Confusões em Família

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Para cada superprodução esperadíssima que a gente assiste, temos que suportar dezenas e dezenas de filmes ruins ou, na melhor das hipóteses, simplesmente esquecíveis (juro que não me lembro de ter assistido e muito menos de ter escrito essa resenha. Provavelmente estava incorporando o Chico Xavier quando isso aconteceu).

Fui a essa cabine com a mentalidade de que seria brindado com mais um desses filminhos genéricos que Hollywood vive soltando entre superproduções. Cara, como eu estava errado. Confusões em Família é tremendaço e sou obrigado a confessar que só não levou o Selo Delfiano Supremo porque eu já o concedi demais esse ano e não quero banalizar! =P

Aqui conhecemos a família de Andy Garcia e, como toda família, eles têm segredos. O pai, por exemplo, teve um filho antes do casamento que ele nunca conheceu. Por coincidência, acaba encontrando o moleque, já crescido, no presídio onde trabalha. Decide levá-lo para casa sem contar para ninguém, nem para o rebento, quem realmente é. E aí começam as Altas Confusões do Barulho em Família que o título nos promete.

Na verdade esse é o ponto principal, mas cada um dos membros da família tem um “pequeno” segredinho. A ideia do roteiro é explorar como uma pequena mentirinha começa a crescer na cabeça das outras pessoas até eventualmente se tornar algo muito pior do que a verdade. Moral da história: contar para a namorada aquela vez que você se envolveu numa orgia envolvendo sete mulheres, dois cachorros e um anão besuntado em óleo antes que ela pense que o troço envolveu coisas realmente ruins. Tipo ornitorrincos. Ou três anões besuntados em azeite de oliva.

A partir daí, rolam risadas (o filho mais novo, em especial, é divertidíssimo), partes mais tristes e um final com direito a momento “óun”, tudo no maior clima indie. É algo entre Pequena Miss Sunshine e Na Mira do Chefe, embalado em um filme Rezek. Se tivesse explosões e zumbis, seria perfeito.

Mas falando sério, por mais que a gente goste de explosões e de zumbis (e de mulheres com pouca roupa, comendo miolos, com explosões ao fundo), Confusões em Família vem para mostrar que nada disso é realmente essencial para um bom filme. Tenha uma história cativante e bons personagens com os quais o espectador pode se identificar e sua obra já vai valer muito mais do que o preço do ingresso.

Curiosidade:

– O pôster aí ao lado está concorrendo sozinho na categoria de troço mais feio do ano.

– Não é engraçado como não parece importar para estadunidenses se a sua esposa deu uns amassos no seu filho? Desde que não haja penetração, não constitui relação sexual. Já dizia o mestre Bill Clinton: “eu nunca fiz sexo com essa mulher”. É o tipo de coisa que não faz sentido nenhum para nós. Mais ou menos como temer pela vida de um amigo ou de um filho caso ele engasgue com a comida.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
confusoes-em-familiaPaís: EUA<br> Ano: 2009<br> Gênero: Comédia Dramática<br> Roteiro: Raymond De Felitta<br> Elenco: Andy Garcia, Julianna Margulies, Steven Strait e Emily Mortimer.<br> Diretor: Raymond De Felitta<br> Distribuidor: Imagem<br>