Dificilmente eu me lembro com detalhes do que escrevi em uma análise quando vou falar sobre a continuação. No caso de Hot Wheels Unleashed, só me lembrava do jogo ser maior legal. Às vezes eu releio as resenhas. Às vezes não. A sensação de que Hot Wheels Unleashed 2 era muito pior do que o anterior criou uma senhora pulga de moicano no meu moicano. Reli a dita-cuja. E isso me fez ver que, de fato, tudo que critiquei no jogo anterior ainda está aqui, mas um monte de novos problemas foram acrescentados. Me acompanha nesta dança chamada análise Hot Wheels Unleashed 2?
ANÁLISE HOT WHEELS UNLEASHED 2 – TURBOCHARGED
O charme do jogo anterior, o fato de os carrinhos serem pequenininhos e em cenários reais, se mantém. Mas isso acaba dando aquela sensação de “uma boa piada contada pela segunda vez“. Só isso não segura um novo jogo. Então há novidades. Várias delas.
Em especial, há uma variedade maior de tipos de carros, com estilos diferentes de jogabilidade. Temos monster trucks, quadriciclos, motos. Mas um pouco do lúdico, aquela coisa de ter carrinhos que são casinhas do Snoopy, se perdeu em nome dessa variedade de gameplay.
NOVAS MODALIDADES
O modo história segue a mesma linha: um tabuleiro em que cada casinha é um evento, com uma batalha contra o chefe no fim do caminho. Mas tudo foi bastante aumentado. Se no anterior só tínhamos corridas e time trials, aqui temos um monte de modalidades adicionais.
A mais interessante é uma espécie de time trial, mas mais aberto. Ao invés de você seguir uma pista, tem um mapa largo com checkpoints e deve seguir as setas para passar por todos na ordem. É bacana, e certamente mais interessante do que os time trials tradicionais, que ainda estão aqui. Mas tem mais.
MAIS
Os outros modos não são tão criativos. Há o tradicional eliminação, uma corrida cronometrada na qual sempre que o relógio chega a zero alguns jogadores são eliminados. E há as provas de drift, que são a pior coisa colocada aqui.
Você já conhece este tipo de prova dos Need For Speed da vida. Derrapadas dão pontos, derrapadas longas dão mais pontos ainda, ficar sem bater por bastante tempo aumenta o multiplicador. Para passar dessas partidas, você deve atingir a pontuação mínima.
Ao contrário do anterior, mudar a dificuldade muda também o objetivo (de pontos, tempo, etc). E assim como o anterior, em geral o easy é fácil demais, e o médio é difícil demais. A exceção é justamente o drift, em que eu suava para atingir a pontuação mínima e poder progredir. E o mais chato: não dá para avançar num estilo Super Mario Bros, fazendo outras fases. É comum você ser afunilado num único evento no caminho para o chefe.
BOSS BATTLES
As “corridas chefe” são modalidades únicas, e são diferentes do anterior. Mas elas lembram bastante o estilo dos arcades antigos, como Virtua Racing. Cada chefe tem algumas dezenas de hitpoints, que na prática são checkpoints. Você precisa atingir a quantidade pré-estabelecida para vencê-lo. Entre os checkpoints, a barra de raiva vai subindo. Quando ela enche, você perde. Acertar um checkpoint reseta a raiva. Perder um checkpoint é quase game over, pois dificilmente você vai ter tempo de chegar até o próximo.
Como na imagem acima, estas corridas têm um bichão no início, que seria o chefe, mas isso é apenas decorativo, pois você não o enfrenta diretamente. É só acertar os checkpoints, que são basicamente aros que você deve atravessar, sem deixar a barra de raiva encher. É, sinceramente, bem chatinho, e uma oportunidade perdida para algo que podia ser épico.
HOT WHEELS UNLEASHED: AGAIN
De resto o jogo segue a fórmula do antecessor, inclusive na tunagem de dificuldades. No easy, eu domino. No médio, até consigo vencer, mas só se não errar. Isso porque qualquer errinho, como na imagem acima, faz com que TODOS os carros me passem, me colocando numa posição sem retorno ou esperança, exatamente onde me encontro na vida real.
Como Hot Wheels Unleashed 2 repete tudo do anterior, as armadilhas estão de volta. Então é bem comum que o erro nem seja seu, mas apenas o timing ruim de ter passado pela boca da cobra na hora que ela fechou, ou algo parecido. Hot Wheels Unleashed 2 é um excelente exemplo da importância do rewind em jogos de corrida. Não é divertido perder a corrida inteira por causa de uma armadilha inevitável. Mas o pior é que tem um novo desafio que eu sinceramente não entendo como passou da fase de testes.
COMO ISSO PASSOU DA FASE DE TESTES?
Algumas corridas te colocam para correr de ponta cabeça, o que é legal. Em geral, você volta ao normal passando por uns breguetes que mudam a gravidade, ou por meio looping. Mas em alguns casos, a pista simplesmente acaba, e você cai na pista de baixo, com o carro de ponta cabeça, como na imagem acima. Isso faz com que você saia capotando e, até onde posso perceber, não dá para evitar.
É possível controlar e girar o carro quando ele está no ar, mas em nenhuma pista com isso eu tive tempo de girar 180 graus, cair de pé e continuar dirigindo. É uma falha tão absurda que sinceramente acho que eu que não entendi alguma coisa – e pode ser o caso. Mas eu não consegui nenhuma forma melhor para lidar com isso do que chegar nestes trechos com uma larga vantagem, a ponto de poder esperar parar de capotar e continuar correndo sem perder muita posição.
Assim, Hot Wheels Unleashed 2 até pode divertir, especialmente quem não jogou o anterior. Mas se puder escolher, o original é melhor. Em sua simplicidade, acaba sendo mais lúdico e mais divertido, enquanto praticamente tudo que este acrescentou piorou o pacote como um todo.