Esse filme só não deve chamar Um Herói Bom Pra Cachorro porque esse título já deve existir. Afinal de contas, é exatamente isso que Bolt, o Supercão do título é. Um super-herói. Ou pelo menos é o que ele pensa ser, pois na verdade o totó é só o protagonista de uma testosterônica série de TV.
É exatamente durante as gravações dessa série que conhecemos o cachorrinho. E, meu amigo, o bicho é tão macho que poderia até ser o mascote do Jason Statham. Para você ter uma idéia, ele faz um carro capotar usando a cabeça. Literalmente!
Porém, após gravar um episódio que termina em cliffhanger, Bolt acredita que a sua humana foi capturada. Assim, ele dá um jeito de escapar para salvá-la. Só que nosso herói não conhecia os poderes do isopor ou, em outras palavras, no mundo real será obrigado a encarar o fato de que não é um cachorro superpoderoso, mas apenas um au-au genérico.
Se o delfonauta curte cinema e, mais especificamente, filmes de macho, já sacou que a premissa é exatamente a mesma de O Último Grande Herói – um dos meus filmes preferidos e o mais divertido do Governator. Na verdade, o troço é tão parecido que é quase uma refilmagem ou, sendo menos gentil, um plágio.
As únicas diferenças propriamente ditas são justamente aquelas feitas para deixar Bolt mais clichê. E é por se tornar um filme genérico e um nojento emaranhado de clichês no seu terceiro ato (a partir da famigerada lição de amizade) que ele acabou perdendo pontos. Tivesse vindo antes do filme do Schwarza, Bolt tinha tudo para ser um dos meus favoritos.
Isso, é claro, não significa que ele não é divertido. Existem algumas ótimas piadas e a animação é um espetáculo. Repare na movimentação dos pombos e veja como eles realmente agem como pombos de verdade. É justamente isso que os deixa tão engraçados, mais ou menos como os pingüins de Madagascar.
Bolt – Supercão é um filme deveras divertido e engraçado e é a melhor animação da Disney sem a ajuda da Pixar em muitos, MUITOS, anos (talvez desde Hércules). Aliás, é melhor até do que algumas coisas recentes da própria Pixar, como Carros e Ratatouille. Se você gosta de filmes de ação e de metalinguagem, não pode perder.
Curiosidades:
– A série do Bolt é tão legal e testosterônica que eu assistiria fácil se passasse na TV.
– Em determinado momento, uma guria da TV fala que a série é alegre demais e que precisa ser sombrio para agradar ao público de 18 a 35 anos. Poxa, eu estou exatamente nessa faixa e sinto falta de um pouco de alegria na cultura Pop. Essa mania de tudo ser sombrio e realista tira boa parte da graça da arte.
– O filme chama Bolt 3D e a cabine foi na sala 3D do Eldorado. Porém, não foi em 3D. Tudo bem que avisaram por e-mail que tinha um rolado um problema na cópia, mas já que não vai rolar em 3D, podia pelo menos ter sido a versão legendada, né?
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