Esse é um daqueles filmes que já começa com o jogo ganho. É simplesmente impossível não ter expectativas para o primeiro trabalho de Jerry Seinfeld desde que sua famosa sitcom sobre o nada foi para o beleléu. Para aumentar ainda mais as esperanças, o longa já começa com um textinho digno daquelas maravilhosas divagações de Douglas Adams falando sobre a impossibilidade lógica de uma abelha levantar vôo. Mas será que ele é capaz de atender ao público sedento pelo afiado humor de Jerry? Bom, não posso dizer por você, mas ao terminar de ler essa resenha, você ao menos vai saber por mim.
Barry B. Benson é um jovem “abelho” que acabou de se formar na faculdade e agora tem que escolher o emprego no qual ficará preso por toda sua curta existência. Como qualquer bicho listrado saudável, isso deixa o coitado desesperado e ele decide conhecer o mundo fora da colméia, em uma das cenas mais fofas do ano.
Por aí, você já pode ter uma boa idéia do que vai acontecer, mas não é exatamente por aí que o filme segue. Na verdade, é como se fossem quatro histórias em uma, envolvendo até espionagem e drama de tribunal, culminando naquele tradicional final apoteótico presente em quase todos os desenhos. E quer saber? A única coisa que falta aqui também deveria faltar em qualquer produção cinematográfica: a lição de amizade. Yup, a terrível praga que assola o cinema infantil não chegou a Jerry Seinfeld, mostrando que o cara, ao contrário de Matt Groening, consegue fazer um filme sem apelar para roteiros-maker Tabajara.
De qualquer forma, em um filme de comédia, a história não interessa tanto, e humor definitivamente não falta aqui. Só que é um estilão diferente daquele que estamos acostumados a esperar de Jerry. Sim, tem alguns momentos hilários levados exclusivamente por diálogos (a primeira conversa dele com a humana salta à mente como o mais legal), mas no geral são piadas bem infantis, focadas principalmente em imagens e coisinhas fofas do que em uma inteligência especialmente afiada. Eu gostei, mas o Cyrino, por exemplo, não deve compartilhar essa opinião comigo.
A verdade é que, por mais legal que seja, Bee Movie está um pouco abaixo do esperado. Ok, talvez fosse impossível atender a tamanhas expectativas criadas pela reclusão de Jerry durante todos esses anos, mas genial definitivamente não é uma palavra que eu usaria para descrever esse filme, por mais que queira. Ainda assim, é um desenho muito divertido, extremamente engraçado, deveras bonitinho e sem lição de amizade. Pelo menos a meu ver, são características mais do que suficientes para justificar o ingresso.
Curiosidade:
– Este longa é a única coisa de que tenho notícia onde Chris Rock participa e não faz nenhuma piadinha racial.
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