I Expect You to Die foi uma das minhas primeiras experiências em VR. Assim, ele marcou minha memória positivamente. Apesar de um tanto obtusa, foi divertido e agradável fazer sua campanha. E veja só, cinco anos depois ele ganhou uma continuação. Faz de conta que você não sabe que está lendo nossa análise I Expect You to Die 2? É pro meu SEO!
ANÁLISE I EXPECT YOU TO DIE 2
Poucas vezes a expressão “mais do mesmo” se encaixou tão bem. I Expect You to Die 2 pode ser resumido como “mais fases de I Expect You to Die“. As mecânicas são as mesmas – inclusive coisas que critiquei, como os botões serem espelhados em cada pirulito. Os gráficos são iguais – o que não é um problema, visto que ele já era muito simpático. Basicamente, a única novidade mais digna de nota é a presença do ator Will Wheaton, de Big Bang Theory, que dubla o vilão.
Assim como o anterior, I Expect You to Die 2 é um point and click bem humorado no qual você faz as vezes de um agente secreto. Cada capítulo te coloca preso em um ponto de uma sala, e para cumprir a missão é necessário mexer nas coisas de formas altamente específicas.
Obviamente, quase tudo interagível no cenário está lá por motivos lúdicos. Você pode comer, beber, usar um isqueiro para botar fogo em tudo ou vestir chapéus, óculos, máscaras e até bigodes postiços. Isso é grande parte do prazer da coisa toda, digamos que é um tipo de “humor emergente”. Afinal, um agente secreto em situação de vida ou morte encontrar um bigode postiço e resolver colocar só “porque sim” é muito engraçado.
ANÁLISE I EXPECT YOU TO DIE É OBTUSO
O problema é que I Expect You to Die é extremamente obtuso. Para mim, pelo menos, é impossível completá-lo sem apelar para guias. E você já ficou consultando guias em VR? É bem desconfortável ficar subindo o headset para checar o Youtube. O jogo é muito divertido, mas carece urgentemente de um sistema de dicas interno, que permita pedir ajuda sem precisar sair do jogo em caso de encalhamento.
Além disso, tem horas que mesmo você fazendo o certo, o jogo por algum motivo não reconhece. Exemplo: tem uma hora que você precisa quebrar um vidro. Eu peguei um quebra-gelo e bati no vidro. Nada aconteceu, então tentei de outra forma: com um cigarro explosivo. Isso me matou. Fui olhar o guia e meu primeiro instinto estava certo: era com o quebra-gelo.
Isso é um problema porque o jogo pune impiedosamente. Este é um gameplay que exige que você mexa em tudo, explore tudo. Porém, mexer em algo errado pode te matar (literalmente, tem uma fase em que simplesmente abrir uma gaveta te mata). Ao invés de você poder tentar de novo do mesmo ponto, você volta ao início da fase. E sim, é verdade que cada uma das seis fases pode ser vencida em menos de cinco minutos quando você sabe o que está fazendo. Mas simplesmente não é divertido ficar repetindo uma sequência de ações várias vezes até chegar no ponto onde parou. E daí fazer algo errado e voltar tudo de novo.
EU ESPERO QUE VOCÊ MORRA
Um exemplo disso é uma hora em que falam para você pousar o avião em Lisboa. Daí você precisa selecionar Lisboa em um mapa sem nada escrito. Você só sabe se escolheu certo ao escolher pousar o avião. Então é uma tentativa e erro bem chatinha. Sim, é banal para quem sabe geograficamente onde fica Lisboa. Mas geografia nunca foi meu forte. Perdi um bom tempo em algo que sequer deveria ser um desafio.
Acaba lembrando aquela brincadeira de criança em que você passa uma sequência de ordens e a cada nova ordem, a pessoa deve repetir todas as anteriores, sabe? O jogo poderia ter um troféu ou algum outro incentivo para você fazer cada fase de uma tacada só, mas permitir continuar de onde cometeu um erro ajudaria muito a deixar a exploração mais divertida.
JOGUE SENTADO, MAS SÓ SE TIVER UM SETUP APROPRIADO
O jogo começa dizendo para você jogar sentado. Porém, ele não permite girar com botões. Você precisa fisicamente girar para mexer em coisas que não estiverem na sua frente. Acredito que funciona bem se seu setup de VR for sem fios ou você puder jogar em uma cadeira giratória. Mas meu PS5 é montado para eu jogar em uma poltrona reclinável. Assim, foi muito mais confortável jogar em pé, e ter liberdade de girar à vontade conforme o jogo exigisse.
I Expect You to Die 2 tem uma fórmula vencedora. Um estilo artístico e de gameplay que funciona muito bem em VR. Porém, ele tem grandes e óbvias possibilidades de melhoria (tentar de novo da última decisão errada, dicas internas, etc), e é triste que nada disso tenha sido implantado em uma continuação. Nesse aspecto, há um argumento que pode dizer que ele falha como um novo jogo. Poderia ser simplesmente um DLC.
Porém, a questão é que eu gosto muito do que está aqui, a ponto de me incomodar menos com o que não está. O jogo termina anunciando que haverá mais um I Expect You to Die, e isso me deixou sinceramente feliz. Espero que a Schell Games coloque novos features na parte três da série, mas mesmo se não colocar, eu certamente vou querer jogá-la.