Clássicos – Scarface

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Alfredo, Alfredo de la Mancha, Delfos, Mascote, Alfred%23U00e3o, Delfianos

Nada mais justo do que começar a escrever para o DELFOS (embora essa talvez não seja minha primeira resenha a ser publicada) falando a respeito de um dos meus filmes preferidos: Scarface. Em 1983, o mundo do cinema foi agraciado com este que é um dos maiores clássicos filmes de gangsteres da história cinematográfica. Refilmagem do filme Scarface, de 1932, a “nova” versão foi escrita por Oliver Stone e contou no elenco com a novata Michelle Pfeiffer e Al Pacino, este já um astro em ascensão pelas suas interpretações em O Poderoso Chefão (1972) e Um Dia de Cão (1975). Em 1980, Fidel Castro abriu o porto de Mariel em Cuba para que algumas pessoas se juntassem às suas famílias nos EUA. Enquanto bancava o samaritano, Castro enviou no meio das 125 mil pessoas que desembarcaram na Flórida, muitos dos seus mais perigosos criminosos, exportando assim parte da taxa de criminalidade de Cuba para os EUA.

No meio dos recém chegados, estavam Manny Ray (Steven Bauer) e Tony Montana (Al Pacino). Após alguns dias tendo que viver em alojamentos precários reservados aos cubanos, Manny procura Tony com uma proposta: um amigo de Manny forneceria vistos estadunidenses a eles desde que matassem um político que acabara de chegar ao acampamento. Tendo em mãos a oportunidade de começar a vida nos EUA, e por não gostar de políticos, Tony aceita a oferta. Após executarem o alvo durante uma rebelião no acampamento, os dois ganham seus vistos, para logo depois arrumarem aquele emprego excelente que todo imigrante latino nos EUA merece: trabalhar numa lanchonete-trailer de beira de estrada. Não muito contentes com a situação, Manny diz a Tony que o colega que lhes forneceu os vistos vai arrumar um trabalho pra eles. Então Tony e Manny, têm a oportunidade de, através de uma entrega de drogas, começarem a viver o Sonho Americano”. E é aqui que a história começa de verdade.

Decidido a galgar seu caminho até o topo através do submundo do crime, Tony e Manny vão em direção a sua primeira missão, no melhor estilo GTA: levar o dinheiro e trazer a droga. Neste encontro com o traficante, existe um diálogo entre ele e Tony que é um dos mais engraçados do filme, mas não vou contar para não perder a graça. Ao fim da malfadada conversa, Tony é surpreendido pelo vendedor com uma serra-elétrica. Esta sem dúvida é uma das cenas mais fortes do filme, onde o vendedor mata um dos companheiros de Tony no melhor estilo O Massacre da Serra-Elétrica. Antes que pudesse ser morto, Tony é salvo por Manny e, depois de eliminar os bandidos (ora bolas, todo mundo nesse filme é bandido), Tony fica com o dinheiro e com a droga. Tendo êxito em seu primeiro trabalho, Tony e Manny são convidados a conhecer o chefe para qual estavam trabalhando.

Eles são apresentados então a Frank Lopes (Robert Loggia) um canastrão de marca maior que estava dando uns pegas em Elvira Hancock (Michelle Pfeiffer). De olho na mulher do chefe e em uma oportunidade de subir na carreira do crime, Tony e Manny começam a participar dos negócios de Frank. Daqui em diante, o filme segue com Tony fazendo negócios por conta própria pelas costas de Frank, suas investidas amorosas em Elvira, e o seu ciúme doentio pela sua irmã Gina Montana (Mary Elizabeth Mastrantonio).

Após uma série de negócios ilícitos, assassinatos, reviravoltas e 207 usos da palavra fuck, o filme mostra como Tony Montana se torna um dos chefes do narcotráfico de Miami. Scarface foi censurado em vários países devido ao seu alto teor de violência e linguajar considerado obsceno para a época. Da eficiente direção de Brian de Palma ao roteiro de Oliver Stone, com diálogos bem estruturados e situações inesperadas, passando pela excelente trilha sonora, o expectador não tem como não se sentir fascinado pela Miami dos anos 80, com suas praias e suas danceterias Disco dominadas pelos figurões do narcotráfico.

Nestes dias em que filmes de grandes cifras são vítimas de roteiros genéricos e atores Malhação, Scarface é mais um exemplo de que um bom roteiro vale mais do que mil efeitos especiais. Muito mais do que um filme de Drama/Ação, Scarface é uma visão crítica sobre uma sociedade que valoriza o poder e o dinheiro em detrimento de sua moral, quando os limites por ela impostos podem ser facilmente transgredidos quando “os fins justificam os meios”.

Se o filme não saciou sua sede pelo mundo encantado de Tony Montana, a Dark Horse Comics publicou o especial em quadrinhos intitulado Scarface: The Beginning, e em 2007 a IDW Publishing lançou uma nova série chamada Scarface: Scarred for Life que retoma de onde o filme parou com um final alternativo. Além disso, em julho de 2007, a IDW lançou a mini Devil in Disguise, que trata da infância do tremendão Tony Montana. Outro produto derivado veio em 2006, quando a Radical Entertainment lançou o excelente game Scarface: The World is Yours, que retoma a história a partir do final do filme, onde você deve, na pele de Tony Montana reconstruir seu império das drogas.

O melhor do filme: Os anos 80 no auge
O pior do filme: Tony não ter fugido para o Rio de Janeiro como qualquer super-vilão normal faria.

Curiosidades:

– A quantidade de vezes que Tony Montana diz fuck (182) inspirou o nome da banda Blink 182 (blargh!).

– Scarface era o apelido de Al Capone.

– Em GTA III, a rádio Flashback 95.6, toca apenas músicas da trilha sonora de Scarface. O ator Robert Loggia, que interpreta Frank Lopes, dubla o personagem Ray Machowski.

– Em 2001, o “artista” de hip hop, Cuban Link, tentou filmar, dirigir e estrelar uma continuação do filme, intitulada Son of Tony, que por direitos autorais não pode ser filmada (graças a Deus!).

– Uma das corporações internacionais montadas pelo finado Sadam Hussein para lavagem de dinheiro se chamava Montana Management.”