As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian

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O primeiro Crônicas de Nárnia foi uma grande decepção para mim, embora eu não consiga explicar exatamente por quê. Talvez por causa disso, eu não me lembro de muita coisa do dito-cujo além do principal da história. Por exemplo, em vários momentos neste segundo filme, são feitas referências ao fato de que as crianças já foram adultas e que elas têm mais de 1000 anos e eu realmente não me lembro de nada disso.

Felizmente, apesar da minha falta de memória, ainda é possível desfrutar de Príncipe Caspian, segundo episódio da cinessérie baseada nos livros de C.S. Lewis, As Crônicas de Nárnia. E, maninho, como ele é superior ao primeiro! Tão superior que eu vou até mudar de parágrafo antes de começar a falar dele.

Muitos anos se passaram desde a história do anterior. Os Narnianos foram exterminados pelos humanos e agora são governados por um tirano malvado que decidiu criar um plano baseado em Hamlet e assassinou seu brother of Metal para assumir o trono. O filho do presunto é o tal Príncipe Caspian, que obviamente não poderia ficar vivo se o malvadão quisesse perpetuar sua posição de tremendão supremo. Assim, não resta ao Príncipe da Caspa outra opção além do exílio. Sim, eu sei, caro delfonauta. É toda a história de O Rei Leão de novo. Quantos plágios não creditados de Hamlet seremos obrigados a suportar?

Logo, o Príncipe Caspião acaba se encontrando com os bichinhos mágicos e, para ajudá-los a destronar seu tio malvado e garantir a sobrevivência dos fofuchos, eles chamam os moleques do primeiro filme de volta para Nárnia. E daí em diante, o bicho pega, em cenas de ação bem legais e até surpreendentemente violentas.

Ok, a história não é exatamente muito original, pois é praticamente um Hamlet no País das Maravilhas, mas ainda assim, ela é divertida, tem bastante humor e um monte de bichinhos fofos, inclusive um ratinho espadachim que tem a maior pinta de Gato de Botas e que não aceita ser chamado de fofo. Aliás, não por acaso o diretor dos dois Nárnia é Andrew Adamson, que também assumiu a função nos dois primeiros Shrek.

Visualmente, é tudo perfeito. Eu sinceramente não consigo colocar defeitos em nenhum dos bichinhos mágicos ou nos efeitos especiais. A trilha sonora, infelizmente, não é tão perfeita, e cumpre seu papel sem nenhuma canção memorável.

Na verdade, eu estava até querendo dar nota máxima para este filme, mas me vi obrigado a diminuí-la, pois a história chega a ficar um tanto confusa em alguns momentos. Ou, pelo menos, ficou para mim. E explico o motivo.

O delfonauta dedicado já sabe que eu tenho sérias dificuldades em diferenciar estadunidenses, em especial quando eles têm barbas. No primeiro Senhor dos Anéis, por exemplo, eu passei o filme inteiro lutando para diferenciar o Aragorn do Boromir e o Merry do Pippin. Aqui, rolou uma coisa parecida.

Acontece que os três malvadões-mor são tão parecidos que parecem gêmeos. Um deles é um guarda, o outro é o rei e o outro eu não consegui descobrir o que diabos fazia ali. Só que eu fiquei o filme inteiro confundindo um com o outro. E, a não ser que essa confusão realmente tenha afetado a forma como eu entendi os diálogos, tem um furo muito, muito feio ali. Leia o próximo parágrafo se quiser saber mais.

Spoiler leve, quase transparente: Lá no clímax, rola um mano a mano entre um deles e um dos moleques do bem. Pelo que eles falam antes do duelo, era um rei lutando contra o outro até a morte. Beleza. Quando a luta termina, aquele que deveria ser o rei do mal, vira para “aquele cuja função ninguém sabe” e o chama de “meu rei” ou algo do tipo. Mas cuma? Então quem lutou não era o rei? Será que os Narnianos também não conseguem diferenciar um estadunidense do outro e foram enganados? Eu até cheguei a pensar que fosse ser revelado que o da função incógnita na verdade era o pai do Príncipe Jaspion, mas isso não acontece. Então o que foi isso? Foi um furo terrível de roteiro ou eu que me perdi feio? E quando os estadunidenses vão aprender a contratar atores diferentes para papéis muito próximos? Fim do Spoiler.

Já que falamos de atores mal contratados, o sujeitinho que faz o próprio Príncipe Cáspita é terrível. Para começar, ele parece o baterista do CPM22, mas o pior mesmo é que ele fala com um sotaque que deixa até os diálogos mais sérios completamente cômicos. Manja o Apu, dos Simpsons? É quase igual. Só faltou ele falar alguma coisa tipo “doce Manjula”. Hum… doce Manjula… Agora, cá entre nós, por que pegar um sujeito que não fala inglês fluentemente para o papel principal? Esse tipo de coisa só daria certo se estivéssemos falando do Schwarzenegger e mesmo assim só porque ele é tão macho que não precisa falar pra chutar bundas.

Esses problemas dos dois últimos parágrafos são os responsáveis por esse filme não ter levado a nota máxima. Ainda assim, não se engane, Príncipe Caspian é bem legalzudo. Dê uma chance a ele, mesmo se não tiver gostado do primeiro Crônicas de Nárnia.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
as-cronicas-de-narnia-principe-caspianPaís: EUA<br> Ano: 2008<br> Gênero: Fantasia<br> Diretor: Andrew Adamson<br> Distribuidor: Disney<br>