Como eu não tenho um PlayStation 2 e nem o 3 (sou proprietário de um Nintendo Wii), eu nunca tive a oportunidade de jogar algum game da série God of War e, portanto, nada sei sobre sua tão propagada tremendice.
Se você está na mesma situação que a minha ou já terminou os games, poderia se contentar em obter sua dose de porradaria mitológica nos cinemas com Fúria de Titãs. Digo poderia porque, apesar de ser isso que o longa promete, não é exatamente o que entrega. Contudo, tiremos primeiro a sinopse do caminho.
Perseu (Sam Worthington) é um humilde pescador que perde sua família adotiva quando ela é pega no fogo cruzado de uma batalha entre o exército da cidade de Argos e o deus Hades. Big mistake! A partir daí, ele fará de tudo para obter sua vingança pessoal, ao mesmo tempo em que descobre suas verdadeiras origens e embarca numa jornada ao lado de uma galerinha do barulho para salvar Argos da destruição ordenada pelo próprio chefão final, Zeus.
E aí começam a entrar os problemas. Para começar, eu não sou fã de mitologia grega, então não me empolguei muito com a história mais que conhecida, batida e copiada à exaustão. Aliás, eu já mencionei que este filme é uma refilmagem? Se você gosta dessas histórias de deuses, semideuses e tal, então pode ser que tenha maiores possibilidades de se envolver com a trama, embora sinceramente acredite que não.
Digo isso porque o problema não é a história em si, mas a forma burocrática com que ela é contada. Tudo segue exatamente o roteiro previsto, sem surpresas, sem viradas, sem emoção. Você sabe exatamente quem vai aparecer em determinado momento e quem vai morrer em outro. Simplesmente não empolga. É tudo frio demais.
Tudo bem, a trama não é aquelas coisas, mas a ação é tremendona, não? Bem, aí é que está. O filme simplesmente não tem muita e ela não é boa. Este filme sofre aquele velho e recorrente problema de todas as suas melhores sequências estarem no trailer e reeditadas para parecerem melhor do que realmente são quando se confere a obra completa.
Os efeitos especiais são primorosos, nisso não pouparam despesas, e as criaturas todas são caprichadas visualmente, mas quando chega a hora do pau entre Perseu e esses bichos, a coisa fica genérica. E o pior, essas cenas geralmente são curtas e entrecortadas por longas e maçantes partes da história onde ninguém mata ninguém. Aí não dá.
O cúmulo disso é a aparição do Kraken, talvez a grande força motriz da história. Quando o bichão finalmente aparece… Bom, prepare-se para se decepcionar. Fazia tempo que eu não via algo tão broxante assim. Quando finalmente chega a parte que, creio, é a que todos querem ver, diretor, produtores ou sei lá eu decidem que está na hora do filme acabar e aceleram tudo, amarrando todas as pontas em menos de cinco minutos. Isso, sinceramente, não deu pra entender.
Assim, a palavra que melhor define este longa é: meia-boca. É, amiguinho, sei que se você está aqui no DELFOS, é bem provável que estivesse ansioso e apostando alto em Fúria de Titãs. Sinto decepcioná-lo, mas temos aqui um trabalho que transita apenas entre o ruim e o filme nada. Para garantir sua dose de diversão mitológica, creio que o melhor mesmo é jogar novamente seu God of War. Pior eu, que nem tenho essa opção.
Curiosidade:
– O filme original foi a maior fonte de inspiração para o jogo God of War. O design da Medusa e do Kraken, por exempo, são exatamente iguais no filme e no game. Além disso, o Perseu é um dos chefes na segunda parte da história de Kratos e veja só, ele é interpretado pelo mesmo ator que fez o Perseu no Fúria de Titãs original, o Harry Hamlin. Não só isso, mas a imagem dele no game também é baseada no visual do ator no filme.