Os filmes mais recentes do diretor Jon Favreau haviam sido dois Homens de Ferro e Cowboys & Aliens. Como este último não foi muito bem sucedido nem de crítica nem nas bilheterias, ele parece ter ficado com vontade de diminuir a escala e capitanear uma produção menor, para recarregar as baterias. E foi exatamente o que fez em Chef.
Diferente do que o título pode dar a entender, esta não é uma cinebiografia sobre o saudoso personagem do South Park, mas sim a história de um chef de um restaurante que, após receber duras críticas de um blogueiro gastronômico, entra em parafuso, acaba se demitindo e optando por tomar um novo rumo, comandando um caminhão de comida cubana (ou food truck para os mais frescos).
E enquanto se joga nessa nova empreitada, acaba por fortalecer os laços com seu filho, que não andavam muito bons desde o divórcio. Vale dizer que o cara era casado com a Sofia Vergara, o que me faz perguntar por que alguém, em sã consciência, iria querer se divorciar dela. Desta forma, essa acaba sendo a parte mais inverossímil da película.
Para quem gosta de comida, seja desde os pratos mais requintados até lanches mais despojados, vale o aviso: você vai passar fome, delfonauta. Sua barriga vai roncar e você irá salivar incontrolavelmente. Então faça um favor a si mesmo e assista a este filme somente depois de comer alguma coisa para ajudar a controlar os sintomas.
O longa mostra em detalhes a preparação dos pratos, e é comida a quase todo momento. E tudo parece delicioso. Até mesmo quando mostra o cara preparando um mero queijo quente, o negócio é tão caprichado e transformado em fetiche pela câmera que parece se tratar de fato do queijo quente mais saboroso já feito no universo.
Favreau ainda chamou seus amiguinhos de Homem de Ferro Scarlett Johansson e Robert Downey Jr. para pequenos papéis, mostrando sua moral com o pessoal. O papel de Downey, em particular, é bem divertido, ecoando de leve sua persona de Tony Stark. Pena que é apenas uma cena.
No mais, é aquele típico filme simpático. Aquele que, se o tema te agrada, já te ganha desde o começo, ainda que seja mesmo um trabalho menor. E, principalmente, sem conflito. Não há nenhuma grande dificuldade ou problema a ser superado, nenhum inimigo a ser vencido, ou relação a ser consertada.
Isso vai contra tudo que os manuais de roteiro ensinam, mas às vezes, como neste caso, a falta de grandes emoções não constitui um problema. Às vezes é bom ver um trabalho que tem um tom só do início ao fim e não tem a pretensão de ser uma montanha-russa de acontecimentos. Ou vai ver esse negócio me deixou com tanta fome que prejudicou meu julgamento, vai saber.
Seja como for, Chef é um filme despretensioso e simpático, que parece ter sido produzido mais para Favreau dar uma desestressada após fazer três megaproduções seguidas. Tem potencial para conquistar o público de produções mais modestas. E, sobretudo, aqueles que curtem comer bem. Se você se encaixa neste grupo, vale a assistida. Mas leve um babador na sessão, você vai precisar.