e de filmes de boxe em geral vão gostar, e ele pode sustentar novos longas, mas este Creed ainda não está no nível dos melhores momentos protagonizados pelo melhor amigo de seu pai. O olho de tigre ainda não foi encontrado.