Existe um conceito do que é ser uma grande banda de rock e, conseqüentemente, um Rock Star. O termo se aplica a artistas de grande sucesso, daqueles que lotam arenas, vendem muitos discos, têm forte poder publicitário e geram muito lucro neste nosso mundo capitalista.
A banda que talvez melhor represente a atitude Rock Star se chama Mötley Crüe. Não digo isso pelo fato do baterista Tommy Lee ter se casado com a estrela de TV Pamela Anderson, desejada por toda a classe masculina do planeta, ou por consumirem parte da fortuna em drogas. Nem por alimentarem festas e mais festas de Hollywood, de ganhar e gastar rios de dinheiro, de dar declarações ousadas e debochadas a grandes emissoras da mídia, de lançarem modas e tendências ou da capa do disco ter a foto do quadril de seu vocalista (Vince Neil).
O fato é que esta banda, ao aparecer para o mundo em meados de 1981, o fez magistralmente, lançando seu primeiro álbum de forma independente (pela gravadora Luther Records). Em 1982, este disco foi remixado e re-lançado pela Elektra Records. O nome? Too Fast For Love.
Estava dado o primeiro passo para o que viria a ser a maior banda de Rock dos EUA nos anos 80. Você acha que é pouca coisa? Eu disse dos EUA, os donos do mundo, se lembram? E nos anos 80, a verdadeira década de ouro para muitos “roqueiros”, “hardeiros” e “metaleiros”.
Para quem não escutou este disco ainda, aconselho a se preparar antes. Para quem nunca escutou nada de Mötley Crüe que se prepare em dobro. Toda e qualquer coisa que você já tenha dito por aí pode vir a entrar pela sua garganta e nunca mais sair.
A porrada já começa na primeira faixa, Live Wire, simplesmente um clássico que até hoje ainda é executada no set da banda. é daquelas que basta apenas uma audição para você saber do que se trata. Em verdadeiro retrato do Hard Rock dos anos 80.
Na seqüência temos Come On and Dance e Public Enemy #1, mantendo o nível. Na turnê do álbum seguinte, Shout at the Devil, estas já não constavam mais no cast das apresentações, mas mantêm o brilhantismo e volúpias peculiares da banda.
As três próximas canções são grandes destaques. Merry-Go-Round é a balada. Simples e extremamente bem construída. Dá vontade de estar em Los Angeles em 1984. Depois vem a porrada Take Me To The Top, talvez a mais clássica de todas as músicas do Mötley Crüe. Imagine o Kiss e o Iron Maiden (fase Paul D’ianno) juntos. Agora junte a essa fórmula os New York Dolls e você terá uma idéia dessa faixa.
A próxima, Piece Of Your Action é mais cadenciada e mais calcada naquilo que seriam as tradicionais levadas de Hard que surgiriam com as novas bandas. Starry Eyes mantém a proposta e Too Fast For Love, detona. Inclusive esta deveria estar no set list da nova turnê, principalmente para doutrinar a geração do “Novo Metal”.
Para encerrar, temos On With the Show, que começa balada e depois vira um tremendo Rock ‘n’ Roll. Assim termina Too Fast For Love e suas 9 faixas. Existem versões pelo mercado onde é possível encontrar bônus como uma versão ao vivo para Merry-Go-Round, uma Too Fast For Love com introdução diferente, além algumas faixas demo.
Este álbum pode ser comparado ao Iron Maiden em seu primeiro disco. Não em termos musicais, mas por se tratar do 1° disco da carreira de uma banda de sucesso, onde todas as faixas merecem destaque. É por tudo isso que o Mötley Crüe foi, e ainda é, o expoente máximo do termo Rock Star.