At Vance – VII

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A minha relação com o At Vance é curiosa. Seu CD de estréia, No Escape, saiu bem naquela época pela qual todo headbanger passa em que você quer conhecer um monte de bandas novas e desconhecidas. Não deu outra, comprei o disquinho e me apaixonei. Afinal, tinha tudo que eu procurava em uma banda de Metal. O som era alegre, fofo, cheio de melodias e solinhos masturbatórios e ainda tinha uma cover do Vivaldi, uma do Abba e uma sensacional de Eye of the Tiger.

Gostei tanto do bichinho que, assim que o segundo, Heart of Steel, saiu, fui atrás dele também. Mas aí começaram as minhas decepções. Cheguei a comprar ainda mais uns três discos da banda, mas nenhum me apeteceu tanto quanto aquele primeiro. Na verdade, eu não considerei nenhum dos que eu comprei realmente ruim, mas as letras repetitivas (repare que todas traziam a palavra fight em algum momento) me irritavam e eles simplesmente não se destacavam no meio das minhas centenas de CDs. Resultado: acabei desistindo de comprar os álbuns dos caras.

Por causa dessa historinha, fiquei feliz e curioso quando o álbum VII chegou aqui no Oráculo. E essa curiosidade se tornou surpresa quando constatei que a banda (que até o último disco que comprei, o Only Human, era um sexteto) tinha se tornado uma dupla. Mas isso é o de menos, pois logo que coloquei o CD para tocar, reconheci o At Vance de sempre. A faixa de abertura, Breaking The Night é rápida, alegre e tem seus solinhos masturbatórios. E o álbum continua na mesma toada.

Parece que todas as mudanças de membros, das quais a mais doída sem dúvida foi a saída do vocalista tremendão Oliver Hartmann, mal afetaram a banda. Cold As Ice, por exemplo, parece tirada do No Escape e, com isso, não quero dizer que ela se encaixaria no álbum, mas que alguma das músicas daquele disco tem um riff muito parecido com esta. Eu só não sei dizer exatamente qual. Outra que dá essa sensação de “já ouvi essa melodia antes” é Answer Me.

Esse climão old-school é favorecido pela estranhíssima inclusão de uma regravação da balada do primeiro álbum, Lost in Your Love. A música é linda, mas poucas diferenças existem entre a que está presente aqui e a original, tirando apenas o vocalista. Mas até a voz de Rick Altzi lembra a do Hartmann. E se é para deixar tão parecido, para que regravar?

Também senti falta de alguma cover de música clássica e até mesmo de alguma do Abba, já que essas eram fortes características da banda nos primeiros álbuns e eles faziam isso muito bem.

Lendo até aqui, pode parecer que estou criticando o álbum, mas na verdade ele é bem legal. Não chega aos pés de No Escape, mas não posso negar que é refrescante ouvir um álbum de Metal lançado em 2007 que seja alegre, tenha refrões pegajosos e traga afinações em Mi, características que o estilo abandonou há anos e das quais eu sempre senti falta.

No final das contas, é um típico disco do At Vance. É legal, mas não é suficientemente legal, pelo menos não para mim. Quando o álbum está tocando, eu curto, me divirto, até assobio junto alguns refrões, mas não sai disso. Quando ele pára de tocar, eu simplesmente esqueço de tudo que tocou. Se eu fosse recomendar algum disco da banda para alguém que não a conhece, ainda me limitaria ao No Escape e a apenas ele. Contudo, se você gosta do que a banda gravou mais recentemente, com certeza VII não vai decepcioná-lo.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
at-vance-viiAno: 2007<br> Gênero: Heavy Melódico<br> Número de Faixas: 10<br> Gravadora: AFM/Laser Company/Rock Brigade<br>