Wunderling tem uma premissa muito legal, mas uma execução que não aproveita todo o potencial da sua ideia. Saiba mais na nossa análise Wunderling.
ANÁLISE WUNDERLING
Em um mundo habitado por vegetais claramente inspirado por Super Mario, o Homem Cenoura está em uma missão: salvar a Princesa Ervilha (Princess Pea).
Tá vendo aquele limão parecido com um Goomba, na frente do Homem Cenoura? Você é um deles. O mais baixo minion existente. Após ser pisoteado pelo herói, a bruxinha que serve como sátira do Bowser te ressuscita, e dá o incrível poder de… pular? E a missão de tirar as três vidas do Homem Cenoura antes que ele alcance a princesa. Não é legal?
GAMEPLAY
Apesar de parecer um tradicional jogo de plataforma 2D, o gameplay está entre isso e um jogo de quebra-cabeça. A questão é que seu personagem anda sozinho o tempo todo, e só muda de direção ao dar de cara com uma parede. Além disso, ele precisa pegar florzinhas para se manter vivo.
Algumas fases, especialmente se você estiver caçando segredos, exigem que você vá e volte pelos mesmos caminhos algumas vezes. Nestes casos, você precisa ativamente desviar de algumas flores para não morrer “de fome” quando estiver passando novamente por ali.
De princípio, seu personagem apenas pula, mas ele logo adquire outras habilidades, como uma corridinha limitada, wall jump e até a possibilidade de virar uma bola de fogo no ar.
NINTENDO DS
Com suas fases curtas e gameplay casual – embora seja até bem difícil – Wunderling é o tipo de jogo que eu gostava de jogar no Nintendo DS mais de dez anos atrás. Ele me lembrou títulos que eu curti bastante na época, como Mario vs. Donkey Kong 2: March of the Minis ou Kirby: Canvas Curse.
Na época, eu não buscava no DS jogos com mais sustância, como Zeldas ou Castlevanias. Eu queria jogos simples, que pudessem ser jogados em partidas curtas durante uma visita à privada. E Wunderling no Switch é perfeito para isso.
Para conseguir publicar esta análise antes do lançamento, eu acabei jogando inteiro em uma maratona de uma tarde, mas seria um jogo agradável para saborear aos poucos, como uma caixa de alfajores (hum… alfajores argentinos…).
Ele também é bastante apropriado para jogar no transporte público, mas acredito que este não é um uso comum do Switch no Brasil.
CRIATIVIDADE
Apesar do visual belíssimo em pixel art, os mundos poderiam ser mais criativos. Ele segue aquele padrão de jogos de plataforma, começando em belas florestas, passando por desertos, gelo e fábricas. Neste aspecto, não há novidades, e os mundos ficam consideravelmente menos bonitos conforme você avança na história.
O mesmo pode ser dito das músicas, que começam tranquilas e pegajosas, e devoluem para barulhinhos quase sem melodia.
VOCÊ É O CHEFE!
Uma coisa bacana, e que é a principal oportunidade perdida, são as batalhas contra os chefes. O Homem Cenoura tem três vidas, e seu objetivo é fazer ele sofrer um game over. Isso é alcançado em boss battles nas quais a bruxinha transforma seu limãozinho em um bicho enorme e perigoso.
Isso poderia ser demais. Ia ser legal se em cada batalha, o Homem Cenoura tivesse novas habilidades, representando os upgrades que ele adquiriria durante sua aventura. E você, por outro lado, ganhasse poderes exclusivos em cada batalha.
A coisa, infelizmente, é consideravelmente mais simples, e em geral essas lutas são cutscenes com QTEs. Simplesmente aperte os botões corretamente e você tirará uma vida do Cenourão.
Embora você possa jogar qualquer fase quantas vezes quiser pelo level select, as “boss battles” podem ser “jogadas” apenas uma vez.
Isso é realmente uma pena, pois o mais difícil é sempre ter uma boa ideia. O povo da Retroid teve uma excelente ideia ao pensar que você poderia ser o chefe enorme, mas infelizmente não a executaram de forma a alcançar todo seu potencial.
SEGREDOS
Um ponto em que ele segue bastante o esquema Super Mario World é na quantidade de segredos. Cada mundo tem 15 fases normais e três secretas. Estas podem ser acessadas apenas quando você encontrar saídas alternativas em fases específicas.
Essas fases secretas são consideravelmente mais difíceis do que as comuns, também seguindo o padrão Nintendo. É aquela história, só os jogadores mais habilidosos terão acesso a elas, então elas são o desafio principal da campanha.
E a campanha não é fácil. Não é especialmente frustrante, já que há checkpoints e as fases são curtas. Mas você vai morrer bastante até descobrir o que deve fazer para progredir. E depois mais algumas vezes até conseguir fazer e passar.
Apesar de Wunderling não ser tão bom quanto poderia ser baseado em sua premissa, ele ainda é excelente. Uma ótima diversão rápida e casual, e um jogo muito mais longo do que pode parecer, com mais de 100 fases. Recomendado para fãs de plataforma 2D que gostam de usar a cabeça para algo além de cabecear blocos flutuantes.