Bleed 2: diversão adulta

O que você entende por diversão adulta? Pornografia? Violência explícita? Para mim não é nada disso. Nos videogames, costumo dizer que um jogo é adulto se ele fornece o máximo de diversão no menor tempo possível. Nada de mundo aberto, sidequests, estatísticas de armas ou qualquer uma dessas baboseiras. Este é o caso de Bleed 2. Nem telas de loading ele tem.

Aqui a diversão é instantânea e altamente apropriada para um pai de família ou alguém que tem um monte de coisa adulta para fazer e pouco tempo para jogar. Ao entrar no modo história, em segundos você já está correndo, pulando e dando uns pipocos em câmera lenta. Morreu? Sem neuras, reaparece imediatamente em algum local bem próximo de onde você bateu as botas.

DIVERSÃO INSTANTÂNEA

O jogo tem uma caralhada de chefes (mais de 25, de acordo com a divulgação oficial) e se você for derrotado por qualquer um deles sempre volta dali, sem repetição desnecessária. Bleed não quer te desafiar em nome de algum padrão imaginário de trueza. Ele não quer que você passe jogando por semanas. Ele quer te divertir. O tempo todo. Pensa um pouco nisso. O. Tempo. Todo. Quantos jogos realmente merecem esta descrição?

A principal novidade nesta continuação é que agora a protagonista Wryn resolveu usar o equipamento do Deadpool – e APENAS o equipamento do Deadpool. Ou seja, uma espada e dois revólveres. Para atirar, basta mover a alavanca direita. Ao apertar o R1, você usa a espada (sem parar de atirar!). Mas para que serve a espada? Pois aí está a sacada. Com a espada você pode refletir qualquer coisa que venha na sua direção, desde que ela seja rosa. Isso inclui inimigos. Em geral, se tem algo rosa na sua frente, é sinal de que você deve chegar mais pertinho.

CHEFES E MAIS CHEFES

Outra novidade é a quantidade de chefes. As fases são curtas, coisa de cinco ou seis minutos, e em cada uma delas há um monte de bosses. Eles não marcam necessariamente o final da fase, mas apenas uma luta mais elaborada do que as que você tem contra os minions que morrem em um tiro. Pelo que me lembro, o primeiro tinha mais fases propriamente ditas, mais plataformas. Aqui a coisa é basicamente ação e tiroteio o tempo todo.

Nem todos os chefes são novos. Há varios que já estavam no jogo anterior. Felizmente, são todos bacanas, emocionantes e duram pouco. A única exceção é o último chefe, que tem mais energia do que deveria e nenhum checkpoint durante a luta. Acabou sendo o único momento chatinho na campanha, que é também bem rápida. Durou para mim cerca de apenas uma hora, ainda mais curta que a do jogo original.

CURTO E INTENSO

Eu me diverti muito durante a campanha, mas ao terminar o jogo, percebi que gostei mais do original. Ele tinha mais variação de cenários, desafios e a possibilidade de usar outras armas.

Ainda assim, as fases por aqui trazem um monte de set pieces, do tipo que você normalmente encontra nos Uncharteds da vida, mas obviamente elas ficam muito menos impressionantes – embora ainda divertidas – em 2D pixelado.

Aqui há outras armas – e outros personagens jogáveis – mas você os libera apenas após terminar a campanha, enquanto no anterior era possível ir comprando algumas ao longo do jogo.

Também há outros modos de jogo, como o arcade, para os masoquistas que querem terminar Bleed 2 com apenas uma vida. Tem também o modo endless, que envolve fases procedurais. Normalmente eu não gosto disso, mas assim, como um bônus, algo extra além das fases construídas a mão, até que funciona bem, e estende um pouquinho mais a sua vida útil.

Por fim, tem uma arena na qual você pode lutar com três chefes à sua escolha de uma vez só. É o tipo de coisa que serve como demonstração de pintudice mesmo.

BLEED 2

Bleed 2 é claramente um jogo retrô, mas que não abre mão das praticidades modernas, como a acessibilidade. Desta forma, ele é altamente recomendável, especialmente para quem já está de saco cheio do monte de gordura inútil que costuma vir com os jogos em 2018. Ele te promete apenas uma hora de diversão, e cumpre isso com louvor.

CURIOSIDADES

• Na resenha do primeiro Bleed, brinquei que provavelmente falaríamos de Bleed 2 por aqui em 2022, quando ele saísse para consoles. Pois quem imaginaria que teríamos o jogo em mãos, com matéria publicada e tudo, em menos de três meses? Acho que nunca joguei uma continuação tão perto do original.

• É possível jogar Bleed 2 em brazilian. Não brazilian portuguese, mas o bom e velho brasileiro mesmo. Vai dizer que você não é fluente em brasileiro?