Era uma vez um cara que tocava guitarra muito bem, o que o levou a tocar em uma banda muito legal chamada Deep Purple. Mas esse carinha era também mal-humorado demais, e por isso não se entendia com os outros membros da banda. Ele saiu do Purple e montou outra banda legalzuda chamada Rainbow. Mas Ritchie Blackmore era uma pessoa difícil, e por isso “fechou” o Rainbow e voltou para o Deep Purple. Não contente com isso, ele saiu do Purple e reformou o Rainbow, e nesse vai e volta, encontrou o amor!
O ranzinza Ritchie Blackmore, juntamente com sua agora esposa Candice Night, deram início então a uma nova banda chamada, adivinhe só, Blackmore’s Night. Essa era uma banda muito diferente das outras em que Ritchie já havia tocado. Ele agora tocava música renascentista medieval. Essa nova fase de nosso amigo mal-humorado aparentemente o deixou menos chato, e o Blackmore’s Night, bem como seu casamento com Candice, continuam até hoje.
Em 2005, depois de quatro CDs, eles lançaram seu primeiro DVD, Castles & Dreams, gravado em um castelo na Alemanha durante uma feira medieval. O castelo, o palco retratando uma vila medieval, os músicos e o público vestidos com trajes típicos, dão um clima muito bacana ao show.
Já tive uma boa impressão do DVD antes mesmo de escutá-lo, assim que consegui rasgar aquele plástico kryptoniano que protege a embalagem. Os dois discos (sim, é um DVD duplo) vêm em um digipack muito bonito. Dentro da embalagem, há também um belo encarte, que apesar de não ter as letras das músicas, é bem feito.
O primeiro disco traz 22 faixas primorosas. É difícil destacar uma ou outra música, o trabalho é bastante homogêneo, o que não quer dizer que seja monótono. Quando o show acaba fica aquela vontade de que a banda volte ao palco e toque por mais duas horas.
Os fãs podem matar a saudade dos tempos do Deep Purple nas músicas Child in Time e Soldier of Fortune (essa última em uma interpretação inspiradíssima de Candice). Todas são bem conduzidas pela competente banda, mas os destaques são, obviamente, Candice e Ritchie, ela cantando com uma voz deveras bela e não comprometendo com sua clarineta à Lula Molusco, e ele tocando seus instrumentos (no sentido musical) com a maestria de sempre.
Há ainda uma faixa bônus. Trata-se de uma música em que se pode escolher o ângulo da câmera, acompanhando toda a banda ou fixo em Blackmore e sua guitarra poderosa.
O segundo disco é inteiramente de extras. Ele é divido em cinco partes. A primeira traz cinco músicas (das quais três não estão no show) em versão acústica, algumas tocadas informalmente, entre algumas canecas de cerveja.
Na segunda parte temos cinco vídeos, mas considere que sejam só três, porque os dois últimos são tão ruins, mas tão ruins, que é melhor fingir que não estão lá. Eles foram feitos através de uma animação computadorizada tosquíssima. Faça um favor a si mesmo e não os veja. Em compensação, os três primeiros não deixam a desejar, apesar de não serem superproduções musicais.
As outras três partes deste disco contêm basicamente entrevistas, informações sobre a banda, especiais de tevê e cenas de bastidores.
Depois de assistir várias vezes a esse show, posso recomendá-lo com toda a certeza. Só não assista esperando ver algo parecido com o que víamos no Deep Purple ou no Rainbow, digamos que agora o som está bem mais fofinho, mas mesmo assim bom como quase tudo que Ritchie já nos mostrou em matéria de música.
O Blackmore’s Night consegue com esse primeiro DVD mostrar porque está conquistando cada vez mais o público europeu. Compre aqui e ele também vai conquistar você. Esperemos agora que o senhor Blackmore decida trazer sua banda mais vezes para o lado de cá do oceano.