Myst é um dos jogos mais importantes da história. Lançado em 1993, era ao mesmo tempo o ápice da tecnologia (vinha em CD, tinha trilha sonora orquestrada e vídeos live-action), mas também era uma verdadeira ruptura cultural. Em uma época dominada por heróis musculosos e mulheres com pouca roupa, Myst era mais adulto. Contava uma história mais séria e filosófica, e tinha um andamento lento e reflexivo. E agora, esta aula de história chega ao Switch, e você pode saber de tudo na nossa análise realMyst: Masterpiece Edition.
VERSÕES DE MYST
Há quatro versões de Myst. São elas Myst, Myst: Masterpiece Edition, realMyst e realMyst: Masterpiece Edition.
As duas primeiras são jogos em 2D, point and click, com cenários pré-renderizados e movimento fixo. A versão Masterpiece usa uma cores de 24 bit, enquanto a original era limitada a 8 bit. Então a diferença entre eles são os gráficos.
realMyst já é um jogo totalmente em 3D, com movimento tradicional em primeira pessoa, onde você pode andar e olhar para onde quiser. Novamente, a diferença para a Masterpiece Edition são os gráficos, agora com texturas recriadas e atualizadas, além de rodar em uma resolução mais alta. Ambas as versões de realMyst trazem uma nova era (fase) chamada Ryme, que pode ser encontrada depois do final original do jogo.
ANÁLISE REALMYST: MASTERPIECE EDITION
Myst é um jogo de puzzles altamente elaborados e muito envolventes. Eu sempre fui um tanto fascinado com ele, chegando a comprá-lo algumas vezes no passado. Na última vez, comprei um pacote da Masterpiece Edition que vinha com três jogos e era publicado pela Ubisoft. Tenho a sensação de ter jogado bastante, mas não sei dizer se cheguei até o final. Acredito que terminei o primeiro, mas com certeza não terminei os três. Embora eu ache o jogo, sua história e atmosfera fascinantes, faltava-me paciência. E eu sinceramente não sabia se a teria hoje em dia.
Os puzzles de Myst são realmente obtusos. Há um, por exemplo, em que você precisa reconhecer notas musicais e reproduzir uma música em outro equipamento. Isso é praticamente impossível para quem não tem capacidade de “tirar” música de ouvido. Felizmente, esta versão de Switch vem com um guia incorporado, onde você pode encontrar a solução para quaisquer quebra-cabeças, por mais cabeçudos que sejam.
A história envolve dois irmãos presos em livros. Seu objetivo é visitar as eras e encontrar páginas. Então, você pode levar essas páginas para eles e eventualmente libertá-los. A questão é que um acusa o outro de ser um assassino mentiroso. Em quem acreditar?
A ERA MYST
Se você gosta de jogos que não seguram a mão do jogador, Myst foi feito para você. O jogo começa sem contexto nenhum, sem guias ou tutoriais. Mesmo já tendo jogado antes, admito que fiquei totalmente perdido de cara.
A era Myst, onde o jogo começa, é um hub do qual você pode acessar todas as outras eras. Cada era, ou fase, tem sua entrada fechada por um puzzle. A primeira coisa que eu fiz no jogo foi abrir todas as entradas, e só depois fui visitando uma a uma. Porém, Myst dá total liberdade para você vivenciar seu conteúdo na ordem que desejar. Dá até para pular o jogo inteiro e ir direto para o final, se desejar.
FASES CURTAS
As eras são relativamente pequenas. Em poucos minutos, você explora uma delas inteira, e daí precisa resolver o puzzle que libera a saída. Na maior parte dos casos, encontrar as páginas é fácil, a questão é mesmo conseguir sair. Uma coisa chatinha é que você só pode pegar uma página por vez, então se quiser ver toda a história, é necessário visitar cada era duas vezes. Isso é especialmente chato em uma fase na qual, para sair, você precisa passar por um labirinto onde, mesmo sabendo o caminho, demora cerca de dez minutos para atravessá-lo.
Na minha memória, Myst era um jogo enorme. Lembro de ter passado meses jogando meus CDs da Ubisoft e parado de jogar antes de terminar todos por realmente não aguentar mais. Curiosamente, terminei realMyst em uma tarde. Faz uma tremenda diferença ter um guia a mão e não ter problemas em usá-lo.
O curioso é que o guia em questão parece aqueles que você encontra no Gamefaqs, escrito por outro jogador. Tem opiniões, destaca coisas da história e chama a atenção para detalhes. Fiquei até curioso se a Cyan Worlds pegou um guia pronto da internet ou se simplesmente escreveu o seu próprio seguindo o estilo da rede.
Particularmente, eu sou muito a favor de jogos como esse incluírem um guia no próprio menu. Convenhamos, quando a maioria das pessoas encalha, procuram a solução de qualquer jeito. Evitar que o jogador saia da experiência, portanto, é importantíssimo.
RIME, A ERA NOVA
A era exclusiva de realMyst, chamada Rime, vem depois do final do jogo normal. Trata-se de uma área bem pequena, com alguns poucos puzzles. Solucioná-los rende um teaser para a continuação de Myst, Riven. Porém, eu tive problemas com isso. Tudo indica que o puzzle final está quebrado nesta versão de Switch.
Trata-se de um quebra-cabeças onde você precisa colocar cristais em formatos e cores específicas. A solução é dada em um papel que se encontra na mesma área, e basta copiar a ordem. Eu fiz isso, mas a máquina em questão mostra apenas estrelas. Procurei vídeos e dicas na internet, e aparentemente estava fazendo tudo certo. Cheguei até a contar os cliques necessários e reproduzir fielmente. E nada. No final das contas, escolhi parar de perder tempo, uma vez que solucionar isso mostra apenas uma foto e os créditos finais. Porém, é bem chato chegar até o final de uma história e não conseguir terminar por problemas técnicos.
REALMYST NO SWITCH
Apesar de estar saindo para Switch agora em 2020, realMyst é um jogo bem antigo. O original é de 2000. Esta versão Masterpiece Edition saiu em 2014. Então não espere por gráficos fantásticos. Na verdade, na minha memória, o Myst 2D era mais bonito do que o 3D de realMyst, mas pode ser memória afetiva.
O que mais me incomodou foi a performance. Considerando quão simples é o visual, penso que ele poderia rodar a 60fps, mesmo no Switch. A performance, no entanto, está longe disso. A animação é quebrada. Girar a câmera realmente incomoda por quão duros são os movimentos. Isso é refletido mesmo nos menus, que são bem menos responsivos do que se espera.
realMyst sai nesse momento apenas para Switch, tornando esta versão exclusiva entre os consoles. No entanto, imagino que a performance da versão de PC e Mac deve ser muito superior, para aqueles que puderem jogá-la. Talvez este seja otimizado via patches no futuro, mas por enquanto a performance é bem sofrida, diminuindo consideravelmente o prazer de explorar Myst. Considerando quão antigo o jogo é, também é uma pena que ele não seja vendido hoje em dia incluindo a coleção Myst completa, composta de seis jogos.
UMA AULA DE HISTÓRIA
Jogar Myst, hoje, é mais uma aula de história do que simplesmente jogar por entretenimento. Myst foi importantíssimo nos anos 90, mostrando um amadurecimento muito bem-vindo da indústria de games.
Particularmente, eu sempre fui mais fascinado por ele como conceito do que como jogo propriamente dito. Gostei de jogá-lo novamente em 2020, mas mais pelo fortalecimento de repertório do que por de fato ter me divertido com a experiência. Se você também é interessado pela história dos games, jogar Myst é essencial.
LEIA TAMBÉM:
Obduction: o jogo mais recente da criadora de Myst, Cyan Worlds.