No papel, Warhammer: Vermintide 2 parece ser criado especificamente para mim. Trata-se de um beat’em up com gráficos fantásticos focado basicamente no combate. Ele saiu em março para PC, em julho para Xbox One, e agora no final de dezembro para PS4. Hora de ver se na realidade ele me agrada tanto quanto no papel, na nossa análise Warhammer: Vermintide 2.
ANÁLISE WARHAMMER: VERMINTIDE 2
Eu sempre fico meio inseguro quanto a estes títulos focados em multiplayer. Por isso, aliás, não analisei a versão de Xbox One quando ela saiu. Tenho receio de ser simplesmente um jogo de combate em arenas, onda após onda, sem fases ou maiores objetivos. Este não é o caso de Warhammer: Vermintide 2.
Este é um jogo em fases, bem no estilo “jogo de porrada clássico”. Você vai andando e exterminando todos os inimigos que aparecem, até chegar no outro ponto da fase e vencer.
As fases são relativamente abertas, o que deixa tudo um tanto confuso e menos linear do que o ideal. Acontece que, embora os cenários sejam lindos e variados de um capítulo a outro, na mesma fase todo o mapa é meio parecido demais. Assim, fica difícil se orientar.
Você chega num lugar com várias entradas e saídas, daí vem centenas de inimigos. Você grita “tá na hora do pau!” e porra todo mundo sem dó. Alguns minutos depois, você está de pé sobre centenas de cadáveres, banhado no sangue de seus inimigos. Mas por onde você entrou na sala?
E não estou exagerando quando digo que vêm centenas de inimigos. De acordo com as estatísticas apresentadas ao final da fase, cada uma delas é recheada de quase 1000 monstros. A quantidade de inimigos na tela ao mesmo tempo normalmente só é vista em jogos de zumbi, e é incrível como o jogo consegue ter tantos NPCs na tela e ainda assim ter um visual tão elaborado.
PORRADARIA COM AMIGOS
Warhammer: Vermintide 2 tem muitas semelhanças com Destiny. Por exemplo, seu nível é determinado pelo poder dos equipamentos que você tiver equipado. Suas recompensas vêm todas aleatoriamente em loot boxes (que não são vendidas por dinheiro real, apenas adquiridas através do gameplay). Além disso, é claro, o jogo é criado para ser usufruído em quatro pessoas online. Não, não há coop de sofá com tela dividida.
Porém, em Destiny, as missões da campanha funcionam muito bem mesmo jogando sozinho. Na verdade, se você quiser curtir a história e a ambientação, é melhor jogar sozinho.
As fases de Vermintide 2 estão mais para os assaltos de Destiny do que para sua campanha. Todas elas têm inimigos demais, e um monte de objetivos do tipo “sobreviva até o jogo dizer chega”. Isso torna jogar sozinho deveras entediante.
Na verdade, mais do que Destiny, Warhammer: Vermintide 2 me lembrou mesmo aquelas fases coop de Far Cry 3. O level design é muito parecido e, assim como no jogo da Ubisoft, a história é basicamente decorativa, uma vez que, se você quiser jogar online, vai jogá-las fora de ordem, eliminando todo o sentido da narrativa. Para você ter uma ideia, eu concluí o ato III antes do I e sem ter jogado nenhuma fase do II. Da mesma forma, quando você vence o último estágio, o jogo simplesmente volta para o hub para você escolher a próxima atividade. Não rola nem uma tela com um texto concluindo a história.
Assim, o que este oferece é mais ou menos equivalente ao multiplayer de Far Cry 3. Até é legal, mas funciona melhor como um brinde em um jogo com uma campanha single player caprichada. Mas Warhammer: Vermintide 2 não tem uma campanha single player, a não ser que você resolva jogar as mesmas fases sozinho (os jogadores restantes serão bots).
CADÊ AMIGOS?
Durante minhas primeiras horas, jogar online foi um suplício. O jogo não encontrava ninguém, nem mesmo no quickplay. Ou melhor, ele encontrava, mas não conseguia nos conectar. Ficava eternamente mostrando a tela de conectando ou de “entrando no jogo”.
Nas raras vezes que eu conseguia encontrar aleatórios para matar uns vermes comigo, entrávamos na fase e, quando ia ver, estava jogando com bots, sem nenhum aviso do jogo. Foi bem frustrante.
Porém, depois de algum tempo, este problema simplesmente sumiu, e o jogo passou a encontrar parceiros rapidamente. A coisa melhorou bastante a partir daí, mas eu fiquei pensando: a maioria das pessoas tem uma ou duas horas livres para jogar videogame por dia. Então é inaceitável passar 20 minutos desse tempo só esperando o matchmaking. Portanto, fique avisado que este aspecto de Vermintide 2 depende muito da sua sorte.
CLASSES DE PERSONAGENS
Há cinco classes de personagens diferentes para escolher. A principal diferença entre elas é o ataque à distância, que pode ser arco e flecha, escopetas ou, minha preferida, magias.
A feiticeira, que é a classe com a qual eu mais joguei, tem suas magias dependentes de seu bastão. A coisa envolve tiros mais tradicionais, raios laser e a mais impressionante, fazer o chão pegar fogo em uma larga área.
O grosso do combate é no corpo a corpo, com espadas, martelos, machados e afins. E neste aspecto, a coisa é bem menos interessante. Basicamente, você fica só martelando o R2 esperando os inimigos morrerem. Não há combos, nem nada mais elaborado – aliás, eu ainda estou esperando algum jogo em primeira pessoa criar um combate corpo a corpo tão legal quanto o de Condemned 2.
As fases são basicamente combates infindáveis e, até por esta simplicidade, eu acabei preferindo jogar com a feiticeira. As magias devem ser usadas com parcimônia, ou você morre. Isso acrescenta uma dose bem-vinda de estratégia, exigindo que você alterne entre a feitiçaria e a espada.
Quando o jogo resolve variar um pouco o gameplay, ele simplesmente não se dá bem, como numa parte em que ele exige o alinhamento de três partes de uma roda enquanto centenas de inimigos te atacam.
ALGUMA DIVERSÃO
Warhammer: Vermintide 2 é daqueles jogos que quer que você repita suas fases muitas e muitas vezes, em várias dificuldades, em busca de loot cada vez melhores. Assim, ele não funciona muito bem para quem quer uma campanha com começo, meio e fim. Como você vai fazer as fases fora de ordem, vai desistir de acompanhar a narrativa rapidamente, e sobra a porradaria. E esta, por sua vez, não é especialmente elaborada.
O que sobra é um beat’em up hack and slash bem simples e com um audiovisual caprichado. Se você tem três amigos que se interessem pelo gênero, com certeza terá aqui algumas horas de diversão (até porque neste caso pode jogar as fases na ordem).
Se você, como eu, gosta mais de uma campanha focada não apenas no combate, mas na narrativa e na ambientação, a coisa fica enjoativa bem rápido.