Clássicos – Led Zeppelin – Led Zeppelin I

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Apresentar uma resenha de um disco clássico é, talvez, mais difícil do que tecer comentários sobre uma obra contemporânea. Seja pelo fato de muito já ter sido dito ou pela mais fácil assimilação do que foi recém-lançado. Além disso, deve ser levada em consideração a responsabilidade de apresentar à nova geração as revoluções que tais obras causaram.

Na verdade, o que é um clássico? Será que é aquele som incansavelmente cantado, inconscientemente assobiado, ganhando improvisados acompanhamentos como o “bater de pés” ou descompassadas palmas? Quem sabe reter o poder de se tornar tão atual, como se tivesse sido concebido em nossos dias? Ou será que seu destino é ser editado, revisitado, parodiado, relido, copiado, remasterizado, convertido em novos formatos. Em outras palavras, mais sucintas, ser imortal? Bem, qualquer que seja sua concepção do que é clássico, é inegável a sua capacidade de nos remeter a boas recordações do passado.

Não esboçarei aqui uma análise aprofundada de todas as canções que compõem o disco. Por acaso você contaria a alguém o fim de um livro antes de lê-lo? Ou seria bem-vindo conhecer o surpreendente desfecho de um filme, antes de assistir? Não, não farei tal coisa, delfonauta. Primeiro, por crer que isto possa se tornar muito longo e enfadonho. Segundo, por concluir que seja mais proveitoso que você próprio tenha a felicidade de descobrir o “microcosmo” de cada composição.

Assim, prefiro compartilhar com você a seguinte impressão: imagine um vulcão, formado por quatro grandes crateras. Veja a fumaça saindo do topo da montanha. De repente, a terra começa a tremer, seus pés vacilam. Você percebe que este tremor tem um encorpado ritmo… Este é o baixo, tangido por John Paul Jones.

Logo a seguir, os tremores dão lugar a um verdadeiro cataclisma, a terra se abre e as rochas se precipitam. Então se observa que a rapidez do terremoto adquire batidas ritmadas… Este é o poder que John Bonham exerce quando empunha suas “baquetas titânicas da destruição”.

Depois, a lava começa a deslizar do cume do vulcão, e os rochedos se contorcem alucinadamente. O contato da lava incandescente com a superfície em movimento inicia um verdadeiro incêndio. Os rios de lava escorrem em gigantes leitos flamejantes, seis veias psicodélicas… Eis o poder da Gibson magistralmente comandada por Jimmy Page.

A seguir, o vento começa a soprar, primeiro de uma maneira suave, quase imperceptível, para logo em seguida adquirir características semelhantes a um tufão. Um trinado acompanha a tempestade num misto do canto sereno de uma sereia com o esbravejar de um troll embriagado. Eis a dualidade que se encontra nos vocais magníficos de Robert Plant.

Envolto nesta hipnótica cena, cada elemento se une, num só espetáculo, ao mesmo tempo sacro e profano. E, de repente, você descobre que, não apenas assiste a tudo isto, ao contrário, se vê refletido em cada acorde apresentado, em cada falsete incomparável de Plant, nos loopings de Bonham, nas bases de Jones e, na inclassificável sinfonia que Page comanda, tangendo as seis “musas”. Sim, eu sei… Hum… musas…

Estas são as parcas impressões que tive quando ouvi Led Zeppelin pela primeira vez, há alguns anos, e os mesmos espasmos se seguem, ainda hoje, quando os ouço. E espero sinceramente que sejam sensações parecidas com as que você terá ao ouvir este álbum. Led Zeppelin I, não é um disco que se escuta, mas uma obra-prima que merece uma generosa audição. Então não perca mais tempo e compre aqui.

Track List
Good Times Bad Times
Babe I’m Gonna Leave You
You Shook Me
Dazed and Confused
Your Time Is Gonna Come
Black Mountain Side
Communication Breakdown
I Can’t Quit You Baby
How Many More Times

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