Pô, assim não dá! Daqui a pouco o DELFOS vai virar um site de obituários!
E essa é bem ruim. Um dos maiores cartunistas em atividade no Brasil, o paranaense Glauco Villas Boas, foi assassinado a tiros na sua própria residência, em Osasco, na madrugada desta sexta-feira junto com o seu filho, Raoni.
Ainda não se sabe ao certo as circunstâncias da morte do cartunista. Há três versões desencontradas. A inicial dizia que Glauco teria sido vítima de um assalto com tentativa de sequestro, sendo morto pelos bandidos ao tentar negociar com eles. Já a polícia, no boletim de ocorrência, diz que um dos suspeitos é um suicida membro de uma igreja criada por Glauco baseado no culto ao São Daime. Ao tentar impedir o suicício, Glauco e seu filho teriam sido alvejados pelo suspeito, que era conhecido da família. A terceira versão, divulgada pelo advogado da família, dá conta de que dois assaltantes em estado alterado por uso de drogas teriam invadido a casa e tentado sequestrar a filha do cartunista. Glauco tentou negociar com eles para ir em seu lugar, e acabou sendo alvejado. O seu filho, que estaria chegando da faculdade naquela hora, teria sido atingido quando os bandidos fugiam da casa.
De qualquer forma, é triste constatar a morte de alguém que fez parte da cultura brasileira, combatendo o mau humor e a caretice da melhor forma que conhecia: desenhando quadrinhos. Principalmente quando ela ocorre de forma tão violenta.
Glauco foi um dos maiores expoentes dos quadrinhos brasileiros nos anos 80. Ele criou vários personagens que se tornaram verdadeiros ícones dos quadrinhos independentes, como o Geraldão, o Geraldinho, o Zé do Apocalipse e a Dona Marta. Seus trabalhos sempre foram muito bem humorados e igualmente polêmicos, sem vergonha de abordar sexo e drogas. Geraldão, por exemplo, tirava sarro do incesto e dos solteirões que não faziam nada na vida, ao mostrar um personagem que queria “bimbar” (como ele costumava dizer nas suas histórias) a própria mãe.
Glauco também trabalhou várias vezes com os colegas Angeli e Laerte, igualmente cômicos e polêmicos, criando a tira cômica dos Los Tres Amigos, mostrando três bandidos atrapalhados. Sem dúvida um dos momentos mais brilhantes da carreira dos três cartunistas e uma das melhores obras dos quadrinhos nacionais. Para saber mais sobre Glauco e seu trabalho você pode visitar o seu site.
Vários cartunistas brasileiros já se manifestaram sobre a morte do colega, em especial o criador da Turma da Mônica, Maurício de Sousa. Maurício postou em seu Twitter a seguinte frase:
“O dia fechou. com o desaparecimento do glauco. não há palavras para justificar, explicar, entender… o mundo fica triste quanto [sic] um artista vai embora…”
Descanse em paz, Glauco. E que seu legado continue para sempre no trabalho dos quadrinistas brasileiros.