Os jogos Pokémon recentes têm sacadas bem marketeiras para ajudar os fãs a justificar a nova aquisição às suas famílias. Por exemplo, a Mega Evolução em Pokémon X e Y, ou os Z-Moves em Pokémon Sun e Moon. Em Pokémon Sword e Shield, temos o tal do Dynamax: seus pokémon podem ficar gigantes!
Estes são os novos jogos Pokémon lançados pela Nintendo neste mês. Eles chegaram com muito hype, mais do que de costume. Além dos pokémon gigantes, os trailers mostraram trechos abertos (da Wild Area), algo inédito para a série. Pokémon Sword e Shield pareceram ser aventuras para jogar do sofá de casa, não no modo portátil.
No entanto, logo a expectativa se transformou numa verdadeira campanha dos fãs de reclamar dos jogos. O motivo? Nem todos os pokémon que existem podem ser usados em Sword e Shield. A Game Freak escolheu ter foco, somando 400 Pokémon com as duas versões.
O resultado disso aparece em sites como o Metacritic: a média da nota dos críticos para Pokémon Sword é duas vezes maior do que a dos usuários do site. Que vespeiro, hein?
Nesta análise, você vai saber tudo sobre Pokémon Sword e as minhas opiniões sobre as novidades e essa “polêmica”. Vem comigo?
Análise Pokémon Sword: qual pokémon você vai escolher?
Pokémon Sword segue as principais tradições da série. Seu personagem quer ser o campeão da liga da região (neste caso, Galar). Para não começar do zero, você tem o direito de escolher um pokémon, que pode ser de água (Sobble), planta (Grookie) ou fogo (Scorbunny).
A maior parte da história é sobre os seus próximos passos para ser o campeão da liga. Claro, tem os elementos conhecidos: o seu maior rival/amigo (Hop) e os criminosos que serão uma pedra no seu sapato (Team Yell). Como pano de fundo, coisas estranhas acontecem e, inevitavelmente, elas estarão relacionadas ao pokémon lendário da capa.
Pokémon Sun e Moon riscaram os ginásios na tentativa de trazer um frescor à série. Aqui, eles voltam a ser os grandes destaques da campanha. São oito, cada um com um líder especializado em um tipo de pokémon (fogo, água, fada, dragão, etc). Antes de enfrentá-lo, há uma série de desafios, que podem incluir puzzles, quizzes, batalhas com treinadores e outras surpresas.
Pela primeira vez na série, as batalhas com os líderes contam com uma plateia barulhenta e empolgada de fundo. Nesses combates, um pokémon de cada lado pode ficar gigante, o que dura três turnos.
Análise Pokémon Sword: a Wild Area
Como você deve imaginar, seu pokémon não pode ficar gigante sempre que der vontade. Além dos ginásios e ocasiões específicas da história, o modo Full Megazord é reservado a pontos do mapa na Wild Area.
A Wild Area é uma área especial, que fica acessível em poucas horas de jogo e liga as principais cidades de Galar. Nela, você tem controle total da câmera do personagem (360°) e pode andar livremente – é quase, mas bem quase, um Breath of the Wild pokémon.
Nesses lugares, ocorrem as Max Raid Battles (é, pokémon é cheio de nome complicado!). Até quatro jogadores podem enfrentar e tentar capturar o Pokémon gigante – ou, se você estiver offline, treinadores da AI lutam ao seu lado.
Porém, a maior mudança que a Wild Area traz é a possibilidade de encontrar pokémon em níveis muito acima dos seus no momento. Com um pouco de paciência e estratégia (e sorte), pokémon em níveis altos podem ser derrotados.
Por causa da Wild Area e das Max Raid Battles, é muito mais rápido subir os níveis dos seus pokémon. É possível ensinar golpes antes disponíveis apenas no late game com as TR – elas são iguais às TMs, com a diferença de que somem após o uso.
O que não faz sentido é que pokémon de níveis altos só podem ser capturados se você tiver a insígnia correspondente. Ou seja, você só vai poder ter aquele Steelix bombado depois de vencer o sexto ginásio. Até lá, sua party estará próxima desse nível.
Havia várias formas simples de resolver isso. Os ginásios poderiam ter level cap para os pokémon que você pode utilizar. Ou você poderia capturar os pokémon em níveis altos, mas só usá-los quando obtivesse a insígnia. Para mim, essa decisão é o aspecto mais controverso de Sword e Shield.
Análise Pokémon Sword: combate por turnos é legal, sim!
Na minha infância e adolescência, Pokémon era a única série de combates por turnos da qual eu gostava. E, agora, com Sword, é muito fácil entender por quê.
Pokémon é um dos JRPGs mais acessíveis que existe. O sistema de fraqueza e resistência dos tipos, basicamente um jo-ken-po,é uma linguagem universal. Plantas são fracas contra fogo. Pedras resistem a trovão. Como as batalhas, no geral, são um contra um, há uma boa dose de diversão (e tensão) ao saber que, se você fizer a escolha errada, pode ver seu pokémon derrubado pelo seu adversário num único hit.
O restante que você precisa aprender também é bem simples. Cada pokémon tem cinco atributos: Ataque, Ataque Especial, Defesa, Defesa Especial, Velocidade. Ataque e defesa são físicos. Ataque Especial e Defesa Especial, não. Velocidade afeta quem irá atacar no começo do turno.
Então, se você tem um pokémon de pedra com alta Defesa e baixa Defesa Especial, ele irá resistir melhor a ataques físicos de água, mas provavelmente irá ser derrubado no primeiro ataque especial.
Fora isso, tem os elementos adicionais como Precisão (golpes muito fortes podem ter precisão baixa, e falharem de vez em quando), e os itens, que servem para equilibrar ou deixar aspectos fortes do seu pokémon ainda melhores.
Para o bem e para o mal (mais sobre isso adiante), Pokémon Sword não mudou nada do sistema do combate clássico da série. Se você já jogou, não tem nada que não tenha visto antes.
Análise Pokémon Sword: coisas à parte para administrar
A Wild Area e os pokémon gigantescos são as principais novidades de Sword e Shield. Porém, há alguns sistemas novos que complementam a experiência.
Nos últimos três lançamentos pokémon, você podia fazer carinho e alimentar pokémon um a um. Isso fazia com que eles ficassem mais amigos seus e, nas batalhas, sobrevivessem a golpes críticos.
Em Sword e Shield, você pode montar acampamentos para brincar com seus pokémon e cozinhar para eles (!?). A ideia é legal; a execução, nem tanto. Para cozinhar, você precisa martelar o dedo no botão A para erguer as chamas na panela. Demora e é cansativo. Por outro lado, ver os pokémon interagindo entre si é bem divertido.
As recompensas para fazer isso são boas e quase compensam os mini-games chatos. Seus pokémon recuperam vida, ganham XP e ficam mais amigos.
Análise Pokémon Sword: pokémon com qualidade de vida?
Por sempre ter sido uma franquia de sucesso garantido, a Nintendo e a Game Freak são muito cautelosas com qualquer mudança nos jogos. Por isso, Pokémon carrega manias bastante pentelhas que estão lá apenas porque sempre estiveram lá.
Dito isso, Pokémon Sword traz melhorias significativas que tornam a experiência mais prazerosa. Não existe mais um item que distribui experiência aos pokémon (Exp. Share): isso acontece de forma automática desde o início.
Pela primeira vez, você pode trocar os pokémon da sua party pelos que estão no banco (Box) de qualquer ponto do jogo. Antes, era obrigatório ir até algum Centro Pokémon para fazer isso. A sua party continua com o limite de seis pokémon, mas é muito mais fácil treinar vários ao mesmo tempo. Essa foi uma necessidade prevista para a Wild Area.
Pokémon Sword (e Shield) é, então, o pokémon com o fator mais alto de conveniência até hoje.
Análise Pokémon Sword: não se mexe em time que está ganhando
Apesar dos pokémon gigantes, novas mecânicas e outras melhorias, Pokémon Sword é a mesma experiência que todo pokémon proporciona. E isso é muito ruim, e é muito bom.
Não é a falta dos outros 400+ pokémon que me incomoda. Na verdade, essa exigência dos fãs é em parte o que gera tanto receio na Game Freak e Nintendo de arriscar com a série.
Todos sabem do sucesso do animê. Em parte, o que eu e outros fãs mais velhos gostariam de ver é um jogo pokémon capaz de surpreender com gráficos e sons de um jogo de console de mesa, além de um senso de aventura diferente, parecido com o do animê.
Em Pokémon Sword e Shield, os diálogos ainda são textuais, os pokémon ainda fazem barulhos esquisitos, ao invés de falarem seus nomes. A estrutura ainda é 100% linear, com os mesmos pontos focais (sim, de novo você encontra a bicicleta). Os métodos evolutivos ainda são totalmente sem noção.
Pokémon é tímido com as mudanças que ele mesmo propõe – o jogo não é inteiro a Wild Area, tampouco é tão frequente nas batalhas de gigantes.
Por outro lado, é inegável que Pokémon Sword tem a fórmula vencedora dos JRPGs.
Com essa estrutura, basta executá-la bem para ter uma experiência empolgante e que vale o seu tempo. É exatamente assim que vejo Sword e Shield.
É simplesmente genial que os ginásios de Sword e Shield sejam iguais a campos de futebol. Pokémon sempre teve esse aspecto esportivo. Você precisa escolher a dedo os pokémon do seu time e prepará-los para vencer cada ginásio, seguir em frente e chegar à final.
Análise Pokémon Sword: afinal, é bom ou ruim?
Para concluir, vou fazer algo diferente no DELFOS, e incluir um comentário do meu amigo Bruno Pedreira, que optou pela versão Shield assim que contei que eu iria fazer o review de Pokémon Sword:
“Pense naquela emoção de criança – ao participar de sua primeira batalha de ginásio, as pessoas gritam enquanto dois pokémon gigantes se enfrentam. Jogo desde o Red/Blue do Game Boy (sim, sou velho). Esse novo tipo de batalha me fez arrepiar. Pela primeira vez em minha vida, minha esposa, ouvindo o som que vinha da TV, me perguntou ‘que jogo é esse!? Futebol? Nossa, é Pokémon! Que legal!’. Fiquei surpreso com essa reação, pois ela se interessou pela série.”
A experiência do meu amigo descreve, perfeitamente, a minha. Eu também tenho contas a pagar, responsabilidades e até cabelos brancos, e ainda assim, não consigo dizer não a esses monstrinhos. E nem a patroa, que também me viu jogar na tela grande.
Assim como Pokémon Go tirou as pessoas do sofá e as colocou para andar pelas cidades, Pokémon Sword e Shield são capazes de entreter e divertir. Então, é exatamente o que você espera. Se não for, talvez valha a pena se perguntar por que nunca você se deu a chance de se tornar um mestre pokémon.
Análise Pokémon Sword: subtítulo bônus. Qual versão escolher?
Sim, Pokémon precisa tirar algumas férias e se reinventar. Mas sabe o eu que não mudaria? As duas versões para você escolher antes de comprar o jogo. Delfonauta, ganho a vida com Marketing. O que você esperava? Acho essa ideia genial!
Pokémon Sword já é a versão mais vendida, provavelmente, porque a criatura lendária é um lobo badass com uma espada na boca. Será que a Game Freak se inspirou no Great Grey Wolf Sif de Dark Souls?
Para decidir, vale analisar quais são os pokémon novos e variantes exclusivas de cada versão. Em Sword, tem um novo tipo de Weezing bizarro, por exemplo. Pela primeira vez, há dois ginásios exclusivos em cada versão. Em Sword, você enfrenta líderes de pedra e dark; Shield tem líderes dos tipo gelo e fantasma. E aí, qual lhe apetece mais?