Whipseey and the Lost Atlas é um daqueles jogos em que simplesmente olhar algumas imagens já dá uma boa ideia de como é o produto final. Afinal, temos aqui um típico exemplar dos plataformas 2D, discutivelmente o gênero mais tradicional dos games. O visual busca inspiração direta no Nintendinho, quando jogos como este reinavam absolutos e a própria curta duração remete à era dourada do fim dos anos 80.
ANÁLISE WHIPSEEY AND THE LOST ATLAS
Aliás, Whipseey and the Lost Atlas tem um jeitão tão lúdico e fofinho que, enquanto estava jogando, minha esposa perguntou se se tratava de um lançamento da Nintendo. E não é o caso, claro, embora visualmente ele lembre muito um dos jogos antigos do Kirby.
A jogabilidade é simples e eficiente. Com o uso de apenas dois botões, você pode pular e atacar. O chicote usado para ataques também serve para planar, bastando segurar o botão de pulo quando estiver no ar. Você provavelmente já jogou outros títulos bem parecidos com Whipseey and the Lost Atlas, mas convenhamos que é uma fórmula vencedora, e ele segue a lição de “em time que está ganhando não se mexe”.
Os controles são precisos o suficiente para tornar o jogo muito gostoso e, se ele tivesse saído lá no fim dos anos 80, provavelmente estaria entre os clássicos do Nintendinho. A qualidade combinada do gameplay e do level design o colocaria facilmente ao lado dos melhores da época.
CINCO MUNDOS
Whipseey and the Lost Atlas tem cinco mundos, mas ao contrário de um Super Mario, estes mundos não são compostos de várias fases. Na real, ele tem apenas cinco fases. Cada uma delas é dividida em dezenas de telas independentes e termina em um chefão.
Ao morrer, você volta ao início da tela. Isso é ok, pois cada tela dura menos de um minuto. O problema é que você tem apenas cinco vidas para passar por todas as telas de um mundo e vencer o chefão. Perca todas e será obrigado a reiniciar a fase desde o início. Isso traz ao jogo frustração e repetição desnecessárias.
FRUSTRAÇÃO OLD-SCHOOL
Você pode dizer, com razão, que é assim que os jogos funcionavam nos anos 80. Você tinha um número limitado de vidas, e daí tinha que usar um continue, que voltava ao início da fase. Os jogos faziam isso naquela época para inflarem artificialmente a dificuldade e aumentar sua duração, e é exatamente esta a técnica de Whipseey and the Lost Atlas.
No fim do terceiro mundo, há a tela da imagem acima. Você deve pular nos dois inimigos para alcançar a plataforma mais alta. É um desafio comum em jogos de plataforma, e nem é tão difícil, mas exige algumas tentativas. Eu provavelmente passei por ele depois de umas dez, o que não é tanto. Porém, como eu chegava lá sempre com apenas duas ou três vidas, isso exigiu que eu fizesse a fase inteira quatro ou cinco vezes. Foi muito mais chato do que deveria ser, envenenando toda minha experiência com o jogo.
Eu fui do começo ao fim de Whipseey and the Lost Atlas em 70 minutos, mas acredito que pelo menos 30 foram gastos repetindo a maldita terceira fase. Sem o limite de vidas, ele teria durado 40 minutos? Com certeza. Mas seriam 40 minutos muito mais aprazíveis do que os 70 que ele acabou durando. Mais nem sempre é melhor, especialmente se o mais for simplesmente ficar repetindo as mesmas coisas.
FRAMBOESA PI
Na verdade, Whipseey and the Lost Atlas é tão old-school que, enquanto o jogava, eu não me senti no PS4, mas em um Raspberry Pi. A diferença é que, jogando em um retroconsole hoje em dia, eu com certeza ativaria um cheat de vidas infinitas ou usaria quick saves espertos para diminuir a repetição.
Individualmente, nenhuma tela de Whipseey and the Lost Atlas apresenta um grande desafio. Porém, algumas exigem várias tentativas, e estas são limitadas. O objetivo é claramente ser um jogo agradável e divertido, mas ele trai este objetivo com suas limitações arbitrárias.
Whipseey and the Lost Atlas é divertido o suficiente para ser recomendado para qualquer fã de plataformas 2D dos anos 80. Porém, para usufruí-lo completamente, você precisa ter, hoje, a mesma paciência das crianças da época. E, pelo menos para mim, uma diversão que exige paciência já é falha por natureza.