Ah, os deliciosos plataformas 3D. Estes games, que são meu gênero preferido, costumam estar entre os mais bonitos e gostosos de todos os games. Esta é nossa análise Scarf e, meu camaradinha, poucas vezes um game foi tão bonito e tão gostoso para mim. Ora pois, veja isso!

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Lindo demais, meu!

O uso de cores, a performance, o estilo. Scarf é um jogo que, em 2023, parece next-gen, mas como seu visual é totalmente estilizado, prevejo que se manterá lindo pelas próximas décadas. Eu sinceramente não achava que minha TV LG cheia de burn-in ainda era capaz de mostrar tantas cores (a TV está tão ruim que, em jogos das Tartarugas Ninja, por exemplo, não é possível ver diferença da pele verde do Michaelangelo para sua faixa laranja).

ANÁLISE SCARF

Scarf é um plataforma 3D pacífico. Ou seja, não há inimigos ou combate. Quando você cai na água ou em algum buraco, simplesmente reaparece em uma plataforma próxima e continua jogando. Ele é um puzzle plataforma, porém há bem mais foco na mobilidade aqui do que em um Limbo, por exemplo. Ele tem muitos quebra-cabeças, mas nos trechos de plataforma, está mais próximo de um Super Mario do que do que tradicionalmente chamamos de puzzle plataforma.

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Na verdade o jogo só não ganha nota máxima e Selo Delfiano Supremo justamente por causa de seus quebra-cabeças. A coisa dá uma grande esfriada sempre que um desafio no estilo aparece, muito porque boa parte deles envolve aquele tipo de puzzle em que você arrasta caixas para fazer plataformas, apertar botões ou desviar raios de luz. E sei lá, este tipo de gameplay é antigo e batido.

O DELFONAUTA DO FUNDÃO

“Ora, Corrales”, diz o delfonauta do fundão. “Você não adora aqueles jogos em que você anda para a direita dando soquinho em tudo que se mexe? Isso é ainda mais antigo do que empurração de caixas”. Pois é, me pegou, meu camaradinha. A questão aí não é necessariamente o fato de ser um paradigma antigo. Mas algo que nunca foi especialmente legal. Pelo menos não para mim.

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Lá em 2006, quando eu escrevi a resenha do God of War Original, eu já estava muito de saco cheio de empurrar caixas. Minha raiva em relação a isso diminuiu, e hoje em dia até faço numa boa. Mas não é uma atividade que considero prazerosa. E mais de 15 anos já se passaram. A essa altura os desenvolvedores já deveriam ter criados outras formas mais bacanas de quebra-cabeças para videogames.

ANÁLISE SCARF: DELÍCIA CONTEMPLATIVA

Felizmente, se o aspecto quebra-cabeça de Scarf é mediano e comum, todo o resto é uma delícia. A combinação de sua movimentação leve e gostosa com seu audiovisual fantástico deixa navegar pelo mundo um enorme prazer. Não que ele crie alguma coisa realmente nova. A pegada é o cachecol, mas as habilidades que o cachecol permite fazer, como pulo duplo ou glide, são relativamente comuns em games do gênero.

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Normalmente games de plataforma 3D, como o próprio Super Mario, trazem em sua estética uma alegria típica da infância. Jogá-los é gostoso como brincar. Scarf também é fofo, mas é um fofo diferente. Tem um jeito mais contemplativo. Mais Journey do que Super Mario. Assim, jogá-lo é gostoso como meditar. Ou seja, ainda é gostoso, mas de forma diferente.

As músicas complementam o visual de forma fantástica, com lindas melodias. Só é uma pena que não toque música o tempo todo. Mesmo em momentos mais silenciosos, a ambientação sonora, com ruídos de ventos e cantos de pássaros, é bacana, mas é muito mais legal quando estes sons são combinados a músicas.

NARRATIVA CURIOSA

O estranho é que Scarf é um jogo totalmente bonitinho e pacífico, mas seu objetivo nas fases parece um tanto malvado. Normalmente envolve encontrar criaturas e usar o cachecol para absorver algo delas. Algo que parece ser suas almas.

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Isso não parece algo que alguém do bem faria.

Obviamente, dizer mais sobre isso configuraria spoiler, mas definitivamente não é uma atitude que você espera de um menininho e seu cachecol que, normalmente, age como um fofo cachorrinho (sim, dá para fazer carinho no cachecol).

Scarf é um jogo excelente, uma delicinha eletrônica que merece ser jogada por qualquer pessoa que curte dar uns pulinhos em um audiovisual bacanudo. Também é bacana que ele dure apenas algumas horas (dá para terminar em uma tarde) e não tem absolutamente nada que remeta a crafting ou estatísticas aqui. Isso já é meio caminho andado para eu recomendar qualquer jogo. Mas Scarf anda a outra metade do caminho com força e vontade.