Análise Severed Steel: Matrix simulator

Partidas rápidas e intensas.

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Há muito tempo, mais precisamente desde 1999, os videogames vêm tentando recriar Matrix. Tivemos ótimos jogos nessa levada, como Max Payne. Tivemos alguns jogos do próprio Matrix, com envolvimento das diretoras até. Hoje, bullet time é um superpoder de videogame tão comum quanto pulo duplo. Mas isso não significa que a vontade de criar um game de Matrix tenha sumido. Bem-vindo à nossa análise Severed Steel.

ANÁLISE SEVERED STEEL

Severed Steel é um FPS bem simples, mas bem marcante. Basicamente, ele visa dar a sensação de controlar os heróis naquela cena famosíssima do tiroteio no lobby do primeiro Matrix.

A cena é linda, e uma grande inspiração para os videogames de ação que vieram desde então. E Severed Steel faz um bom trabalho no que se propõe.

Você controla uma heroína altamente ágil capaz de altas acrobacias e poder de bullet time. Durante qualquer tipo de acrobacia (derrapada, correr pelas paredes, mergulhar…), seu tempo de bullet time é infinito e você fica absolutamente invencível. É possível ativar o bullet time quando você está parado ou andando normalmente, mas daí tem limite e você fica bastante vulnerável. Bastante mesmo.

Então a pegada é essa: fique o máximo de tempo possível fazendo acrobacias estilosas para ficar invencível e aproveitar o bullet time infinito. Dá até para configurar o jogo para ativar o bullet time automaticamente durante as acrobacias, o que é uma mão na roda.

GUNS. LOTS OF GUNS.

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Apesar de o jogo ser quase o tempo todo em câmera lenta, é uma ação muito rápida e frenética. Você atira o tempo todo da cintura (o L2, normalmente usado para mirar, ativa o bullet time). Nunca fica parado. E não há reloads. Quando acaba a munição de uma arma, você a arremessa no meliante mais próximo e automaticamente arranca a dele ou qualquer uma que esteja ao alcance.

Isso tudo é feito sem pensar. Você atira à vontade e, quando acaba a munição, a troca é quase instantânea. De vez em quando, você vai ficar andando a esmo, procurando por uma arma, mas estes momentos são raros. Em geral é bem fácil estar sempre armado.

Completando o estilão Matrix, os cenários são bastante destrutíveis. Vidros e paredes quebram em pedacinhos, e tem até uma arma que você pode usar para simplesmente abrir suas próprias portas na parede. Procurar por um caminho pré-estabelecido é coisa para quem não tem um canhão colado no braço.

ANÁLISE SEVERED STEEL: PORTAS SÃO PARA FRACOS

Para conseguir este cenário quase totalmente destrutível, o visual é bem simples. Quase abstrato mesmo. Claro, a gente sabe que é impossível ter cenários com a complexidade de um AAA se der para abrir buracos em qualquer lugar. Severed Steel não é um jogo especialmente bonito, mas compensa sendo bastante estiloso. Bem mais interessante ao vivo, aliás, do que nas imagens que você vê aqui.

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Destrua tudo, e veja os pedacinhos voarem em câmera lenta.

A soma de tudo isso faz com que Severed Steel cause uma excelente primeira impressão. Depois de passar pelos primeiros tiroteios, é impossível não se empolgar. A ação é gostosa, estilosa, e você se sente o Neo ou a Trinity o tempo todo.

PORÉM…

Porém essa empolgação inicial não dura muito. Severed Steel é bacana, mas é praticamente um mini-game. Seus cenários, que já não são grande coisa, mudam muito pouco. A história é praticamente inexistente. Sem um contexto mais interessante ou sem algo que pode ser chamado de “jornada”, você basicamente passa por algumas dúzias de fases muito parecidas, e dificilmente vai se lembrar de qualquer uma delas.

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A exceção é o único chefe, que vem no final do quinto capítulo. E é bem monótono.

Se você já jogou Superhot, é mais ou menos aquilo. É único, é interessante e estiloso. Mas não tem muito fôlego e cansa rápido. Mesmo com uma duração bem curta, de cerca de três horas, eu senti que Severed Steel foi longo demais para o que oferece.

Ao terminar a campanha, ainda tem umas fases bônus, e o modo tiroteio, que remixa fases conhecidas e coloca desafios como “mate três caboclos durante um único mergulho”. Mas se a campanha já sofre com falta de contexto e de avanço, esses mapas individuais são ainda mais soltos.

Vale jogar Severed Steel? Sim, é divertido. Mas funciona bem para partidas curtas. Tipo, é legal pegar para jogar uma ou duas fases por vez, não para fazer sua campanha do início ao fim em uma única sentada. Se é isso que procura, é uma boa pedida.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-severed-steel-matrix-simulatorDisponível: Switch, Windows, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series<br> Analisada: PS5<br> Desenvolvedora: Greylock Studio<br> Editora: Digerati<br> Lançamento: 13 de maio de 2021 (PC), 20 de julho de 2022 (consoles)<br> Gênero: FPS / Matrix simulator