É super raro eu sentir isso, mas como você vai ler nessa análise Underhero, este é um jogo que me surpreendeu.
ANÁLISE UNDERHERO
Eu sinceramente esperava que ele fosse um plataforma tradicional, mas ele vai muito além disso. Na verdade, Underhero é uma amálgama de gêneros diferente de tudo que eu já tinha jogado antes. Meio plataforma 2D, meio RPG com combate por turnos. Trata-se de uma experiência bastante nova e criativa. E essa criatividade se estende também à sua história.
Em Underhero, você é um minion de nível baixo que, em um toque de genialidade, conseguiu vencer o herói. O vilão, feliz com seu sucesso, resolve compensá-lo com a missão de devolver as pedras coletadas pelo herói para os três chefes vencidos por ele em sua jornada.
Não é o primeiro jogo em que você joga com um minion, longe disso. Mas acredite, a história é muito mais criativa do que pode parecer a princípio. Detalhes aparentemente sem importância do começo da história viram fatores importantes para a sua conclusão, horas depois. Assim, vale a pena ler e acompanhar tudo que acontece. E, para completar, os personagens são bem divertidos e engraçadinhos, então seguir a história é um prazer.
COMBATE E PLATAFORMA
A plataforma é mais ou menos como você espera. Apesar de ser um jogo dividido em fases, há uma forte influência de metroidvania. Tem muito vai e vem e coleção de itens que abrem caminho. Cada fase leva várias horas para ser vencida, especialmente se você explorar bem.
A novidade vem mesmo no combate, que é quase turn based. Não é exatamente isso, no entanto. Ao encontrar um inimigo, você fica “preso” na luta. A única forma de escapar é subornando o desafeto. Seus ataques são limitados por uma barra de fôlego, mas isso funciona de forma completamente diferente de Dark Souls.
O que a barra faz é limitar seus ataques. No início, após atacar umas duas vezes, você fica cansado e ofegante, sem poder se mexer. Então é necessário investir com parcimônia. Todos os ataques inimigos são bastante telegrafados, e você pode escapar de todos pulando ou agachando. Escapar recupera seu fôlego, mas não dá para desviar quando estiver ofegante.
Na prática, vira quase um combate por turnos. Você ataca uma ou duas vezes e espera a vez do inimigo. Tenta desviar e ataca novamente. Há vários tipos de golpes diferentes, como a espada, rápida e fraca; ou o martelo, lento e forte. Tem também o estilingue, que permite investir contra inimigos distantes ou acertar pontos fracos.
Sinceramente, se eu soubesse que Underhero era assim antes de pegar, provavelmente não o teria pego. No entanto, fico feliz de tê-lo jogado, pois gostei bem mais do que esperava, e isso o transformou em uma experiência totalmente nova.
CHEFES
Os grandes destaques são as batalhas contra chefes. Toda fase termina com um chefe, e essas lutas são ainda mais dinâmicas do que as tradicionais contra minions. Os chefes te atacam em tempo real, e em geral você precisa dar um jeito de chegar perto deles para ativar o combate “por turnos”. Isso varia desde o “estilo Nintendo”, de esperar a hora de atacar; até se aproximar dos chefes de formas específicas.
Meu único problema com os chefes é que eles são um tanto longos demais. Não difíceis, mas longos. Eu gostei muito das lutas em si, mas em geral elas poderiam terminar antes.
Underhero não é um jogo difícil, mas tem possibilidade de ficar extremamente frustrante, pois os checkpoints são bastante espaçados. Para mim, isso não chegou a atrapalhar muito porque, para ser sincero, eu quase não morri. Porém, cada vez que morri perdi uma quantidade considerável de progresso, o que não é nem um pouco legal.
BACKTRACKING
Ele também perde pontos por tentar aumentar sua duração de forma forçada. Underhero já é um jogo relativamente longo, bem mais do que parece. Porém, perto do final, ele exige que você visite novamente os mundos anteriores. Isso acrescenta algum tempo de jogo, mas também é uma parte chata, repetitiva e desnecessária. Afinal, você já explorou aqueles mundos. E não há nada novo para pegar neles, nem mesmo moedinhas.
Outro problema é o tempo de carregamento. Underhero é um jogo pixelado em que cada fase é composta de dúzias de telas. Em jogos assim, é comum passar de uma tela para a outra quase instantaneamente. Aqui, ele passa por uma tela preta que dura cerca de 10 segundos. Veja bem, um loading de dez segundos é rápido. Porém, por ser um jogo pixelado em que você está sempre mudando de tela, acaba parecendo desnecessário e ficando bem monótono.
Por fim, ele é simplesmente muitos escuro. Na verdade, é o jogo pixelado mais escuro que já joguei. Ter que pular precisamente entre plataformas voadoras quando você não consegue enxergar a plataforma por falta de iluminação, acredite, não é legal.
Dito tudo isso, tem um problema muito grave no jogo, que torna impossível chegar ao fim de sua história.
GAMEBREAKING BUG
A imagem acima mostra um puzzle que vem no finalzinho da campanha. Nele, você deve derrubar uma chave na plataforma. O problema é que, mesmo que você acerte a mira, a chave ATRAVESSA a plataforma. Na imagem, do lado inferior direito da plataforma, você consegue ver os dentes da chave atravessando.
Eu tentei reiniciar o checkpoint e o console, e isso sempre acontece. Só não tentei reiniciar a campanha desde o início porque, afinal, isso acontece no finalzinho do jogo. Assim, eu até recomendo Underhero, mas no momento é literalmente impossível terminar sua campanha. Contatei a empresa Digerati, e eles disseram que um patch que corrige este erro será liberado nos próximos dias.
Não fosse por isso, eu provavelmente daria uma nota mais alta a Underhero. Porém, uma campanha literalmente interminável é um problema muito grave, e me obrigou a diminuir a nota de 3,5 para a que você vê agora. Os outros probleminhas incomodam, mas não se deixe desanimar por eles. Trata-se de uma obra tão criativa quanto divertida, que merece ser conhecida por todo tipo de fã de games. Desde que, claro, este problema seja solucionado.