Em 2001, Tobias Sammet surpreendeu a todos com o excelente primeiro disco do Avantasia The Metal Opera Pt. 1. Um trabalho ambicioso que contava com um time de músicos de renome, como Michael Kiske, Henjo Ritcher, Kai Hansen, Timo Tolkki, Eric Singer e, claro, nosso querido Dedé Matos. Esse disco era tão bom que meteorizou sua carreira com o Edguy e deu notoriedade a seu nome. Em 2002 veio a The Metal Opera Pt. 2, um trabalho sem inspiração, que ficou muito aquém da qualidade de seu antecessor.
Eis então que, seis anos após o último Avantasia, Tobias decide lançar seu terceiro trabalho. The Scarecrow, tem uma campanha de marketing massiva, e já teve seus dois primeiros vídeoclipes lançados, que provavelmente você já deve ter visto. Devo confessar que estes vídeos são um dos motivos pelo qual eu comecei a analisar este trabalho com um pé atrás, mas acabei fazendo o possível para não ser preconceituoso ao ponto de comprometer uma análise justa do CD. The Scarecrow tem em seu line-up Alice Cooper, Rudolph Schenker (guitarra), Bob Catley, Oliver Hartmann, Amanda Somerville e o “arroz de festa” Sascha Paeth, que você deve conhecer de milhares de outros trabalhos. Vamos ao faixa a faixa:
Twisted Mind – Começa com um poderoso riff inspirado na música étnica oriental. A música possui uma dinâmica e uma estrutura fácil de ser assimilada. Aqui, a voz de Sammet está muito boa, combinando direitinho com a proposta da música e sem muitos exageros. Uma ótima escolha para abrir o CD.
The Scarecrow – Inicia com uma frase bem “bacanuda” de violino, mostrando que o Sr. Sammet estava disposto a ser criativo neste álbum. O refrão é bem legal e dá ânimo à música. É aqui que entra voz de Jörn Lande e salva a música de ser “pulada”. É impressionante como a voz do cara consegue somar qualidade a praticamente tudo que ele faz. O refrão ganha uma cara diferente e sua agressividade dá mais ritmo aos versos. Em seguida vem um grande solo de Sascha Paeth, que contribui em muito para a longevidade da música.
Shelter From The Rain – Esta conta com o lendário vira-casaca do Metal, Michael Kiske. Esta música é puro Metal Melódico, desde a bateria galopada até o refrão em coro. O que me surpreende é que a voz de Michael Kiske permanece tão cristalina como nos tempos áureos do Helloween, mostrando que o vocalista sempre esteve em sua melhor forma. Essa música me lembrou bastante Reach Out For The Light, do primeiro álbum do Avantasia.
Carry Me Over – A escolhida para ser o segundo vídeo clipe de divulgação do álbum e tem tudo para ser um grande hit de novela. Parece uma música feita pelo Bon Jovi em homenagem ao Simple Plan. Um refrão grudento demais em uma música previsível demais. Essa você pode pular sem erro.
What Kind of Love – Uma grande música com Amanda Somerville na voz principal. Para quem não conhece a moça, Amanda é uma cantora/compositora estadunidense que já participou como arranjadora e/ou backing vocal de vários álbum de bandas que você já conhece, como Rhapshody, Shaaman, Epica, Kamelot, After Forever e outros, além de ter sua própria banda, chamada Sommerville, que conta com Sascha Paeth nas guitarras. Esta faixa tem um refrão cativante, e é uma música que parece ter sido composta para um filme da Disney (o que é muito bom), mas tem seu final estragado pela entrada da voz de Totó Sammet em um coral com Michael Kiske. Será que o Sr. Sammet não percebeu que a voz dele não tinha que aparecer nessa música? Tudo bem que ele é o mentor da coisa toda, mas bom senso não faz mal a ninguém.
Another Angel Down – Já que o line up conta com Henjo Richter, nada mais justo do que ter uma música parecida com o Gamma Ray. E esta é a música. Já começa com Jorn Lande mostrando porque é um dos vocalistas mais respeitados da atualidade, soltando sua voz em uma bastante seu trabalho no Allen-Lande. É impressionante a capacidade que a voz de Tobias Sammet teve de não acrescentar absolutamente nada a esta música, que teria ficado bem melhor se apenas Jörn tivesse cantado. No fim das contas, esta música se mostra legal o suficiente para ser ouvida de novo.
The Toy Master – A lenda do Rock, Alice Cooper, teve sua voz bem aproveitada nesta faixa. A música tem um excelente riff, que leva praticamente todo o verso. Mas como nada neste álbum nada é perfeito, o refrão pedia por uma voz mais potente que a da tia Alice. Parece que Sammet também percebeu isso, mas ao invés de colocar Jörn Lande ou Roy Khan para cantar, ele escolheu quem? Quem? Ele mesmo! O que não resolveu muita coisa.
Devil in the Belfry – Bom momento de Tobias Sammet e Jörn Lande se alterando nos vocais durante todo o verso desta música, que consegue ser estragada por um refrão genérico.
Cry Just a Little – É uma balada farofa, que tem o tema inicial levado por um violão sem graça. Os fãs do Totó que me desculpem (eu sei que vocês não vão), mas a letra dessa música é idêntica a varias do Zezé di Camargo e Luciano. É sério. Pode ver.
I Don’t Believe in Your Love – começa com um riff interessante que lembra vários riffs do Whitesnake, e o refrão lembra algumas músicas do ShaAaAman, ou seja, outra música genérica.
Lost in Space – Esta já havia aparecido no EP de mesmo nome lançado no ano passado e no primeiro videoclipe. É um Rock com uma roupagem essencialmente Pop, e acaba por se mostrar uma excelente música. Diga-se de passagem, que me lembrou bastante o álbum Virgo, lançado por Dedé Matos e produzido pelo Sr. Sascha Paeth (ele está em todas).
Avantasia: The Scarecrow, mostra-se um trabalho com várias boas idéias, em sua maioria mal aproveitadas. A voz de Tobias Sammet soa exagerada e fora de contexto diversas vezes, o que acaba comprometendo o resultado final do álbum. Mesmo este line-up estelar não vai conseguir salvar este CD de ser esquecido daqui a alguns meses. É uma pena um trabalho que prometia tanto cumprir tão pouco. Se você for fã de verdade de Tobias e sua trupe, é provável que acabe apreciando este trabalho mais do que eu. Mas se você nunca ouviu falar do Avantasia, e gostaria de conhecer o projeto, fique apenas com o The Metal Opera Pt.1 e seja feliz.
